Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Juros altos seguem como freio de mão da economia brasileira em 2023, avalia CNI
Desempenho da indústria ficará próximo da estabilidade neste ano, pressionado pela queda da confiança, demanda enfraquecida e dificuldades com crédito
A economia
brasileira terá uma expansão de 1,2% em 2023, após alta de 2,9% no ano passado.
E a indústria vai crescer apenas 0,1%, ante alta de 1,6% em 2022. As previsões
fazem parte do Informe
Conjuntural – 1º Trimestre de 2023, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta
quarta-feira, 12.
O
presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, explica que “as taxas de juros
elevadas vão continuar inibindo a atividade econômica, e por consequência a
industrial, ao longo do ano”. Mesmo com a expectativa dos primeiros cortes
começarem em agosto, a Selic será mantida em patamar elevado, com efeitos
negativos sobre o crédito, os investimentos, o consumo e o comércio. A previsão
da CNI é de que o Brasil encerre o ano com inflação em 6% e Selic 11,75%.
A economia
brasileira sofre as consequências da falta de planejamento de longo prazo e da
ausência de política industrial nos últimos trinta anos. “O Brasil não tem
política industrial e, a indústria tem perdido fôlego sufocada por uma série de
disfunções, principalmente no sistema tributário. Quando a
indústria vai mal, o Brasil perde, porque é a indústria que paga os melhores
salários, desenvolve tecnologia e inovação”, afirma Robson Andrade.
A expansão
de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será financiada em grande
parte pelo consumo das famílias, como ocorreu nos anos anteriores. Os dados
apontam para o aumento da massa salarial ao longo do primeiro semestre, mas com
expectativa de desaceleração do avanço do emprego. A perda de tração na
atividade econômica neste ano também ocorre pela queda do ritmo de crescimento
do setor de serviços.
PIB
industrial terá expansão de 0,1% em 2023
A indústria
ficará estagnada em 2023, com um crescimento pífio de 0,1%. A queda da
confiança colocou os investimentos e as contratações em compasso de espera.
Além disso, um dos principais problemas que preocupa o empresário industrial é
o enfraquecimento da demanda, provado pelos juros altos, elevado grau de
inadimplência e de endividamento das famílias.
O gerente
de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explica que a queda na demanda já
é percebida na queda do faturamento da indústria. “Observamos a redução da
demanda, não apenas do consumidor final, mas entre empresas, como menor consumo
de insumos industriais e bens de capital, por exemplo”, explica o economista.
>> Confira
aqui entrevista com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, sobre
o informe.
A indústria
foi o segundo principal responsável pelo crescimento econômico em 2022. Neste
ano, os dados mensais da produção física industrial, que contemplam a indústria
de transformação e a extrativa, apontam que o desempenho fraco da atividade
industrial deve se manter ao longo de 2023.
Concessões
de crédito devem retrair em termos reais em 2023
As
concessões de crédito vão desacelerar de forma significativa em 2023. Para as
empresas, o crescimento acumulado entre março de 2022 e fevereiro de 2023 foi
de 7,9% em termos reais, abaixo do crescimento acumulado dos 10,8% no mesmo
período anterior.
Até o fim
de 2023, o ritmo de crescimento deve diminuir fortemente e, em termos reais,
deve haver retração de 1,9% das concessões de crédito. De acordo com o
economista da CNI Marcelo Azevedo alguns fatores devem contribuir para que as
concessões de crédito às empresas continuem desacelerando em 2023.
“Menor
demanda por crédito, por causa do menor ritmo de crescimento da atividade
econômica; taxa de inadimplência alta; aumento de provisões dos bancos e
restrição no critério de concessão de crédito, inclusive em razão de eventos
adversos de grandes empresas varejistas; e Selic ainda elevada, encarecendo o
custo do crédito”, explica Azevedo.
Setor de
serviços será penalizado pelos juros elevados, alta inadimplência e
endividamento
A previsão
de crescimento do PIB do setor de serviços é de 0,9% em 2023, incluindo o
comércio. Ocorre que parte dos avanços ocorridos em 2022 recompuseram perdas sofridas
durante a pandemia e, apesar de serem esperadas variações positivas em 2023,
elas não devem acontecer na mesma intensidade de 2022.
Para 2023,
é esperada continuidade do avanço dos serviços prestados às famílias,
acompanhando a recuperação do mercado de trabalho, em particular do rendimento.
Mas os serviços de transporte e de informação e comunicação não devem contar
com novos impulsos.
No
comércio, o alto grau de inadimplência e de endividamento das famílias e os
efeitos restritivos da política monetária também são grandes desafios,
dificilmente superados em 2023. Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI,
as previsões são de retração do volume de vendas, alinhado ao enfraquecimento
da demanda.
PIB da
agropecuária deve crescer 11,6% em 2023
Agropecuária
terá uma contribuição positiva para o crescimento do PIB. Para 2023, a previsão
é de um crescimento de 11,6%, influenciado pela forte expansão da produção
vegetal e pela normalização do forte avanço de custos de 2022.
Massa de
rendimento deve crescer e sustentar o consumo das famílias
A massa de
rendimento real deverá manter o elevado patamar ao longo de 2023, mas sem os
fortes impulsos que caracterizaram 2022, como a recuperação das ocupações no
pós-pandemia e forte queda da inflação para o rendimento. A previsão para o fim
de 2023 é de uma massa de rendimento real apresente crescimento de 6,7% em
relação 2022, sustentando o consumo das famílias.
“O elevado
percentual de crescimento projetado para 2023 é consequência do baixo nível da
massa de rendimento real no primeiro semestre de 2022, afetando a comparação
com os valores esperados para 2023 que carregam os efeitos da forte recuperação
observada no segundo semestre de 2022”, explica Azevedo.
Contas do
setor público devem voltar ao campo negativo em 2023
O setor
público consolidado – que engloba governos federal e regionais (estados e
municípios) e suas estatais – deve voltar a ser deficitário em 2023, após
apresentar superávits primários em 2021 e 2022. A piora fiscal é esperada tanto
na esfera federal como na regional.
No lado das
receitas do governo federal, o ano de 2023, diferentemente de 2022, não será
marcado por arrecadações atípicas relacionadas a exploração de recursos
naturais e privatizações. Adicionalmente, a desaceleração esperada na atividade
econômica nos próximos meses também constitui risco para a dinâmica da
arrecadação federal, que deve apresentar queda real em 2023.
O aumento das despesas e a
queda das receitas devem levar o governo federal a registrar déficit primário
de 1,0% do PIB, em 2023, contra superávit de 0,6% do PIB, em 2022.
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