Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Reforma administrativa é necessária para tornar a gestão pública mais eficiente, diz presidente da CNI
Robson
Braga de Andrade participou de debate sobre a eficiência e modernização do
Estado com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o relator da proposta da
Comissão Especial, Arthur Maia
O
presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de
Andrade, afirmou que a reforma administrativa é importante, mas que não deve
ser colocada à frente da reforma tributária. Dito isso, Andrade defende que o
foco da reforma administrativa deve ser modernizar e tornar o Estado mais
eficiente. Para o setor industrial, a prestação de serviços públicos de
qualidade deve ser o principal objetivo da reforma.
“Precisamos
de uma gestão pública mais eficiente, que atue em parceria com o setor privado
e ofereça serviços de melhor qualidade aos cidadãos. Ela também é importante
para sinalizar aos investidores estrangeiros que o Brasil está avançando para
criar um ambiente de negócios mais propício ao investimento, à renda e ao
emprego”, afirmou o presidente da CNI durante debate online sobre reforma administrativa realizado em
parceria com o Fórum Estadão Think, nesta terça-feira (3/8).
“Temos um
Congresso reformista e, devemos ir além do que é possível fazer, porque não
vamos ter outra oportunidade tão cedo”, acrescentou.
Também
participaram o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira
(PP-AL); o relator da reforma administrativa na Comissão Especial, deputado
Arthur Maia (DEM-BA); o secretário especial de Desburocratização, Gestão e
Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Andrade; e a head da consultoria Oliver
Wyman no Brasil, a economista Ana Carla Costa. A jornalista Anne Warth conduziu
o debate.
De acordo
com o presidente da CNI, entre os pontos a serem observados na reforma
administrativa está o controle do gasto público. Em 2019, por exemplo, os
gastos com pessoal representaram 21,7% do total das despesas primárias do
governo federal. Segundo o Tesouro Nacional, com base em dados do Fundo
Monetário Internacional (FMI), em 2019, a despesa com pessoal de todos os entes
(União, estados e municípios) foi equivalente a 12,9% do PIB. Assim, o país é o
sétimo que mais gasta com servidores no mundo.
No Brasil,
as despesas obrigatórias são responsáveis por parte significativa dos gastos
públicos e sua participação na despesa total têm crescido, o que reduz a
capacidade de investimento do governo em áreas cruciais como saúde, educação e
segurança.
O grande
problema do crescimento e da rigidez das despesas obrigatórias é que elas
consomem parte cada vez maior do orçamento e acabam comprometendo as despesas
não obrigatórias, nas quais se encontram os investimentos públicos,
fundamentais para o desenvolvimento do país.
“O controle
dessas despesas fará com que sobrem mais recursos para os investimentos
públicos, diretamente relacionados ao crescimento econômico”, explicou Robson
Andrade.
Governo
gasta R$ 8,2 bilhões com 69 mil cargos considerados extintos
O
secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do
Ministério da Economia, Caio Mario Andrade, defendeu a flexibilização da
estabilidade dos servidores públicos, principalmente para corrigir distorções,
que foram criadas nas últimas décadas.
“O
interesse dos lobbies das corporações é legítimo. Olho para o setor produtivo,
para a sociedade civil, para o mercado financeiro e também para o bom servidor
público, mas temos que pensar se algumas coisas fazem sentido”, afirmou o
secretário.
Ele relatou
que, entre 2014 e 2015, o governo contratou afinadores de instrumento digital e
datilógrafos, que devem permanecer na folha de pagamento por mais 53 anos, em
média. No entanto, em 2019, o próprio governo extinguiu esses cargos.
Segundo
Caio Mario de Andrade, o governo gasta anualmente R$ 8,2 bilhões para manter 69
mil servidores ativos em cargos considerados extintos. O valor representa 22% a
mais do que o orçamento anual do Ministério da Infraestrutura, que é de R$ 6,7
bilhões.
O
secretário afirma que o país seria outro se o Estado fosse mais eficiente.
“Será que não vamos dar uma chance de o Brasil ser outro daqui a 20 anos?
Espero que o texto aprovado pelo Congresso contemple a necessidade”, afirma.
Reforma
administrativa vai focar no serviço público e não no servidor, garante
presidente da Câmara
O
presidente da Câmara, Arthur Lira, afirma que a reforma administrativa venceu a
etapa mais difícil, quando aprovou o fim dos altos salários. Segundo ele, o
projeto não vai atacar qualquer direito adquirido, mas estará focado nos novos
serviços públicos, para tornar o Estado mais ágil e com regras diferentes. No
entanto, o presidente da Câmara defende que a reforma fique concentrada apenas
nos servidores do Executivo e do Legislativo e não alcance o Judiciário. “Temos
o limite constitucional e o Judiciário não encaminhou o projeto deles. Vamos
fazer reforma possível para desenhar um estado mais leve sem atacar nenhum
direito adquirido”, afirmou.
O relator
da proposta, deputado Arthur Maia, tem outro entendimento. “Eu tenho uma
divergência com o que pensa o presidente Arthur Lira sobre não incluir o
Judiciário na reforma. Hoje, na minha lógica, o Judiciário estaria incluído. Se
depender de mim, todo mundo vai entrar na reforma”, afirma. Ele diz que é
necessário avançar no projeto para prestar um serviço de melhor qualidade e não
ficar só no discurso.
“Nos
próximos 10 anos, com maior inserção da inteligência artificial, teremos uma
transformação no serviço público maior do que o que ocorreu nos últimos 500
anos. Vamos avançar para que a avaliação de desempenho dos serviços públicos
incorpore essa inteligência artificial e tenha avaliação próprios usuários dos
serviços. Também temos que pensar em gestão de desempenho, para que cada órgão
tenha uma estratégia de forma continuada”, explica Arthur Maia.
O deputado
também defendeu a necessidade de manter exceções e a estabilidades para
carreiras exclusivas de Estado, como, por exemplo, policial, juiz, promotor e
diplomata. “Essas pessoas precisam ter condições diferentes. Esses cargos
exclusivos de estado, precisam ter estabilidade”, diz.
Reforma
administrativa deve alcançar os servidores atuais, afirma economista
Chefe da
consultoria Oliver Wyman no Brasil e sócia nas práticas de
Finanças & Risco e Políticas Públicas, a economista Ana Carla Costa diz
que as novas regras para os serviços públicos deveriam alcançar os atuais
servidores, principalmente porque não vão afetar os direitos adquiridos. Parte
do processo, diz, é a mudança cultural dentro do serviço público e diferenciar
o bom do mal serviços.
“Isso gera
um incentivo positivo. O mal avaliado vai ser objeto de treinamento, mudança de
posição. A avaliação de desempenho, incluída na reforma de 1998, só depende do
projeto de lei para ser regulamentada. Não faz sentido incluir só os novos
servidores. A reforma não vai mexer com direitos adquiridos, mas deve atuar em
privilégios adquiridos, que não encontram justificativa para o momento atual do
país, como férias de 60 dias, por isso é importante levar o Judiciário, as
promoções automáticas que são injustas, os retroativos sistemáticos que majoram
o salário... E não há na Constituição, a vedação para a demissão no setor
público”, explica.
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