Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Economia brasileira deve crescer 1,7 por cento em 2024
Expansão do
PIB de 3% em 2023 é idêntica à de 2022, mas não representa um novo ciclo de
desenvolvimento. Crescimento sustentado depende do aumento da taxa de
investimento produtivo
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê expansão da
economia brasileira de 1,7% em 2024. Neste ano, a expectativa é de que o
Produto Interno Bruto (PIB) cresça 3%, o mesmo percentual de 2022. O resultado
é positivo, mas o crescimento de 2023 não dá início a um novo ciclo de
desenvolvimento. A CNI avalia que o PIB atual foi construído sobre fatores
conjunturais excepcionais, como o expressivo crescimento do PIB da
agropecuária, e com queda dos investimentos produtivos.
O consumo
das famílias deve crescer 2,6% e o investimento vai recuar 3,5% neste ano. A
expectativa é de que a taxa de investimento, que é a relação entre a formação
bruta de capital fixo e o PIB, deve cair para 18,1%, ante 19,3%, em 2022. Essa
queda no investimento vai impedir um melhor desempenho nos próximos anos. Por
isso, o Brasil precisa de uma estratégia de médio e longo prazo para sustentar
taxas de investimento iguais ou superiores a 20% do PIB.
“O
crescimento sustentado da economia está diretamente ligado ao aumento do
investimento. E a agenda da economia verde, da sustentabilidade, da pesquisa e
inovação, da transformação digital, indica o caminho para que o Brasil atraia
indústrias e desenvolva infraestrutura para fazer a transição para uma economia
de baixo carbono. O país está muito bem-posicionado para ser protagonista dessa
neoindustrialização, o que pode ser alcançado pela definição de um política
industrial bem estruturada e com foco em superar os desafios de nossa
sociedade”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A
expectativa para o próximo ano é de que o mercado de trabalho não deverá
repetir o crescimento de 2023. A previsão é de alta de 2,9% na massa salarial
em 2024 ante a alta de 6,4%, neste ano. Isso se deve ao fato que, para 2024, a
CNI projeta um crescimento menor do número de pessoas ocupadas. Ocorre que os
efeitos da política monetária, de juros altos, serão sentidos de forma negativa
no emprego ainda no fim deste ano.
A CNI
também prevê que o cenário econômico internacional será pouco favorável, o que
deve impedir novos aumentos históricos no saldo positivo da balança comercial.
Neste ano, o saldo recorde decorre dos volumes exportados de produtos
agropecuários, principalmente soja e milho, e da indústria extrativa,
principalmente petróleo e minério de ferro.
As
previsões constam do documento Informe
Conjuntural: Economia
Brasileira 2023-2024 divulgado nesta quinta-feira, 14 de dezembro,
na sede da CNI.
Cenário da
indústria de transformação e construção tem leve melhora para 2024
O diretor
de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI, Rafael Lucchesi, explica que a
indústria de transformação e a indústria da construção deverão ter altas
modestas, de 0,3% e 0,7%, respectivamente em 2024, e devem compensar as quedas
deste ano. A indústria de transformação encerrará 2023 com queda de 0,7% e a
indústria da construção vai recuar 0,6%, depois de dois anos de forte
crescimento.
Segundo
ele, a indústria de transformação continuará convivendo com cenários bastante
heterogêneos entre os setores devido à diferença entre a política monetária,
que inibe a atividade econômica, e a política fiscal, que a estimula. “Mas essa
diferença de desempenho entre os setores mais sensíveis à renda e os mais
sensíveis ao crédito deve se reduzir com os cortes da Selic”, explica.
“Mas ao
contrário do que ocorreu este ano, quando o consumo das famílias e o setor
externo tiveram forte influência para o crescimento do PIB, em 2024, somente o
consumo desempenhará esse papel. Ainda assim, com menos força”, afirma
Lucchesi. A expectativa é de que o consumo das famílias cresça 1,8% em 2024.
Taxa de
investimento atingirá 17,9% do PIB em 2024
O
investimento deverá ter desempenho modesto, mas positivo em 2024. O melhor
desempenho da indústria da construção, aliado às taxas de juros mais baixas,
deverão estimular o investimento. A CNI projeta alta de 0,5% da formação bruta
de capital fixo em 2024, na comparação com 2023. Como a ampliação da capacidade
produtiva crescerá menos do que o PIB, a taxa de investimento passará a 17,9%,
ante os 18,1% de 2023.
Indústria
extrativa cresce mais de 7,1% em 2023 e 2% em 2024
O PIB da
indústria como um todo vai crescer 1,5% em 2023 na comparação com 2022. A
indústria extrativa foi impulsionada pelo aumento da demanda externa, por
petróleo e minério de ferro, e deve crescer 7,1% em 2023. Em 2024, o PIB da
indústria extrativa deverá crescer 2%, sobretudo devido às maiores dificuldades
nas exportações de minério de ferro.
Além disso,
o setor de Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos,
que faz parte do PIB industrial, vai encerrar o ano com alta de 5,5%. No
próximo ano, o crescimento será menor, com previsão de alta de 2%.
Setor
agropecuário terá expansão de 15,1% em 2023 e de 0,2% em 2024
O setor agropecuário
foi beneficiado pela redução relevante dos custos de produção, aliada a safra
recorde, além de um setor externo que apresentou oportunidades e permitiu a
conquista de novos mercados. Dessa forma, a expectativa é que o PIB
agropecuário encerre 2023 com alta de 15,1%. No entanto, esse mesmo cenário não
deve ser repetir no próximo ano. A previsão é de redução na safra de 2024
frente a de 2023, com crescimento de 0,2% do PIB do setor.
Inflação e
juros vão manter trajetória de queda
A CNI espera a manutenção
da trajetória da queda de inflação, com o IPCA em 3,9% ao fim de 2024. A
manutenção desse cenário mais favorável permitirá a continuidade da sequência
de cortes da Selic, de modo que a taxa deve terminar 2024 em 9,25% ao ano.
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