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“Ser contra uma política industrial moderna é ser contra o desenvolvimento do país”, diz presidente da CNI
Para
Ricardo Alban, iniciativa constitui uma política industrial moderna, seguindo
modelo implementado pelas principais economias do mundo. Financiamentos de R$
300 bilhões têm impacto fiscal adicional zero
Lançada pelo governo federal, na segunda-feira (22), a Nova Indústria Brasil representa uma visão realista e viável de política industrial, estruturada em um conjunto de programas e medidas que buscam solucionar desafios atuais. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, a iniciativa oferece um caminho consistente para revitalizar a indústria, fomentar investimentos em tecnologia e inovação e melhorar a competitividade do Brasil entre as principais economias do mundo.
“Como podemos entender que as
diversas nações estão buscando desenvolver suas políticas indústrias, inclusive
com ferramentas já conhecidas, e nós ficamos discutindo conceitos ideológicos?
É hora de somarmos e transformamos políticas públicas em ações efetivas e
desenvolvermos o nosso país”, afirma Alban.
Para o presidente da CNI,
questões como aumento da produtividade e digitalização, descarbonização dos
processos produtivos, ampliação das exportações, qualificação profissional, não
são temas de um segmento específico. São da indústria e da economia como um
todo. “Quem pode ser contra uma política industrial contemporânea como essa,
que se propõe a fortalecer o setor industrial e impulsioná-lo como o indutor de
um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social?”, questiona Alban.
Vale lembrar que as maiores
economias do mundo estão colocando em prática políticas industriais atuais como
a nossa, tendo a indústria como centro da estratégia de desenvolvimento. Os
Estados Unidos, por exemplo, destinaram US$ 1,9 trilhão para um conjunto de
instrumentos e incentivos à sua industrialização verde. A União Europeia
mobilizou US$ 1,6 trilhão; o Reino Unido US$1,7 trilhão e o Japão, US$ 1,5
trilhão. No Nova Indústria Brasil, são R$ 300 bilhões – cerca de US$ 60 bilhões
–, até 2026, pelo Plano Mais Produção – o que equivale a cerca de 3% do que os
demais países estão fazendo.
“Honestamente, ainda é muito
pouco para o verdadeiro hiato que existe na industrialização no nosso Brasil.
Mas, já é um passo importante para que todos os atores da economia se juntem e,
inclusive, possam permitir uma maior industrialização das nossas commodities
agrícolas e minerais. Precisamos incrementar a nossa manufatura, com a
agregação de valor e incentivo aos empregos de maior impacto socioeconômico”,
defende.
“O Brasil, enfim, tem uma política
industrial necessária, adequada e viável. Ser contra uma política industrial
moderna é ser contra o desenvolvimento do país. Temos, juntos, o compromisso de
manter o rumo e propiciar os ajustes que venham a ser necessários”, diz Alban.
Nova Indústria Brasil tem
impacto fiscal adicional zero
Além de conceder incentivos
fiscais e subsídios, as políticas desses países buscam fortalecer e
diversificar estruturas de financiamento e de apoio à produção local e usam as
parcerias público-privadas. Alban frisa que os R$ 300 bilhões em financiamentos
anunciados têm impacto fiscal adicional zero ao longo dos quatro anos do plano
– ou R$ 75 bilhões por ano. Além disso, os gastos destinados a subvenções e
equalizações já estão previstos no marco legal e no Orçamento Geral da União de
2024 – não há recursos novos ou adicionais do Tesouro.
O Plano Mais Produção é
importante, ainda, por oferecer linhas de crédito barato num país em que o
custo do financiamento está entre os mais elevados do mundo. De acordo com dados
do Banco Mundial, o spread bancário foi de 27,4% em 2022, terceiro maior entre
os 94 países analisados, atrás apenas de Madagascar e de Zimbabwe. Para efeito
de comparação, o país com pior posição após o Brasil é o Peru, com spread de
7,8%.
A CNI estima que o valor médio
anual da equalização de juros do Plano Mais Produção equivale a R$ 3 bilhões –
uma cifra conservadora –, sendo essa a diferença entre o custo de captação de
recursos do governo, via Selic, e as taxas de juros menores oferecidas nas linhas
de financiamento do Plano. “A CNI vai iniciar uma discussão sobre spread
bancário no Brasil. Mas, de forma construtiva e entendendo que a intermediação
financeira sustentável pressupõe um setor produtivo equilibrado”, afirma Alban.
“O Brasil é a potência
agroindustrial que é porque compreendeu, como política de Estado, que investir
em inovação e tecnologia são o caminho para promover o desenvolvimento de um
setor econômico. Essa nova política vai nesse mesmo sentido, mas com o foco na
indústria, de forma transversal. Induzir investimentos em sustentabilidade,
produtividade e no fortalecimento de cadeias produtivas no país significa
promover crescimento econômico e desenvolvimento social para os brasileiros”,
diz o presidente da CNI.
Gasto fiscal é pequeno e se
restringe à equalização de juros
É preciso destacar que a maior
parte dos R$ 75 bilhões anuais destinados ao Plano, R$ 67,75 bilhões ao ano são
referentes a crédito, de modo que o valor será pago pelos tomadores de
empréstimo. O gasto fiscal é apenas uma pequena parcela desse valor, para a
equalização de taxas de juros.
Em comparação, o Plano Safra,
política que teve grande sucesso em alavancar o agronegócio brasileiro após 20
anos de política ininterrupta, anunciou para sua versão 2023/2024 R$ 364,2
bilhões para financiamento em apenas um ano, com equalização equivalente a R$
11 bilhões. “Temos o maior orgulho do nosso Agro. Felizmente, estamos tendo a
oportunidade desse governo estar tendo a consciência da importância do
desenvolvimento industrial”, comenta Alban.
Adicionalmente, o Plano
Indústria será financiado por valores que atualmente já constam do orçamento,
como recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FNDCT), do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) e
do Fundo Clima, entre outras fontes.
Dessa forma, o plano anunciado
não compromete o plano de estabilidade fiscal, pois seus valores já estavam
contemplados no orçamento que está sendo avaliado pelo Ministério da Fazenda.
“Vamos juntar os esforços e
buscar contribuir para que a indústria no Brasil aproveite a janela de
oportunidades que as novas demandas mundiais, incluindo a geopolítica, estão
nos oferecendo. Jamais na recente história contemporânea da civilização, se
pôde conceber uma economia forte e sustentável, sem uma indústria de igual
quilate. Não se trata de ideologias políticas, mas sim, de uma real urgência de
transformarmos nossa realidade industrial, assim como as demais nações estão
fazendo”, conclui.
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