60 por cento das indústrias apontam carga tributária como fator de maior impacto na conta de luz, diz CNI
Produção de 72 por cento das empresas ouvidas pela CNI foi afetada por greve da Receita
Entre as exportadoras, cresceu o cancelamento de contratos. Número de importadoras que interromperam produção triplicou entre janeiro e abril
A
continuidade da maior paralisação de auditores fiscais da Receita Federal,
iniciada no final de 2021, tem agravado os impactos sobre as empresas, que
passam a ser permanentes, como o cancelamento de contratos. De 163 companhias
consultadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que importam ou
exportam, 72% tiveram sua produção afetada. A lentidão no desembaraço das
mercadorias é o principal problema apontado, tanto na importação como na
exportação.
Entre as
importadoras, 21,2% tiveram a produção interrompida, quase três vezes mais do
que os 7,8% registrados na consulta feita pela CNI em janeiro. O problema passou do 8º
mais recorrente para o 6º na comparação entre as duas sondagens. A greve tem
agravado a dificuldade de obtenção de insumos e matérias-primas. Das
importadoras, 23,9% relatam atraso na entrega de mercadorias, acima dos 7%
registrados em janeiro. O problema passou do 10º para o 5º mais recorrente.
Com o
prolongamento da greve, os impactos permanentes para a indústria brasileira se
intensificaram. Entre as exportadoras, o atraso na entrega de mercadorias foi
relatado por 40,2% das exportadoras, 16,8 pontos percentuais (p.p.) na comparação
com o resultado de janeiro, subindo do 4º para o 2º problema mais recorrente.
Também na comparação entre as duas consultas, o cancelamento de contratos subiu
de 1,8% para 7,6%, se tornando a 11ª principal queixa.
Para
Constanza Negri Biasutti, gerente de Comércio Exterior da CNI, o prolongamento
da operação-padrão agrava a situação do setor produtivo brasileiro, que já
enfrentam uma série de obstáculos estruturais à competitividade. “As empresas
têm sofrido consequências negativas causadas pela pandemia, como o
congestionamento nos portos, a falta de contêineres e altos valores de frete.
Os impactos negativos que constatamos com a continuidade do movimento de greve
se somam aos fatores que dificultam a recuperação das exportações da indústria
e da economia do país como um todo”, afirma.
Confira
aqui entrevista sobre a consulta com a gerente de Comércio Exterior da CNI,
Constanza Negri.
Outras
dificuldades registradas na consulta foram demora nas inspeções das cargas,
custos adicionais associados à armazenagem, logística e movimentação das
cargas, maior rigidez nas inspeções das cargas e no uso dos canais de
verificação, lentidão na concessão das Declarações de Trânsito Aduaneiro,
exigência de mais documentos, suspensão da operação de embarque e depreciação
das cargas.
A sondagem
foi feita entre 29 de março e 8 de abril. Das 163 empresas operadoras do
comércio exterior, 77% exercem tanto atividades de exportação quanto de
importação.
Programas
de facilitação do comércio exterior
Além dos
problemas listados, o movimento de greve também tem prejudicado o avanço da
agenda de facilitação e modernização do comércio exterior brasileiro ao
comprometer o desenvolvimento de programas estruturantes e prioritários para a
indústria, como o Operador Econômico Autorizado (OEA) e o Portal Único de
comércio exterior, ambos em processo de implementação.
Algumas
empresas relataram à CNI atraso na análise e certificação no Programa OEA. O
certificado de operador de baixo risco concedido pelo programa traz benefícios
como maior agilidade e previsibilidade das cargas nos fluxos do comércio
internacional, com consequente diminuição dos custos de transação relativos à
atividade aduaneira.
Estudo da
CNI estima que a efetivação completa do OEA até o fim de 2022 teria impacto de
US$ 17,17 bilhões para exportadores e importadores no acumulado de 2018 a 2030,
devido à economia de custos com aumento da eficiência aduaneira.
Já a expectativa em relação
ao Portal Único, é de um acréscimo de US$ 51,8 bilhões nas exportações do
Brasil no acumulado de 2014 a 2040, conforme estudo da CNI. O número considera
a redução de custos com burocracias alfandegárias e aduaneiras. O programa
facilita o comércio internacional ao integrar procedimentos, exigências
normativas e sistemas ligados a exportações e importações.
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