Nova elevação da Selic impõe fardo ainda mais pesado à economia, afirma CNI
Custo da indústria subiu 10,7 por cento em 2022 em relação a 2021
Contribuíram
para a alta dos custos da indústria de transformação os gastos com capital e
produção, que inclui energia, pessoal e bens intermediários
O Indicador de Custos Industriais (ICI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresentou
aumento de 10,7% em 2022 na comparação com 2021. Dentre os componentes do
índice, contribuíram para o resultado a alta dos custos de produção (14,4%) e
do custo de capital (35,8%). A pesquisa mostra que houve queda de 13% do custo
tributário nesse período devido às desonerações de PIS/Cofins sobre
combustíveis e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre alguns
produtos industriais fabricados no Brasil.
“Nos custos
de produção, que incluem gastos com energia, pessoal e bens intermediários,
pesaram a guerra na Ucrânia e o aumento nos preços de insumos e de commodities
energéticas, principalmente nos dois primeiros trimestres de 2022. O terceiro e
o quarto trimestres foram marcados pela influência de fatores internos no custo
de produção, como o aumento dos custos com pessoal”, diz a economista Paula
Verlangeiro.
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revista, vídeo e áudio, com a economista, Paula Verlangeiro, além de imagens de
apoio.
Os dados
mostram que a maioria dos componentes do índice começou a recuar no último
trimestre do ano passado, mas a queda não reverteu a alta acumulada nos últimos
dois anos, de 26,3%.
Custo com
capital de giro aumentou 35,8% entre 2022 e 2021
O custo com
capital, medido pela taxa de juros para capital de giro, apresentou crescimento
de 35,8% na comparação de 2022 com 2021. O aumento ocorreu devido aos
sucessivos aumentos da taxa básica de juros (Selic), que subiu de 9,25% ao ano,
no fechamento do quarto trimestre de 2021, para 13,75% ao ano, no fechamento do
quarto trimestre de 2022.
Na
comparação do terceiro com o quarto trimestre de 2022, o custo com capital se
estabilizou em patamar elevado devido à manutenção da taxa Selic em 13,75% ao
ano.
As taxas de
juros têm sido apontadas como problema relevante para a indústria brasileira,
de acordo com a pesquisa Sondagem Industrial da CNI. De acordo com a CNI, a
Selic no patamar atual contribui para o encarecimento do custo do crédito para
os empresários e influencia decisões como investimento e compra de maquinário.
Custo de
energia subiu 23% entre 2022 e 2021
O custo com
energia aumentou 23% em 2022 em relação a 2021. O aumento é resultado da alta
de
todos os
componentes do indicador: 35,1% para o óleo combustível, 58,4% para o gás
natural e 1,2% para a energia elétrica no período.
Na
comparação do quarto com o terceiro trimestre de 2022, houve queda de 3,7% no
custo de energia, após um longo período de aumento nos custos. Esse resultado
ocorreu devido aos recuos de 8,5% no custo com óleo combustível e de 4,1% no
custo com gás natural. Nesse período, energia elétrica subiu 0,5%.
Custo com
pessoal aumentou 11,8% no ano passado
O custo com
pessoal, medido pelo rendimento médio do trabalhador da indústria, aumentou
11,8% na comparação entre 2021 e 2022. Esse resultado pode ser explicado pelo
avanço do número de pessoas ocupadas e pela recuperação do rendimento médio,
fatores que marcaram o mercado de trabalho em 2022. As sucessivas altas do
rendimento médio ao longo de 2022 geraram um aumento de 13,4% na massa
salarial, enquanto o emprego avançou apenas 1,4% na comparação de 2022 com
2021.
Insumos
importados contribuem para aumento dos bens intermediários
O custo com
bens intermediários, na comparação de 2022 com 2021, registrou aumento de
14,5%, puxado pelos aumentos dos custos de insumos importados (+15,2%) e bens
intermediários nacionais (+14,4%). Entre os fatores que explicam esses aumentos
de custos estão a guerra na Ucrânia e a desorganização das cadeias produtivas
no pós-covid.
Os
empresários industriais indicaram, nas Sondagens Industriais da CNI, que o
problema de falta ou alto custo de matéria-prima ocupou a primeira posição
entre os três principais problemas da indústria durante três dos quatro
trimestres de 2022.
Na
comparação do terceiro com o quarto trimestre de 2022, o custo com bens
intermediários recuou 5,9%, impactado tanto pela queda nos custos com bens intermediários
nacionais (-5,6%) como pela queda nos custos com bens intermediários importados
(-7,6%). Esse é resultado do início do processo de normalização das cadeias de
insumos nos últimos trimestres de 2022.
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