Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
CNI prevê crescimento do PIB brasileiro de 1,6 por cento em 2023
Para elevar
o ritmo de crescimento e mantê-lo de forma sustentada são necessárias medidas
urgentes, que incluem reforma tributária e política industrial. O PIB da
indústria subirá 0,8% no próximo ano
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê expansão do
Produto Interno Bruto (PIB) de 1,6% em 2023, sobre crescimento de 3,1% previsto
para 2022. A redução do ritmo de crescimento da economia deve ser provocada,
principalmente, pelas altas taxas de juros, mas também pela inflação elevada e menor
crescimento mundial. Os dados fazem parte do documento Economia
Brasileira 2022-2023, divulgado nesta terça-feira, 6 de
dezembro.
Na
indústria, a previsão é de alta de 0,8% do PIB em 2023, um desempenho menor do
que a expansão de 1,8% prevista para este ano. A indústria de transformação vai
crescer 0,3%, com expectativa de desempenhos setoriais diferentes: os
produtores de bens mais sensíveis à renda com desempenho mais favorável do que
as indústrias com produtos mais sensíveis ao crédito, que terão mais
dificuldades em função dos juros elevados.
Para criar
as bases de um crescimento sustentável, o presidente da CNI, Robson Braga de
Andrade, avalia que a prioridade para 2023 precisa ser a reforma tributária
sobre o consumo. A PEC 110, que tramita no Congresso, contempla as principais
demandas do setor produtivo, como eliminação da cumulatividade e imediata
recuperação dos créditos tributários devidos e não-pagos, além de corrigir
distorções do sistema tributário atual, que levam à perda de competitividade da
indústria e de eficiência da economia.
“O Brasil
também está muito atrasado na adoção de uma política industrial moderna. Todas
as nações desenvolvidas, e mesmo algumas que estão em estágio similar ao nosso,
têm atuado para fortalecer ao máximo suas indústrias, sobretudo porque vivemos
atualmente em um cenário de acirrada rivalidade entre os estados nacionais,
barreiras comerciais e remodelação das cadeias globais de valor”, explica
Robson Braga de Andrade.
O que
sustentará o crescimento de 1,6% do PIB em 2023?
O
gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, avalia que o
crescimento de 1,6% esperado para 2023 será resultado de três fatores
positivos: resultado do crescimento do setor de serviços de 2022 ainda
influenciará 2023; continuidade da expansão do número de pessoas com trabalho e
da massa salarial real; e aumento das despesas do setor público. “Também contribui
para o crescimento de 2023 a expectativa de forte crescimento dos gastos do
governo. A CNI estima que as despesas primárias do governo federal tenham
crescimento real de 10% em 2023”, explica o economista.
Política
industrial de correntes brasileiros preveem investimentos de US$ 5 trilhões
Levantamento
da CNI mostra que Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, China, Alemanha e
demais países da União Europeia preveem investimentos de US$ 5 trilhões, nos
próximos anos, em políticas de apoio às suas respectivas indústrias, com vistas
a alcançar objetivos estratégicos, como a digitalização e a descarbonização da
economia.
“Defendemos
que o novo governo coloque como uma de suas prioridades a adoção de uma
política industrial alinhada às melhores práticas internacionais, que tenha
como objetivos o aumento da produtividade e a inserção das empresas brasileiras
na economia global. As iniciativas devem prever ações que fortaleçam a
indústria e ajudem o país a aproveitar as oportunidades abertas pela revolução
tecnológica e pela transição para a economia de baixo carbono”, afirma o
presidente da CNI.
O
presidente da CNI destaca que as propostas da indústria, que fazem parte do Plano para a Retomada da Indústria,
entregue ao futuro governo, não se baseiam na criação de incentivos nem na
redução de tributos, mas na adoção de medidas que garantam às indústrias
nacionais igualdade de condições frente à acirrada competição do mercado
internacional, com a redução do Custo Brasil e com políticas de apoio à
indústria nacional similares às implementadas pelos nossos concorrentes.
“A premissa
básica é a seguinte: não existe país forte e desenvolvido sem uma indústria
competitiva e integrada ao mercado global”, reforça Robson Andrade.
Indústria
da construção registra segundo ano de forte crescimento
A evolução
do PIB da indústria em 2022 foi impulsionada pela indústria da construção. Esse
segmento, foi beneficiado pelas taxas de juros vigentes em 2020 e 2021, que
deixaram muitos projetos em andamento para 2022, e da ampliação do programa
Casa Verde e Amarela. A CNI projeta que a indústria da construção encerrará
2022 com crescimento de 7%.
A CNI
projeta que o PIB de serviços encerre 2022 com crescimento de 3,9%
O setor de
Serviços avançou de forma consistente ao longo de 2022, devido a maior
circulação de pessoas, da recuperação do poder de compra da população e do
processo de digitalização dos serviços. E foi o principal responsável pelo
crescimento econômico em 2022. Todas as categorias de serviços superaram o patamar
em que se encontravam antes da pandemia, exceto os serviços prestados às
famílias. Para este ano, a CNI projeta que o PIB de serviços cresça 3,9%.
Política
fiscal: aumento das despesas deve piorar quadro fiscal em 2023
Aumento da
arrecadação em 2022, influenciado pelo crescimento da atividade econômica, pela
recuperação do mercado de trabalho e pelas arrecadações atípicas relacionadas à
exploração de recursos naturais e privatizações favoreceram o quadro fiscal da
economia brasileira. Nesse cenário, o governo federal deve encerrar 2022 com
superávit primário de R$ 75,1 bilhões (0,9% do PIB projetado pela CNI), o
primeiro superávit desde 2013.
O cenário
fiscal de 2023, contudo, será diferente. A PEC da Transição possibilita a
expansão adicional de até R$ 200 bilhões nas despesas primárias do governo
federal em 2023, fora do teto de gastos. A expansão dos gastos pode gerar
efeitos positivos sobre o crescimento do PIB em um primeiro momento, mas pode
trazer consequências negativas para a economia brasileira, com aumento de
inflação, desvalorização do câmbio e aumento dos juros.
Taxa de
juros básica deve permanecer elevada e terminar 2023 em 11,75% ao ano
Na projeção
da CNI, dado o quadro fiscal de 2023, a expectativa é que o Banco Central do
Brasil manterá a Selic em 13,75% a.a. até meados de setembro de 2023, quando
deve iniciar o ciclo de cortes da Selic – tendo em vista a provável
convergência das expectativas de inflação em 2024 e 2025 para suas respectivas
metas –, de modo que a Selic encerre 2023 em 11,75% ao ano.
Juros altos
em um cenário de endividamento elevado vai reduzir concessão de crédito
Para 2023,
as concessões de crédito às empresas devem apresentar menor crescimento, em
razão, principalmente, da taxa de juros em patamar elevado, que encarece o
crédito, e da desaceleração da atividade econômica, que tende a reduzir a
demanda pelo crédito.
Para os
consumidores, três fatores devem contribuir para uma desaceleração ainda mais
forte no crédito: a taxa de inadimplência, alto nível de comprometimento de
renda e endividamento e o menor ritmo de crescimento da massa de rendimento
real.
Estima-se
que a inflação seja de 5,7% em 2022, acima da meta de inflação de 3,5% para o
ano, e de 2023 em 5,4%, também acima da meta de inflação de 3,25% para o ano.
Emprego e
Renda: melhoria do mercado de trabalho deve ser menor em 2023
O mercado
de trabalho deverá apresentar resultados menos positivos em 2023 quando
comparado à sua trajetória em 2022. A expectativa da CNI é de que o número de
pessoas ocupadas tenha crescimento de 3,1% ao final de 2023, em relação a este
ano. Esse será a principal razão para o crescimento esperado de 3,7% para a
massa de rendimento real em 2023.
Assim, a
taxa de desemprego deverá apresentar relativa estabilidade em 2023. A
expectativa da CNI é de uma taxa de desemprego média de 8,9%, e uma taxa de
desemprego para o quarto trimestre – final do período – de 8,6% em 2023.
Setor
Externo: queda das exportações e das importações no próximo ano
As
previsões não são positivas para o comércio exterior brasileiro em 2023, com
quedas de 1,8% nos valores das exportações e de 2,2% nas importações. Espera-se
que haja manutenção dos preços de combustíveis e alimentos em patamares
elevados, embora menores do que em 2022. Calcula-se que o saldo da balança
comercial seria de US$ 55,9 bilhões, mesmo valor projetado para o final de
2022.
Esse saldo
é insuficiente para cobrir o déficit nas balanças de serviços e de rendas
projetados para 2023, o que implica saldo negativo na conta de transações
correntes de US$ 28 bilhões. O déficit de 1,7% do PIB em 2023, déficit 0,1
ponto percentual superior a 2022.
Dólar deve
encerrar 2023 em R$ 5,45
Na projeção da CNI para o
comércio exterior em 2023, a taxa de câmbio encerrará o ano em R$ 5,45 por
dólar, com média anual de R$ 5,33 por dólar. O principal fator que deve
influenciar a taxa de câmbio no campo doméstico em 2023 é a situação fiscal.
Além disso, as discussões sobre alterações de regras fiscais, que podem ocorrer
no próximo ano, tendem a levar a expectativa de um aumento do risco brasil e
uma maior volatilidade cambial até o primeiro trimestre do próximo ano. Na
comparação com a taxa de câmbio R$/US$ média de 2022 projetada pela CNI,
trata-se de uma desvalorização de 7,4% em razão do cenário de maior risco
fiscal e de sustentada demanda por dólar.
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