Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Ensino técnico é o ponto mais forte da educação brasileira, afirma 1 em cada 3 empresários
Ingresso mais rápido no mercado de trabalho e formação alinhada às necessidades do setor produtivo estão entre as principais vantagens desse tipo de formação, segundo os entrevistados
Destaques da pesquisa com empresários industriais
- 1/3 coloca o ensino técnico como o ponto mais forte na educação
pública no Brasil, na frente do ensino superior (23%), ensino fundamental
(12%), especialização/pós-graduação (10%), ensino médio (10%), alfabetização e
creches (6% cada);
- 9 em cada 10 concordam que os cursos técnicos permitem ingresso
mais rápido no mercado de trabalho;
- 1 a cada 3 empresários acreditam que a falta de interesse
pessoal é o principal obstáculo para os jovens cursarem o ensino técnico;
- 21% afirmam que o ensino técnico deve ser a prioridade na agenda
educacional do governo;
- 83% acreditam que a responsabilidade pela formação dos
trabalhadores é do estado junto à inciativa privada;
- 75% concordam que os cursos técnicos são mais ligados às necessidades do mercado do que os de ensino superior.
Destaque do sistema educacional brasileiro pela qualidade e
aproximação com o mercado de trabalho, o ensino técnico deve receber mais
atenção dos jovens e ser uma das prioridades do governo, na opinião dos
empresários industriais.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI) ouviram 1.001 executivos
de pequenas, médias e grandes indústrias sobre a educação no país. O
questionário, aplicado em abril, teve um bloco dedicado ao ensino técnico e à
qualificação de mão de obra.
“O Brasil e
os empresários brasileiros têm um grande desafio, a baixa produtividade, que
ganha camadas de complexidade se somarmos alguns fatores que caracterizam o
nosso mercado de trabalho: a transição demográfica, com menos jovens compondo a
força de trabalho, as altas taxas de desemprego desse grupo, o baixo nível de
qualificação profissional e a digitalização, que demanda novos conhecimentos”,
avalia o diretor do SESI e do SENAI Rafael Lucchesi.
>> Acesse a
apresentação com os resultados da pesquisa de educação com empresários
industriais
Segundo Lucchesi,
é nesse contexto que o ensino técnico ganha relevância. "Além de melhorar
a empregabilidade do jovem, tirando-o do quadro de exclusão social e
proporcionando uma fonte de renda, a educação profissional contribui para
melhorar a produtividade do país, ao qualificar o trabalhador”.
Com melhor
avaliação de qualidade, ensino técnico é atributo da educação brasileira
Entre as
etapas de formação, o ensino técnico, também conhecido como profissionalizante,
aparece com a melhor avaliação (55% acham ótimo ou bom e 9% ruim ou péssimo),
seguido pela especialização/pós-graduação (54% ótimo ou bom e 9% ruim ou
péssimo). Por outro lado, o ensino médio (14% bom e 39% ruim ou péssimo) e a
alfabetização (21% ótimo ou bom e 38% ruim ou péssimo) ficam na lanterna.
Vale
lembrar que pesquisa semelhante foi realizada com a população, em dezembro do
ano passado, e os empregadores são mais críticos que a sociedade: 45% dos
empresários avaliam a educação no país como ruim (26%) ou péssima (19%) e só 9%
como boa. Entre a população, os índices eram: 23% de ruim (9%) ou péssima
(14%), 22% como boa e 8% ótima.
>> Confira
os resultados da pesquisa com a população sobre a educação no país
Outra prova
de que a educação profissional alcançou o reconhecimento de lideranças é que
1/3 dos entrevistados o colocam como o ponto mais forte na educação pública no
Brasil. Em seguida aparecem ensino superior, como escolha de 23%, e ensino fundamental,
com 12%. Na lista de pontos fracos da rede pública, lideram o ensino
fundamental (citado por 36% como o nível mais fraco), o ensino médio (29%) e a
alfabetização (19%).
Na visão
dos empresários, os pontos positivos da formação técnica são: preparar melhor
para o mercado de trabalho (45%), cursos mais focados (28%), cursos mais
práticos (22%), boa aceitação no mercado de trabalho (18%), ter mais
conhecimento/habilidades (17) e começo na carreira profissional (16%).
Ainda, 9 em
cada 10 concordam que os cursos técnicos permitem ingresso mais rápido no
mercado de trabalho e que é mais fácil conseguir um emprego com formação
profissional. Para 85%, os cursos técnicos permitem concorrer a uma oferta
maior de vagas de emprego. Na comparação com o ensino superior, para 63% o
curso técnico dá grande vantagem para se conseguir o primeiro emprego; e, para
75%, são cursos mais ligados às necessidades do mercado.
Participação
do poder público e prioridades para o governo
Questionados
sobre os obstáculos para os jovens se engajarem no ensino técnico, os
entrevistados apontam falta de interesse pessoal (34%), falta de incentivos
(25%), falta de informação (22%) e falta de vagas (15%). Se pudessem recomendar
uma formação técnica para um jovem, 30% indicariam na área de Tecnologia da
Informação (TI), 10% na mecânica, 9% eletricista, 8% em administração, 5%
automação industrial e 4% mecatrônica.
Essas áreas
e ocupações não aparecem por acaso. Olhando para as inovações tecnológicas que
estão impactando as cadeias e processos produtivos, 7 de cada 10 empresários
(68%) afirmam, em pergunta espontânea, que as atividades mais promissoras para
os jovens no Brasil nos próximos 10 anos são de TI, áreas da saúde (11%),
engenharias (10%), automação industrial (5%) e agronomia (4%).
É diante do
desafio de conciliar as demandas do setor produtivo com as políticas para a
juventude que ⅕ dos empresários
(21%) colocam o ensino técnico como prioridade na pauta educacional do governo
para os próximos anos, ficando atrás apenas do ensino fundamental (33%) e na
frente da alfabetização (18%) e do ensino médio (17%).
Hoje, em
uma escala de 0 a 10, os empresários dão nota 4,5 para o incentivo do poder
público ao desenvolvimento do ensino técnico no país. Para 46% das pessoas
ouvidas, a qualificação dos trabalhadores é mais responsabilidade do estado que
da iniciativa privada; para 28%, essa ação deve ser compartilhada igualmente; e
9% defendem que é mais da iniciativa privada que do estado. Só 13% acreditam
que é exclusivamente do estado e 2% exclusivamente do setor privado.
Matrículas
na educação profissional crescem em ritmo lento, distante da meta do PNE
É só olhar
os dados de matrícula para entender o tamanho do desafio e o potencial para
expandir a educação profissional, especialmente entre os jovens que buscam o
primeiro emprego. No Brasil, apenas 9% dos alunos do ensino médio fazem um
curso técnico ou de qualificação. Na União Europeia, esse percentual é de 43%;
no Chile, 29%; e, Colômbia, 24% (Education
at a Glance 2021/OCDE).
Ainda que
muitos optem pela formação após o ensino médio, o avanço das matrículas no geral
tem sido lento: entre 2017 e 2022, foi de 1,8 milhão para 2,1 milhões, ou
17,5%. A meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 era de 4,8
milhões de matriculados para o ano que vem. Junte-se a isso o fato de que só
23,8% dos brasileiros de 18 a 24 anos estão no ensino superior, segundo o
Anuário Brasileiro da Educação Básica 2021.
“A última
etapa do ensino obrigatório virou uma rua sem saída para milhares de
estudantes. A baixa qualificação nessa fase tão determinante para a trajetória
profissional tem reflexos na inserção e permanência no mercado de trabalho, ou
seja, não só na identidade social e na renda desse jovem, como também na
produtividade das empresas”, alerta o diretor do SESI/SENAI.
>> Acesse o
pacote de imagens de cobertura e a entrevista do diretor do SESI/SENAI Rafael
Lucchesi,
em que ele responde às perguntas:
00:00:00 - O que a pesquisa revela da visão dos empresários sobre
a educação no país?
03:37:08 - Como o ensino técnico pode contribuir para a
produtividade e competitividade das empresas brasileiras? E como ampliar a
oferta?
07:03:11 - Para os empresários, de quem é a responsabilidade pela
formação de trabalhadores (iniciativa privada e/ou o Estado)?
O que é
educação profissional e quem oferta?
A Educação
Profissional e Tecnológica (EPT), também conhecida como ensino
profissionalizante, é uma modalidade da educação nacional cujo objetivo é
preparar o aluno para o exercício de uma profissão. Se enquadram na modalidade:
cursos técnicos; de qualificação; graduação tecnológica, ou tecnólogo; mestrado
e doutorado profissionalizante. O tipo de curso mais conhecido e difundido é o
técnico, que tem duração média de 1 ano e meio a dois anos e pode ser cursado
por quem está no ensino médio ou já concluiu.
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