Estoque de produtos industriais volta ao patamar planejado pelas empresas depois de seis meses, revela CNI
Live debate posicionamento do Brasil na produção sustentável
Com transmissão pelo canal da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no YouTube, a live “Fórum Brasil Pró-Clima” realizada pela entidade em parceria com a Band News e Terra Viva, nesta terça-feira, 24, contou com a participação do presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (FIERO) e do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Marcelo Thomé, da ministra da Agricultura, Tereza Cristina; do presidente da CropLife Brasil, Christian Lohbauer e do embaixador Orlando Leite Ribeiro. O debate teve como mediador o jornalista Marcelo D’Angelo.
Marcelo Thomé disse que o tema da questão climática é pertinente e de relevância inconteste, pois interessa de perto ao Brasil e a todo o planeta. A Agenda do Clima significa uma excelente oportunidade para o país, principalmente porque o Brasil é líder mundial na participação e renovação da matriz energética, com forte presença dos biocombustíveis, além disso, possuímos enorme potencial do uso sustentável das nossas florestas.
De acordo com o presidente da FIERO, o setor industrial já assumiu esta responsabilidade com a Agenda Ambiental. “Temos trabalhado para nos tornar referência no uso eficiente dos recursos naturais e no aproveitamento das oportunidades associadas a economia de baixo carbono. A sustentabilidade está no DNA da indústria, que busca eficiência e economia de recursos para se tornar mais competitiva e atender as exigências do mercado internacional, o mundo cobra do Brasil responsabilidade ambiental e o setor produtivo tem interesse em se manter aliado com os acordos”, comentou.
No ponto de vista do líder empresarial, é preciso desfazer a falsa dicotomia entre preservação e desenvolvimento. Na medida em que se tem o setor produtivo e as empresas como parceiros desenvolvendo atividades econômicas, o privado passar a ser responsável pela preservação e se adiciona a agenda do governo federal de comando e controle à participação da classe empresarial.
Conforme Marcelo Thomé, a CNI identificou quatro eixos para uma economia de baixo carbono – transição energética, precificação de carbono, economia circular e reconservação de florestas, que são temas que dialogam com o bioma amazônico e ainda todo o processo deflagrado a partir de 2020 com o Fórum Internacional Amazônia+21, uma série de diálogos sobre o desenvolvimento sustentável da Amazônia identificando novos caminhos.
“É importante o debate de temas pertinentes e oportunos que vão muito além do reposicionamento e da consciência do setor privado em torno da agenda ambiental. Pois, coletivamente encontremos outros caminhos que passam pela regularização fundiária, talvez uma das ações mais efetivas no combate ao desmatamento e há uma forte mobilização do governo federal em parceria com os estados, para coibir o ilícito e sou testemunha disso, pois vejo isso ocorrer na região”.
Ele também citou a existência de dois tipos de ilícitos. Tem o colono que desmata um hectare para fazer uma roça de mandioca e tem ainda um camarada com um conjunto de equipamentos, que somam milhões de reais. Ou seja, são dois níveis de ilícito e de desmatamento e é preciso ter olhares diferentes.
Na esteira da percepção das oportunidades econômicas, oportunizado pelo bioma amazônico, a CNI em cooperação e alinhada com todas as federações de indústria da Amazônia Legal, propôs a criação do Instituto Amazônia +21, com um olhar do desenvolvimento econômico e sustentável na promoção de negócios inovadores e de alto impacto para a região. Então, o setor produtivo deve participar e esta é a resposta que podemos dar. O Instituto em parceria com os governos federal, estadual, municipal e o setor produtivo trabalhando pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.
“Hoje”, contou Thomé, “no entorno de Porto Velho, capital de Rondônia, por exemplo, experimentamos um avanço extraordinário da fronteira agrícola na recuperação de áreas degradadas, cuja vegetação foi suprimida nas décadas de 60 e 70 e estas terras até então eram vistas como improdutivas e baratas. Apenas com a acidez do solo e o uso do calcário, o nível de produtividade alcançado é o mesmo das regiões mais produtivas do Mato Grosso. Este agricultor ganha em produtividade, pois está a 20 quilômetros do porto da nossa capital”.
Thomé complementou ressaltando que ao assumir a FIERO, há seis anos, eram transportados pela hidrovia do Madeira cerca de três milhões de toneladas de cargas. Hoje são 17 milhões. A cadeia produtiva da carne em Rondônia, que em 2000 gerou 3,5 milhões de dólares de divisas para o estado, ano passado chegou a 670 milhões de dólares. Esta é a pujança do agronegócio brasileiro com apoio da indústria no desenvolvimento de tecnologia e inovação.
No encerramento, Thomé lembrou que projetos para o desenvolvimento da Amazônia não podem ser para daqui a 20, 30 ou 50 anos, precisam ser efetivados hoje. “A região tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, a menor renda, atraso secular de infraestrutura, que precisa ser enfrentado. Então, a Amazônia tem pressa”.
A ministra Tereza Cristina lamentou quão pouco se sabe da agropecuária fora do Brasil e que para ela o lançamento do Projeto Brasil Pró Clima é fundamental para mostrar a verdadeira agropecuária para o mundo. Para Christian Lohbauer, que esteve à frente da pesquisa para o atlas Sustentável do Agronegócio Brasileiro, a CropLife está envolvida nesta temática voltada ao meio ambiente, insumos e mudanças climáticas. “Trouxemos informações para o público estrangeiro reunindo informações sobre o uso da terra, segurança alimentar, desenvolvimento de tecnologia para mostrar a trajetória sustentável do agronegócio para o mundo. O Brasil é a Arábia Saudita da biotecnologia e da biodiversidade. O que tem sido feito é extraordinário para desenvolver o pais, trazer prosperidade”, exultou.
Já o embaixador Orlando Leite Ribeiro ressaltou o papel da agroindústria, da agenda climática e que o debate da temática do desenvolvimento sustentável deve ser efetivo. Para ele, a promoção do produto brasileiro no exterior e é um trabalho de longo prazo e que vai demorar para dar frutos.
Mais notícias
Alta dos juros e desvalorização do real derrubam Índice de Confiança do Empresário Industrial de dezembro, mostra CNI
Aumentar Selic é insistir no erro, avalia CNI
PEC sobre operações de crédito no exterior pode inviabilizar financiamentos à exportação, avalia CNI