Estoque de produtos industriais volta ao patamar planejado pelas empresas depois de seis meses, revela CNI
95 por cento da população sentiu alta generalizada de preços nos últimos seis meses, diz CNI
A percepção de inflação aumentou 22 pontos percentuais na pesquisa de abril em relação à anterior de novembro. Brasileiros começaram a reduzir gastos com comida, combustíveis e bens duráveis
O impacto
da inflação foi sentido, nos últimos seis meses, por 95% da população. Esse
número é 22 pontos percentuais acima do registrado em novembro de 2021, quando
73% afirmaram ter percebido aumento de preços. Os dados são da pesquisa
“Comportamento e economia no pós-pandemia”, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao Instituto FSB
Pesquisa. Foram entrevistadas 2.015 pessoas, entre 1º e 5 de abril. A margem de
erro é de dois pontos percentuais.
“A guerra
travada na Ucrânia trouxe mais incertezas para a economia global, o que
impulsiona a inflação e desperta o temor de retrocesso da economia em todo o
mundo. Diante dessa conjuntura tão difícil quanto indesejada, o Brasil precisa
adotar as medidas corretas para incentivar o crescimento econômico, a geração
de empregos e o aumento da renda da população. A principal delas é a reforma
tributária. Não temos como fugir disso”, afirma o presidente da CNI, Robson
Braga de Andrade.
A percepção
do aumento de preços, bens e serviços foi generalizada sem grandes diferenças
entre os perfis etários, demográficos ou de escolaridade. A pesquisa revela que
76% dos brasileiros afirmaram que sua situação financeira foi prejudicada pela
inflação. As mais afetadas são as pessoas sem escolaridade, com renda de até um
salário mínimo, e os moradores do Nordeste.
Além disso,
66% da população acredita que a inflação vai aumentar nos próximos seis meses.
Na pesquisa anterior, de novembro de 2021, esse percentual era de 54%. Nesse
item, há uma grande diferença entre regiões e renda: 71% de quem tem renda
entre um e dois salários mínimos acreditam que os preços vão aumentar. Esse
percentual é de 55% na população com renda acima de cinco salários mínimos. No
Sudeste, essa percepção alcança 67% dos moradores. No Sul, são 59%.
▶ Acesse
aqui entrevista com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo
Azevedo.
Seis em
cada 10 brasileiros reduziram gastos nos últimos seis meses
De acordo com
a pesquisa, 64% da população afirma ter reduzido gastos nos últimos seis meses.
Esse percentual é alto, principalmente quando se considera que, em novembro 74%
já tinham diminuído suas despesas. Entre os que reduziram os gastos, 49%
afirmaram terem feitos cortes grandes ou muito grandes.
Enquanto o
orçamento foi ocupado com gastos crescentes e inevitáveis – como conta de luz,
gás de cozinha, cesta básica e remédios –, 34% dizem ter deixado de comprar
material de construção; 29% cancelaram TV por assinatura; 12% cortaram a conta
de celular; 24% deixaram de fazer refeições fora de casa; 23% deixaram de
comprar eletrodomésticos; 15% deixaram de consumir combustível e 16% reduziram
esse gasto; 15% deixaram de comprar roupas e sapatos e 14% afirmam não usar
mais transporte público.
Além disso, 31% reduziram o consumo de carne vermelha, 27% o de roupas de calçados, 25% de refeições fora de casa e 19% de conta de celular e 19% reduziram frutas e verduras na alimentação.
76% têm a
situação financeira muito afetada pelo aumento de preços
A situação
econômica atual, em comparação com crises econômicas anteriores, é considerada
tão grave quanto ou mais grave por 81% da população. A análise dessa questão
tem um componente importante: pior percepção é da população com mais de 60
anos, que conviveu com inflação alta e diversos planos econômicos.
A pesquisa mostra que 59%
dos pesquisados aumentaram seus gastos com conta de luz, 56% com gás de
cozinha, 52% com arroz e feijão, 51% com água e luz e 50% de combustível, 49%
de frutas e verduras e 48% de carne vermelha.
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