Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
CNI entrega ao governo proposta de política industrial
Setor produtivo estruturou roteiro de programas e ações para descarbonização da economia, transformação digital, saúde e segurança sanitária e defesa e segurança nacional
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou ao
governo o Plano de Retomada da Indústria com 60 propostas, que
estão praticamente prontas para serem tiradas do papel, e quatro missões
focadas no desenvolvimento do País de forma transversal. As missões focam na
cadeia produtiva para a descarbonização da economia, transformação digital,
saúde e segurança sanitária e defesa e segurança nacional e foram incorporadas
no plano de trabalho do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial nesta semana.
“A ausência
de uma política industrial clara, com objetivos e benefícios que transbordam a
indústria, é uma das razões de o Brasil ter perdido relevância nas últimas
décadas. Neste momento, as principais economias do mundo estão se empenhando em
ações de desenvolvimento voltadas à inovação, à sustentabilidade e à
competitividade internacional. Responder a esses desafios é uma urgência para
todos nós, do poder público e do setor privado”, afirma o presidente da CNI,
Robson Braga de Andrade.
A revitalização
da indústria no Brasil é relevante por este ser o setor que mais move o
desenvolvimento da economia pela inovação e pelo avanço tecnológico. A
estrutura de missões, uma vez adotada, não só contribuirá para apoiar empresas
na conquista de mercados e reduzir a distância que hoje existe para as
potências econômicas, mas também alcançar soluções para problemas coletivos,
como o acesso à saúde, a segurança no abastecimento energético, alimentar e
sanitário internos, e a criação de empregos.
>> Confira
aqui entrevista com a Diretora de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI,
Lytha
Spíndola,
sobre o Plano de Retomada da Indústria.
“As
políticas industriais modernas vão além do incentivo a determinados setores.
Elas partem de uma abordagem sistêmica, com visão de longo prazo e exigem
coordenação e governança de alto nível, com envolvimento do Poder Executivo e
do Congresso Nacional, bem como do setor empresarial e dos trabalhadores”, diz
Robson Andrade.
60 ações
para retomar o desenvolvimento do Brasil
Inicialmente
apresentado em janeiro, o Plano
de Retomada da Indústria seguiu como tema de debates entre os
setores industriais. O resultado das discussões é uma agenda de 60 medidas
transversais, que contribuem para a modernização de processos produtivos, a
redução dos custos de produção e a inserção de empresas brasileiras no mercado
global. As propostas estão divididas nos nove eixos temáticos abaixo:
-
Tributação
O objetivo
das 10 medidas propostas pelo setor industrial é simplificar o sistema
tributário, eliminar a cumulatividade e garantir que os créditos tributários
indevidos sejam devolvidos de maneira oportuna para as empresas, especialmente
aqueles decorrentes de investimentos e exportações.
-
Financiamento
As 11
propostas visam garantir o acesso ao crédito, principalmente das pequenas e
médias empresas, com programas que ofereçam garantias aos empréstimos e para a
modernização industrial, para a inovação e para a economia de baixo carbono,
além de fortalecer a atuação do BNDES como principal agente promotor da
reindustrialização do Brasil.
- Comércio
e Integração Internacional
Foram
apresentadas sete propostas para recriar o sistema de garantias e financiamento
ao comércio exterior, aumentar a integração internacional do Brasil e assegurar
maior competitividade dos produtos e serviços brasileiros no mercado externo,
além de medidas para facilitação e desburocratização das operações de comércio,
defesa contra barreiras comerciais de terceiros países e fortalecimento dos
instrumentos de combate ao comércio ilegal.
- Ambiente
regulatório e segurança jurídica
As sete
medidas listadas são propostas para melhorar o ambiente de negócios, harmonizar
e modernizar marcos regulatórios, aperfeiçoar a coordenação intragovernamental
e a cooperação público-privada, além de ações para aumentar a eficiência do
Estado e a segurança jurídica dos investimentos no país.
-
Infraestrutura
O foco das
sete ações apresentadas é aumentar o volume de investimentos públicos em
infraestrutura para estimular os investimentos privados no setor, além de
promover a competição no mercado de gás natural, reduzir o custo da energia
elétrica para a indústria e melhorar a eficiência dos transportes ferroviário,
marítimo e de cabotagem.
- Inovação
e Desenvolvimento Produtivo
As cinco
ações propostas pelo setor industrial buscam garantir os recursos necessários à
inovação, seja por meio de fundos públicos, como o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), ou pela modernização de
regras de incentivo à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação.
- Educação
As cinco
ações listadas para a área buscam garantir a formação dos jovens para o mercado
de trabalho, com uma política nacional de educação profissional e tecnológica e
a plena implementação do novo ensino médio – em especial o itinerário de formação
técnica e profissional – e com a modernização do sistema de aprendizagem.
- Relações
de Trabalho
O objetivo
das sete propostas é o alinhamento entre as legislações trabalhista e
previdenciária e o avanço na modernização trabalhista, garantindo que as regras
estejam alinhadas às formas modernas de se trabalhar.
-
Desenvolvimento Regional
A proposta
apresentada para o tema busca ampliar e aperfeiçoar os instrumentos de
políticas públicas para aproximar o PIB per capita dessas regiões ao PIB per
capita nacional, com objetivo de reduzir o enorme desafio brasileiro das
desigualdades regionais.
QUATRO
MISSÕES
Cada missão
é apresentada com a identificação de um problema, no qual é apresentado o
contexto atual do tema no país, a solução proposta e os benefícios esperados a
partir da adoção de cada política. Para a implementação de cada missão, são
sugeridos programas de trabalho com as ações específicas para se chegar aos
objetivos estipulados.
- Missão 1:
Descarbonização
Objetivo: desenvolver
uma economia de baixo carbono, com estímulos à descarbonização da indústria, à
transição energética e à promoção da bioeconomia e da economia circular.
Programas
de trabalho: Energias Renováveis e Eficiência Energética, Mercado de Carbono,
Economia Circular, e Conservação Florestal e Bioeconomia
Benefícios
esperados: Atração de investimentos internacionais, expansão da oferta de
fontes mais limpas de energia e com menor custo, implementação da cadeia de
valor do hidrogênio, redução do desmatamento ilegal, fomento a novos mercados
para bioeconomia.
- Missão 2:
Transformação Digital
Objetivo: capacitar
as empresas brasileiras, em especial as pequenas e médias empresas, para que
possam ampliar sua escala de mercado e, assim, se habilitarem para participar
de cadeias globais de fornecimento.
Programas
de trabalho: Mobilização Empresarial, Inovação em Gestão, Planos Estratégicos
de Digitalização, e Fomento ao Desenvolvimento de Soluções Digitais
Benefícios
esperados: Aumento da produtividade e da competitividade, modernização
produtiva, melhora da qualidade de produtos e serviços, aumento da eficiência
energética, redução de impactos ambientais.
- Missão 3:
Saúde e Segurança Sanitária
Objetivo: universalizar
o acesso e promover o desenvolvimento competitivo da cadeia de produção e
exportação de medicamentos, vacinas, testes, protocolos, equipamentos e
serviços.
Programas
de trabalho: Desenvolvimento e Produção de Vacinas, Produção de Produtos
Farmacêuticos Ativos (IFA), Produção de Medicamentos, Prestação de Serviços
para a Indústria Farmacêutica, Produção de Materiais e Equipamentos Médicos, e
Assistência Farmacêutica
Benefícios
esperados: Redução da dependência nacional por importação de insumos, bens
e serviços de saúde; aumento da produção industrial de medicamentos, insumos,
materiais e equipamentos de saúde; estruturar a cadeia produtiva do Complexo
Econômico-Industrial da Saúde; aumentar a produção de bens e serviços médicos e
laboratoriais; incentivar o desenvolvimento, a pesquisa e a capacitação
científica e tecnológica e a inovação; garantir o acesso da população
brasileira à saúde de qualidade; fortalecer a gestão em saúde e a articulação
nacional para a qualificação das compras públicas.
- Missão 4:
Defesa e Segurança Nacional
Objetivo: apoiar o
desenvolvimento de elos estratégicos das cadeias do complexo industrial da
defesa e segurança nacional, com foco em tecnologias de uso atual.
Programas
de trabalho: Sensibilização da Sociedade, Previsibilidade Orçamentária, Foco
e Prioridade Tecnológica, Contrapartidas Comerciais e Tecnológicas, Fontes de
Financiamento, e Engajamento de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs)
Benefícios
esperados: Fortalecimento da base industrial do setor de defesa e
segurança, aumento da autonomia tecnológica, redução da dependência externa,
ganhos com benefício compartilhado entre setores civil e militar, aumento da
inovação tecnológica
Nova
política industrial, antigos obstáculos
Em comum,
os eixos de descarbonização da economia, transformação digital, saúde e
segurança sanitária e defesa e segurança nacional têm o foco em ciência,
tecnologia e inovação. A instância de articulação e governança deve ser o
Conselho Nacional de Política Industrial (CNDI), órgão vinculado à Presidência
da República e que reúne as diferentes representações da sociedade civil (empresas,
academia, trabalhadores) necessários para dar legitimidade e assegurar a
execução das ações prioritárias.
O Plano
reafirma que a revitalização da indústria nacional é urgente e que a adoção de
medidas para que o motor do desenvolvimento econômico volte a funcionar como o
esperado é fundamental, principalmente em meio às significativas mudanças no
contexto geopolítico e às grandes tendências que desafiam o Brasil e o mundo.
Nesse cenário, os princípios que norteiam as quatro missões são:
=>
Adequação da infraestrutura produtiva às megatendências internacionais, como a
digitalização e o combate às mudanças climáticas, a descarbonização da
economia, a transição energética, além da segurança sanitária, alimentar e
cibernética;
=> Ampliar
as medidas de apoio ao desenvolvimento da ciência, da
tecnologia e da inovação;
=>
Antecipar medidas para reduzir o Custo Brasil e melhorar o ambiente de negócios, com
iniciativas para atrair e intensificar investimentos em infraestruturas econômicas,
sociais e digitais;
=>
Avançar no processo de integração internacional, com foco
na ampliação de oportunidades para o aumento da produção e da exportação
brasileira e a inserção competitiva de nossas empresas em cadeias globais de
valor;
=>
Fortalecer e universalizar as ações direcionadas à formação de recursos humanos qualificados em todos os
níveis.
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