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COP28: CNI defenderá avanços na estratégia nacional de adaptação às mudanças climáticas
Elaboração de documento, com diretrizes e informações claras, guiará os diferentes setores da economia brasileira a investir em mecanismos de resiliência e enfrentamento
A poucos dias para o início da
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, a
Confederação Nacional da Indústria (CNI) elaborou um documento com
contribuições para as discussões em torno da estratégia nacional de adaptação
às mudanças climáticas, instrumento doméstico que tem potencial de contribuir
com as discussões globais sobre o assunto.
No posicionamento, que será
lançado oficialmente na conferência, a CNI afirma que a internalização dos
riscos climáticos tem sido cada vez mais relevante no planejamento estratégico
das empresas. Isso porque essas alterações podem implicar impactos negativos,
incluindo:
- danos a infraestruturas e equipamentos;
- interrupção parcial ou total da operação
industrial;
- impactos no fornecimento de energia
elétrica;
- redução ou interrupção do fornecimento de matérias-primas;
- comprometimento da saúde dos
colaboradores;
- e redução da disponibilidade e da qualidade da água.
Segundo a Confederação, as
cadeias de valor das empresas formam uma rede altamente interdependente que
pode ser muito vulnerável e conter diversas incertezas em relação às mudanças
climáticas.
O que é estratégia nacional de
adaptação?
Todos os países, ricos e
pobres, precisam se adaptar às mudanças climáticas. A elaboração de uma
estratégia nacional de adaptação, com diretrizes e informações claras, guiará
os diferentes setores da economia brasileira a investir em mecanismos de
resiliência e enfrentamento – como a melhoria dos sistemas de reuso de água,
ampliação do acesso a financiamentos e a implementação mais rápida das energias
renováveis nos processos produtivos.
Para a indústria, os riscos
das mudanças no clima serão diferenciados conforme o setor, a região do país e
o porte das empresas. Setores mais sensíveis são aqueles mais intensivos no uso
de água e energia, os localizados em regiões geográficas mais expostas, como
por exemplo, em áreas costeiras ou em locais com riscos inundações e
deslizamentos de terra.
A agenda de adaptação, no
entanto, não substituirá a de mitigação. Se não houver a redução das emissões
de gases do efeito estufa, será cada vez mais difícil estabilizar a temperatura
mundial, e a adaptação se tornará ainda mais dispendiosa.
Ainda no documento, a CNI
aponta que, considerando a importância de o setor empresarial conhecer e gerir
as oportunidades e os riscos que os eventos climáticos extremos podem acarretar
aos negócios, é fundamental a coordenação institucional dessa agenda, por meio
de uma estratégia nacional de adaptação, para definir as melhores estratégias
de enfrentamento para o país, além das necessidades de financiamento
climático.
Nessa estratégia, a indústria
defende ainda que:
- O governo revisite, com a
lupa climática, as políticas já existentes nas esferas federal, estadual e
municipal. As diretrizes do documento devem estar em consonância com as ações
previstas nas políticas públicas em curso;
- Crie regulamentações para preencher
lacunas importantes e viabilizar ações de adaptação da indústria, como o reuso
de efluentes;
- Mapeie as sinergias das
medidas de adaptação entre os setores visando otimizar os esforços de
implementação. Isso significa que, após os exercícios dos setores de
identificar seus riscos e vulnerabilidades, seria importante um mapeamento das
sinergias entre as demandas e ofertas de cada setor, com a finalidade de
otimizar as ações e evitar retrabalhos.
- Estimule o engajamento de
estratégias conjuntas de adaptação entre os setores da sociedade.
- E comunique à sociedade, de
forma adequada e oportuna, os impactos associados à mudança do clima,
especialmente no que diz respeito à ocorrência de eventos extremos.
“Entendemos que uma lógica mais clara de planejamento possibilitaria uma melhor compreensão da estratégia do governo e uma avaliação mais precisa sobre as oportunidades de sinergia entre os esforços do setor público e do privado”, afirma o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.
Como está a estratégia de
adaptação no Brasil?
Na última COP, o progresso nas
negociações da agenda de adaptação à mudança do clima ficou abaixo do esperado,
apesar dos relatórios do IPCC demostrarem, de forma robusta, que os impactos
das mudanças do clima serão cada vez mais frequentes e severos. No Brasil, o
Plano Nacional de Adaptação (PNA) visou orientar iniciativas para a gestão e
diminuição do risco climático no longo prazo, além de ter estabelecido
conceitos básicos e linguagem comum entre os entes federados e os setores
econômicos.
Diante disso, a CNI diz que é
preciso dar continuidade e maturidade ao tema por meio da estratégia nacional
de adaptação, que está atualmente sendo construída pelo governo. Ainda na
agenda de adaptação, a entidade recomenda que seja tratada com equidade com a
agenda de mitigação, considerando que o Brasil também tem grandes
vulnerabilidades climáticas. Durante a COP27, foi criado um programa de
trabalho para tratar sobre o Objetivo Global de Adaptação, mas ficou decidido
que ele se estenderia por mais um ano, com a sua conclusão prevista para a
COP28.
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