Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Produção de 72 por cento das empresas ouvidas pela CNI foi afetada por greve da Receita
Entre as exportadoras, cresceu o cancelamento de contratos. Número de importadoras que interromperam produção triplicou entre janeiro e abril
A
continuidade da maior paralisação de auditores fiscais da Receita Federal,
iniciada no final de 2021, tem agravado os impactos sobre as empresas, que
passam a ser permanentes, como o cancelamento de contratos. De 163 companhias
consultadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que importam ou
exportam, 72% tiveram sua produção afetada. A lentidão no desembaraço das
mercadorias é o principal problema apontado, tanto na importação como na
exportação.
Entre as
importadoras, 21,2% tiveram a produção interrompida, quase três vezes mais do
que os 7,8% registrados na consulta feita pela CNI em janeiro. O problema passou do 8º
mais recorrente para o 6º na comparação entre as duas sondagens. A greve tem
agravado a dificuldade de obtenção de insumos e matérias-primas. Das
importadoras, 23,9% relatam atraso na entrega de mercadorias, acima dos 7%
registrados em janeiro. O problema passou do 10º para o 5º mais recorrente.
Com o
prolongamento da greve, os impactos permanentes para a indústria brasileira se
intensificaram. Entre as exportadoras, o atraso na entrega de mercadorias foi
relatado por 40,2% das exportadoras, 16,8 pontos percentuais (p.p.) na comparação
com o resultado de janeiro, subindo do 4º para o 2º problema mais recorrente.
Também na comparação entre as duas consultas, o cancelamento de contratos subiu
de 1,8% para 7,6%, se tornando a 11ª principal queixa.
Para
Constanza Negri Biasutti, gerente de Comércio Exterior da CNI, o prolongamento
da operação-padrão agrava a situação do setor produtivo brasileiro, que já
enfrentam uma série de obstáculos estruturais à competitividade. “As empresas
têm sofrido consequências negativas causadas pela pandemia, como o
congestionamento nos portos, a falta de contêineres e altos valores de frete.
Os impactos negativos que constatamos com a continuidade do movimento de greve
se somam aos fatores que dificultam a recuperação das exportações da indústria
e da economia do país como um todo”, afirma.
Confira
aqui entrevista sobre a consulta com a gerente de Comércio Exterior da CNI,
Constanza Negri.
Outras
dificuldades registradas na consulta foram demora nas inspeções das cargas,
custos adicionais associados à armazenagem, logística e movimentação das
cargas, maior rigidez nas inspeções das cargas e no uso dos canais de
verificação, lentidão na concessão das Declarações de Trânsito Aduaneiro,
exigência de mais documentos, suspensão da operação de embarque e depreciação
das cargas.
A sondagem
foi feita entre 29 de março e 8 de abril. Das 163 empresas operadoras do
comércio exterior, 77% exercem tanto atividades de exportação quanto de
importação.
Programas
de facilitação do comércio exterior
Além dos
problemas listados, o movimento de greve também tem prejudicado o avanço da
agenda de facilitação e modernização do comércio exterior brasileiro ao
comprometer o desenvolvimento de programas estruturantes e prioritários para a
indústria, como o Operador Econômico Autorizado (OEA) e o Portal Único de
comércio exterior, ambos em processo de implementação.
Algumas
empresas relataram à CNI atraso na análise e certificação no Programa OEA. O
certificado de operador de baixo risco concedido pelo programa traz benefícios
como maior agilidade e previsibilidade das cargas nos fluxos do comércio
internacional, com consequente diminuição dos custos de transação relativos à
atividade aduaneira.
Estudo da
CNI estima que a efetivação completa do OEA até o fim de 2022 teria impacto de
US$ 17,17 bilhões para exportadores e importadores no acumulado de 2018 a 2030,
devido à economia de custos com aumento da eficiência aduaneira.
Já a expectativa em relação
ao Portal Único, é de um acréscimo de US$ 51,8 bilhões nas exportações do
Brasil no acumulado de 2014 a 2040, conforme estudo da CNI. O número considera
a redução de custos com burocracias alfandegárias e aduaneiras. O programa
facilita o comércio internacional ao integrar procedimentos, exigências
normativas e sistemas ligados a exportações e importações.
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