Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
10 propostas da indústria para governo eleito ampliar a integração internacional do Brasil
A indústria de transformação apresenta diminuição contínua nas exportações brasileiras desde 2017. Solução passa por medidas que assegurem o comércio justo
O Brasil
vem perdendo participação nas exportações mundiais da indústria de
transformação. A perda de competitividade da indústria brasileira reflete-se
nas exportações: em 2010, o Brasil tinha 1,05% de participação nas exportações
mundiais da indústria de transformação, e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que esta
presença tenha caído para 0,78% em 2020, o que representa o pior desempenho já
apurado desde o início da série, em 1990.
Além disso,
perderam espaço na pauta exportadora do Brasil produtos de média e alta
intensidade tecnológica – desde 2010, a participação dessas categorias em
relação ao total exportado caiu 8,9 pontos percentuais (p.p.), chegando a 14,2%
em 2021, a menor na última década. Os estudos foram entregues aos candidatos à
Presidência da República em um pacote de propostas da indústria para os
próximos anos.
Em 1997, a
indústria de transformação representava 81% do valor das vendas externas,
parcela que caiu para 51%, em 2021. O desempenho da indústria preocupa porque é
o setor de maior difusão tecnológica, impacto em cadeias produtivas,
arrecadação e produção de riqueza para o país. Cada R$ 1 produzido na indústria
gera R$ 2,43 na economia. Além disso, a indústria brasileira responde por 68%
do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento.
“A integração do Brasil ao mundo é fundamental para garantir a
retomada do crescimento econômico e estimular o desenvolvimento tecnológico e a
produtividade da indústria nacional no pós-pandemia. Países e empresas
inseridos nas cadeias globais e regionais são mais inovadores, produzem com
maior eficiência, criam empregos de melhor qualidade e produzem mais riquezas
para toda a sociedade”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Os estudos
integram as Propostas da
Indústria para as Eleições 2022, que a CNI entregou aos
pré-candidatos à Presidência da República. As análises relacionadas às
propostas abaixo estão nos documentos Integração internacional: abertura com competitividade e Exportações: um mundo pela frente.
1. Revitalizar a agenda econômica e comercial do Mercosul
Entre as
medidas, a CNI defende a eliminação de medidas restritivas e barreiras nos
fluxos de comércio do bloco; o aprofundamento do acordo de serviços, alinhando
as regras no bloco aos compromissos assumidos no Acordo Mercosul-União
Europeia; a internalização do Protocolo de Contratações Públicas do Mercosul e
do Acordo de Facilitação de Comércio do Mercosul, que tramitam no Congresso
Nacional.
2. Celebrar,
ampliar e/ou internalizar os acordos com mercados estratégicos para o país
A CNI
defende que uma expansão da presença brasileira no comércio internacional passe
pela internalização dos acordos concluídos com UE e Associação Europeia de
Livre-Comércio (EFTA, na sigla em inglês) e pela ampliação dos acordos
comerciais na América Latina, como a conclusão das negociações de um acordo de
livre comércio entre Brasil e México e o lançamento de negociações de livre
comércio com países da América Central e Caribe.
Nas
negociações comerciais extrarregionais, a CNI também defende a retomada das
rodadas negociadoras do acordo comercial entre Mercosul e Canadá, o lançamento
das negociações para um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e o Reino
Unido, o início de diálogo exploratório com países do norte da África, como
Argélia, Marrocos, Nigéria e Tunísia, com vistas a acordos de livre comércio; e
o aprofundamento dos acordos comerciais do Mercosul com Egito e União Aduaneira
da África Austral (SACU, na sigla em inglês).
3. Ampliar
e aperfeiçoar a rede de acordos para evitar a dupla tributação (ADTs), seguindo
o Modelo de Convenção da OCDE
Defender a
negociação de novos ADTs, de forma prioritária, com Alemanha, Austrália,
Colômbia, Estados Unidos, Paraguai e Reino Unido; defender a revisão de ADTs
com África do Sul, Chile, China, França, Índia, Japão, Luxemburgo, México,
Países Baixos, Peru e Turquia, para reduzir a carga tributária incidente sobre
operações de royalties, juros, dividendos e ganhos de capital, prioritariamente
nos moldes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE);
defender mudanças na postura negociadora de ADTs pelo Brasil, eliminando a
tributação na fonte de serviços que não envolvam a transferência de tecnologia.
4. Fortalecimento
do financiamento às exportações
As
exportações competitivas requerem mecanismos de crédito oficial à operação, que
auxiliem as empresas a lidar com a incerteza cambial, o risco político e o
apoio financeiro de governos estrangeiros às exportações de suas próprias
empresas.
A CNI
defende a reforma do sistema de financiamento e de garantias às exportações com
prioridade ao aperfeiçoamento de sua governança, implementação de operador do
Seguro de Crédito à Exportação (SCE) e restruturação do funding e ampliação das
fontes de custeio no financiamento e equalização à exportação.
5. Concluir
a implantação do Portal Único de Comércio Exterior e promover a total
integração dos órgãos anuentes e intervenientes
De acordo
com estimativa da CNI, a conclusão da implementação do Portal Único, poderia
resultar em ganho acumulado de PIB na ordem de US$ 124 bilhões e de US$ 92
bilhões na corrente de comércio brasileira até 2040.
6. Simplificar
e reduzir as tarifas portuárias e eliminar cobranças portuárias abusivas
Práticas e
custos abusivos no transporte internacional de cargas impactam diretamente os
preços e a competitividade dos produtos exportados pelo Brasil.
7. Fortalecer
o combate brasileiro às práticas de dumping e aos subsídios industriais em
terceiros mercados
Para
extrair os melhores benefícios de uma integração internacional, o Brasil
precisa se resguardar de práticas desleais de dumping e subsídios, que violam
regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Essa é a forma como todas as
principais economias atuam, equilibrando os pesos e contrapesos da
liberalização econômica ao uso adequado dos instrumentos de defesa comercial.
A CNI
defende o aprimoramento do sistema de avaliação de interesse público, para que
se torne excepcional e equilibrado, e a atualização dos instrumentos de
salvaguardas globais e bilaterais, por meio da publicação de um novo Decreto de
Salvaguardas, de modo a facilitar o uso do instrumento e torná-lo mais eficaz.
8. Aprimorar
a lei brasileira de expatriação de mão de obra, por meio da aprovação do
Projeto de Lei 3.801/2019
O Brasil é
a única grande economia que aplica a chamada extraterritorialidade em sua
legislação de expatriação de mão de obra, impondo em outros territórios suas
normas sobre esse tema. Essa prática causa insegurança e dupla tributação de
encargos previdenciários, por isso é necessário aprimorar a lei brasileira
atual. A CNI defende o aprimoramento da lei brasileira de expatriação de mão de
obra, por meio da aprovação do PL 3.801/2019.
9. Conceber
e implementar uma estratégia nacional para a superação de barreira
Para
eliminar barreiras e reduzir o custo do produto brasileiro no exterior,
aumentando o acesso do Brasil aos mercados internacionais, o setor industrial
propõe que seja criado um comitê de barreiras comerciais e aos investimentos na
Camex e publicado um relatório anual das principais barreiras identificadas e
das medidas tomadas para superá-las.
10. Criar
um programa de “marca-país”
O Brasil precisa melhorar
sua reputação internacional e se posicionar internacionalmente por meio do
fortalecimento e da consolidação de uma “marca-país” de uso comum pelo governo
federal e o setor privado.
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