Buscaremos diálogo e alternativas para reverter decisão dos EUA, diz CNI
Guerra e ômicron afetam produção e PIB industrial deve cair pela 7ª vez em 10 anos
CNI projeta crescimento da economia brasileira de 0,9% em 2022, enquanto a indústria deve recuar 0,2% diante das dificuldades impostas pelos novos entraves externos e inflação persistente
A Confederação Nacional da Indústria
(CNI) revisou para baixo as projeções sobre crescimento do
Brasil e da indústria. O Informe Conjuntural do 1º trimestre avalia que o
Produto Interno Bruto (PIB) do país vai aumentar 0,9%, uma queda em relação à
previsão anterior de 1,2%, e a indústria deve recuar 0,2% neste ano. Se esse
cenário se confirmar, será a sétima vez, em dez anos, que a indústria nacional
encolhe. A previsão feita em dezembro de 2021 era de que a indústria cresceria
0,5%.
Os dois
principais motivos para os cálculos mais pessimistas em relação à economia
nacional são: a guerra na Ucrânia e a variante Ômicron, que têm causado novas
interrupções de produção na China, em importantes centros industriais e
problemas logísticos. Tanto as sanções comerciais e financeiras impostas por
vários países ocidentais sobre a Rússia quanto a nova variante da Covid-19
contribuíram para a persistência dos desarranjos nas cadeias produtivas. A
guerra tem, ainda, o agravante econômico de pressionar para cima o preço dos
fretes internacionais devido à alta do petróleo e de várias outras commodities,
em especial de alimentos.
O
gerente-executivo de Economia, Mário Sérgio Telles, afirma que a indústria de
transformação, por ser a mais afetada pelos problemas de insumos e
matérias-primas e diante de uma demanda mais fraca, deve registrar queda no PIB
de 2% este ano, após crescer 4,5%, em 2021, e cair 3,4% em 2020. Além disso, a
redução da renda real da população e a alta nos juros, diz, desestimulam a
aquisição de bens de consumo duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, que
já se encontram em um patamar baixo de produção.
“Temos um
desafio, cada vez mais difícil, de enfrentar inflação alta com baixo
crescimento. Mas o Brasil não pode deixar que o controle da inflação recaia
exclusivamente sobre a elevação dos juros, principalmente pelo efeito de perda
de ritmo da atividade econômica. Sobretudo quando as expectativas de
crescimento já são modestas. Nesse sentido, medidas como a redução do IPI são
complementares à política monetária”, explica Mário Sérgio.
Reforma
tributária abre caminho para crescimento em 2023
De acordo
com Mário Sérgio, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
além de reduzir a carga tributária da indústria, o setor mais tributado da
economia, se contrapõe às pressões de custo pelas quais passam as empresas
industriais, o que contribui para o controle da inflação.
A CNI,
contudo, defende a reforma ampla da tributação do consumo, proposta pela PEC
110, por seu efeito imediato no aumento do nível de confiança na economia e na
competitividade da produção brasileira. “A reforma tributária, com redução do
Custo Brasil, pode lançar as bases para o Brasil crescer mais e de forma
sustentada, a partir de 2023”, avalia o economista da CNI.
Indústria
extrativa cresce 2% impactada por efeitos ambíguos da alta das commodities
A indústria
extrativa deve ter uma expansão de 2% neste ano, valor menor do que os 3% de
2021 e maior do que os 1,3% de 2020, de acordo com as projeções da CNI. O setor
deve contar com efeitos ambíguos da guerra na Ucrânia em 2022. O aumento dos
preços internacionais das commodities, em especial do minério de ferro e do
petróleo, tem efeito positivo sobre as exportações.
No entanto,
há também o comprometimento da eficiência do transporte marítimo diante das
sanções comerciais e o aumento dos preços dos fretes decorrente da alta dos
combustíveis, que deve ser um desafio relevante para o setor neste ano.
Veja o
quadro com todas as previsões:
- Taxa de
desemprego média para 2022 de 12,9%
- IPCA deve
terminar 2022 em 6,3%
- O crédito
às empresas deve ter expansão de 7,5%, percentual mais moderado em relação a
2021
- A taxa de
juros deve continuar aumentando até chegar em 13% ao ano em 2022
- Setor
público deve voltar a ser deficitário
- Medidas
fiscais de estímulo à economia terão impacto limitado
- Governos regionais devem manter resultado positivo- O resultado nominal do setor público consolidado vai encerrar 2022 com déficit de R$ 601,9 bilhões (5,97% do PIB), contra déficit de 353,1 bilhões (6,28% do PIB), em 2021
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