Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
CNI projeta crescimento do PIB do Brasil em 1,2 por cento para 2022
Entidade prevê queda da inflação e aumento do emprego e da massa de rendimento real. Investimentos na construção e em bens de capital deste ano vão influenciar produção nos próximos meses
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta
crescimento de 1,2% para a economia brasileira em 2022. Esse é o cenário-base,
há ainda um cenário pessimista e outro otimista. De acordo com o presidente da
CNI, Robson Braga de Andrade, para a estimativa de 1,2% se consolidar,
espera-se a superação parcial de problemas conjunturais, como inflação, emprego
e normalização das cadeias globais de valor a partir do segundo semestre do
ano. A previsão consta do documento Economia
Brasileira: 2021-2022, divulgado nesta quarta-feira (15), com
balanço da economia e previsões para 2022.
“A
atividade econômica também deve se beneficiar da normalização da demanda por
serviços prestados às famílias, que ainda está abaixo do nível pré-pandemia, e
alguns setores industriais, principalmente aqueles ligados a investimentos,
como a cadeia da construção civil e de bens de capital, as quais ainda devem
ter o nível de produção impulsionado por pedidos e projetos provenientes de
2021”, explica Robson de Andrade.
Para 2022,
o presidente da CNI diz ser importante combater o Custo Brasil. A redução do
Custo Brasil é fundamental para o setor produtivo, que segue engessado por
problemas estruturais. “Em primeiro lugar, precisamos aprovar a PEC 110, que
promove uma reforma tributária ampla e vai simplificar e corrigir as distorções
do sistema de arrecadação de impostos. Devemos, ainda, modernizar e ampliar a
infraestrutura. Com custos competitivos, poderemos receber investimentos de
empresas que querem diversificar a rede de fornecedores”, explica Robson Braga
de Andrade.
Segundo
ele, o Brasil necessita de medidas que melhorem o ambiente de negócios e
promovam a inserção internacional das empresas, além de políticas para atrair
investimentos produtivos vinculados às cadeias globais de valor. “É
indispensável eliminar a cumulatividade do sistema tributário e reduzir as
despesas com logística e energia, para mudarmos a rota de baixo crescimento da
última década”, afirma. Além disso, a reforma administrativa e a regulamentação
do teto remuneratório do funcionalismo público são medidas importantes para
contribuir com o equilíbrio fiscal.
No cenário
pessimista, a previsão é de expansão do PIB de 2022 de 0,3% e, no cenário
otimista, o Brasil crescerá 1,8%.
Brasil
crescerá 4,7% em 2021, calcula CNI
A CNI
calcula alta de 4,7% do PIB do Brasil em 2021. A estimativa é menor do que o
esperado no início do ano, devido às constantes quedas na indústria ocorridas
no segundo semestre. De acordo com Robson Andrade, a expansão do PIB neste ano
reverte a queda de 2020, mas o resultado não significa que os problemas
acentuados pela crise e os desafios estruturais do país tenham sido superados.
Há perda de ritmo da atividade econômica e as perspectivas para o próximo ano
não são muito animadoras.
“A inflação
elevada, com consequentes altas nas taxas de juros, o alto endividamento das
famílias, o desemprego, a escassez de insumos e matérias-primas e os custos de
energia em elevação são fatores conjunturais desfavoráveis. Além disso, ainda
há incertezas sobre o andamento da pandemia e o temor de algum retrocesso, como
ocorre atualmente na Europa”, avalia Robson Braga de Andrade.
Indústria
de transformação crescerá 5,2% em 2021
A CNI
estima um crescimento de 5,2% da indústria de transformação em 2021. Esse
percentual é bem inferior à previsão do Informe Conjuntural do 3º trimestre, de
alta de 7,9%. O gerente-executivo de Economia, Mário Sérgio Telles, explica que
o PIB da indústria de transformação assumiu uma trajetória de queda ao longo de
2021. A escassez e alta de insumos e de matérias-primas foram um dos fatores
determinantes para a trajetória negativa da indústria neste ano.
“Para 2022,
esperamos um aumento gradual do emprego que, juntamente com a desaceleração da
inflação e o Auxílio Brasil, deve minimizar o processo de perda de poder de
compra por parte das famílias”, explica. Além disso, Mário Sérgio prevê
regularização nas cadeias de suprimentos a partir da segunda metade de 2022.
“Também
será benéfico para a indústria brasileira a manutenção da desvalorização do
real ao longo de 2022, que beneficiará as exportações do setor e incentivará a
substituição de importações no mercado doméstico”, explica. Em um cenário-base,
a indústria de transformação deve crescer 0,5% em 2022.
Ocupação
continuará em recuperação em 2022
O
economista explica que número de pessoas ocupadas continuará crescendo e massa
de renda real deve começar a se recuperar a partir da metade de 2022, em
resposta à queda da inflação. Para 2022, espera-se continuidade na recuperação
do consumo e do emprego nos serviços prestados às famílias, como transporte,
alojamento e alimentação, associado ao aumento da circulação de pessoas.
“Mas esse
aumento não se deve à existência de novos elementos que impulsionem o setor, e
sim à defasagem da recuperação desse segmento em relação a outros serviços, à
indústria e à agropecuária”, analisa Mário Sérgio.
A
expectativa é de que, na segunda metade de 2022, quando a recuperação de
serviços estiver próxima do nível de pré-pandemia, a atividade industrial
esteja mais aquecida.
No entanto,
há um contingente populacional relevante que deve voltar a integrar a força de
trabalho nos próximos trimestres. Assim, mesmo com a continuidade do
crescimento da população ocupada, o retorno dessas pessoas ao mercado de
trabalho manterá a taxa de desemprego pressionada para cima ao longo de 2022.
“Projetamos
a continuidade do aumento da ocupação e da recuperação da força de trabalho ao
longo do ano. Desta forma, o resultado da taxa de desocupação média deverá ser
ligeiramente inferior à de 2021, ficando em 13%”, diz Mário Sérgio.
Inflação
tende a desacelerar ao longo de 2022
Na
avaliação da CNI, a continuidade do aumento da Selic, o desemprego ainda
elevado, as despesas primárias do governo federal em queda real, a atividade
econômica moderada e estabilidade nos preços dos combustíveis devem fazer com
que a inflação desacelere. Para 2022, espera-se um IPCA de 5%, próximo do
teto da meta de inflação. Esse cenário considera que não devem ocorrer novas
alterações nas regras fiscais, que poderiam elevar a inflação, por meio da
depreciação do real.
Neste ano,
a CNI estima que a inflação deva desacelerar, moderadamente, em dezembro e
fechar 2021 em 10,3%.
Taxa de
câmbio em 2022: R$ 5,60 por dólar
A CNI
projeta que taxa de câmbio terminará 2022 em R$ 5,60 por dólar, o mesmo patamar
do fim de 2021. No entanto, há uma série de condicionantes e deve haver muita
oscilação ao longo do ano. Essa previsão considera Selic em 11,5% ao ano e uma
pequena elevação na taxa de juros nos Estados Unidos.
Brasil terá saldo comercial positivo em 2021
As altas de
exportações e importações são significativas em 2021. Enquanto as exportações
são puxadas majoritariamente pelos preços, sobretudo de commodities, as
importações mostram crescimento generalizado em volume.
As
estimativas da CNI para exportações, importações e saldo comercial para 2021
são, respectivamente, US$ 278,4 bilhões (alta de 33,1% em relação a 2021), US$
219,5 bilhões (+38,2%) e US$ 58,9 bilhões (+16,9%).
Para 2022,
a normalização do fornecimento de insumos e matérias-primas e a taxa de câmbio
real, ainda bastante desvalorizada, darão fôlego às exportações brasileiras e
estimularão um processo de substituição de importações. A CNI projeta que as
exportações alcancem US$ 280 bilhões ano que vem, patamar um pouco superior ao
de 2021.
Outros
destaques do documento
COMÉRCIO,
SERVIÇOS E AGROPECUÁRIA: PIB do comércio deve crescer de
6,5% em 2021. O PIB de serviços, sem comércio, deve crescer 4,2% este ano. E a
agropecuária deve se expandir em 2%.
CONSTRUÇÂO
CIVIL: o desempenho positivo do setor, acima do esperado, resulta em uma
revisão acentuada da projeção de crescimento do setor por parte da CNI, de 5%
para 8,2%, em 2021. Para 2022, a previsão é de alta de 0,6%.
MATÉRIA-PRIMA:
escassez de semicondutores e chips deixe de causar paralisações de
produção nas grandes empresas a partir do segundo semestre de 2022. Risco de
redução da produção de magnésio da China tem o potencial de causar uma escassez
de alumínio, que afetaria diversos setores industriais. Cerca de 80% da
produção mundial de magnésio é chinesa.
MINÉRIO DE
FERRO: as exportações para a China representam quase 50% da produção de
minério de ferro brasileira. Para 2022, a expectativa é de desaceleração do
segmento imobiliário chinês e, consequentemente, redução da importação chinesa
de minério de ferro.
CONTÊINER: a
expectativa é de que o transporte de carga conteinerizada só retorne ao patamar
normal a partir do segundo semestre de 2022.
PETRÓLEO: preços de
petróleo e derivados, inclusive combustíveis, continuarão elevados.
ENERGIA: consumo de
energia não deve apresentar grande crescimento. Essa expectativa se baseia no
consumo ainda retraído dos consumidores cativos e do crescimento baixo esperado
para os consumidores livres industriais, que estão entre os mais
eletrointensivos.
RENDA DAS
FAMILIAS: o rendimento médio real das pessoas ocupadas caiu 11,1% entre o
3º trimestre de 2020 e o 3º trimestre de 2021. Para 2022, avanço fraco do
consumo, restringido pelos baixos rendimentos, inflação elevada e aumento do
endividamento das famílias.
ECONOMIA
MUNDIAL: em 2022 será impactada por tentativas de controle das pressões
inflacionárias persistentes, crise energética e falta de matérias-primas, dados
os desequilíbrios das cadeias de insumos globais.
COMMODITIES: menor crescimento da
economia mundial deve provocar queda moderada nos preços de commodities
importantes na pauta de exportação brasileira.
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