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Cortes paralisam principais modalidades de financiamento às exportações
O redesenho do sistema de crédito oficial à exportação brasileiro é fundamental para assegurar previsibilidade de recursos para o Seguro de Crédito à Exportação e o Proex Equalização, avalia CNI
A redução dos recursos de duas das principais modalidades de apoio às exportações brasileiras tem paralisado o sistema de crédito oficial à exportação nacional. As operações do Proex Equalização estão suspensas, assim como novos pedidos do Seguro de Crédito à Exportação (SCE). Além da recomposição de ambos programas, a retomada da reforma do sistema que se encontra parada torna-se ainda mais relevante para fomentar o comércio exterior, de acordo com o documento “Análise de Política Comercial: Mudanças no Orçamento Geral da União reduz financiamento à exportação”, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Um dos principais programas de apoio às exportações de bens
e serviços de alto valor agregado, o Proex Equalização foi suspenso em
fevereiro devido ao corte pelo Executivo de parte de seu orçamento de 2022 — R$
500 milhões de R$1,36 bilhão — direcionados para o pagamento de operações
contratadas do Plano Safra. Como os outros R$ 800 milhões são referentes a
operações já contratadas, o programa está paralisado. Operado pelo Banco do
Brasil, o Proex assume parte dos juros das operações de financiamento à exportação
para torná-los compatíveis com as taxas cobradas internacionalmente. Dessa
forma, ele viabiliza que empresas brasileiras concorram em pé de igualdade com
suas competidoras internacionais.
O orçamento do Fundo de Garantia às Exportações (FGE), por
sua vez, teve um corte R$ 613 milhões. O valor previsto no Projeto de Lei
Orçamentária Anual (PLOA) de R$1,72 bilhão foi reduzido para R$1,1 bilhão na
Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, uma diminuição de 35,6%.
O Fundo de Garantia à Exportação (FGE) é um fundo contábil
com recursos públicos que lastreiam o Seguro de Crédito à Exportação. Isso
significa que o fundo precisa ser provido anualmente por recursos orçamentários
para o pagamento de operações já sinistradas, possíveis sinistros, além de um
valor adicional para defaults inesperados.
O FGE é especialmente importante para indústrias de alto
valor agregado e de cadeia longa com operações de financiamento de médio e
longo prazo. É o caso de setores como aeronáutica, defesa e de máquinas e
equipamentos.
O montante no orçamento disponível para o FGE este ano está
abaixo do R$ 1,45 bilhão previsto pelo Ministério da Economia para pagar
indenizações decorrentes de sinistros, de modo que não há como assegurar os
pagamentos a partir de setembro. Como consequência da situação orçamentária
também estão suspensas às concessões de novos pedidos no âmbito do SCE que
tenham possibilidade de impacto orçamentário em 2022, o que deverá reduzir
exportações brasileiras de alto valor agregado.
Tanto o Proex Equalização quanto o FGE são fundamentais
para fomentar a competitividade das empresas exportadoras. Dados da CNI mostram
que, de modo geral, empresas apoiadas por instrumentos públicos de crédito à
exportação vendem 15% a mais no exterior, ampliam os países de destino em até
70%. Cada R$ 1 bilhão exportado pela indústria brasileira mobiliza 36 mil
empregos.
Além da necessidade de recomposição de ambos os programas
no curto prazo, a CNI reforça a necessidade de uma reforma do sistema de
crédito oficial à exportação a partir de outros recursos que não dependam do
ciclo orçamentário da União, a fim de garantir a previsibilidade. “Diante do
cenário atual fica ainda mais evidente que o aumento das exportações
industriais depende da priorização da política de financiamento às exportações.
Infelizmente no Brasil essa área vem perdendo relevância de maneira acentuada
ao longo dos últimos anos. Só uma reforma ampla que fortaleça o sistema de
apoio oficial poderá trazer mais competitividade, exportações e empregos”,
afirma a gerente de comércio exterior da CNI, Constanza Negri.
Negri também destaca que essa política é amplamente
praticada no mundo e vem ganhando cada vez mais importância. De acordo com a
Organização Mundial do Comércio (OMC), entre 80% e 90% do comércio exterior
conta com algum instrumento de apoio de financiamento.
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