Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
CNI aponta caminhos para Brasil adotar hidrogênio sustentável como nova fronteira energética
País tinha
quatro projetos mapeados em 2021, entre 990 no mundo. Setores como químico,
fertilizantes, siderurgia e cerâmica têm potencial de se descarbonizar com nova
fonte energética
O
hidrogênio sustentável é uma das mais promissoras soluções para o futuro da
energia e representa uma grande oportunidade para a indústria brasileira se
descarbonizar, manter sua relevância frente à transição energética e ajudar o
país a cumprir as metas e compromissos pactuados nos acordos climáticos. O país
tem potencial para se inserir de forma competitiva nesse mercado, tanto pela
disponibilidade de recursos renováveis necessários para produção, como pelas
possibilidades de uso interno e exportação.
Segundo
dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), desde 2000
foram identificados 990 projetos de hidrogênio no mundo, e 67 países com ao
menos uma iniciativa na área. Desse total, apenas quatro no Brasil. E, de
acordo com estimativa do Hydrogen
Council, somente os projetos de larga escala anunciados a partir de
2021 somam investimentos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030. O mapeamento
está no estudo Hidrogênio
Sustentável: Perspectivas e Potencial para a Indústria Brasileira,
que será lançado no encontro Estratégias da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono, em
16 e 17 em São Paulo (SP).
“Temos todas as condições para ser protagonista no processo de descarbonização da economia no mundo através de tecnologias limpas como o hidrogênio verde”, diz o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. “A consolidação do Brasil como produtor de hidrogênio tem o potencial de gerar empregos, atrair novas tecnologias e investimentos e desenvolver modelos de negócios, bem como inserir o país numa posição relevante na cadeia global de valor, o que pode alterar positivamente a balança comercial do país”, destaca.
A CNI
ressalva, contudo, que o desenvolvimento do hidrogênio sustentável no país
depende de medidas estruturantes, entre as quais a elaboração de uma política
industrial que impulsione a produção de equipamentos e a prestação de serviços,
com incentivos ao financiamento para descarbonizar setores e segmentos
potencialmente competitivos e que possam contribuir para o crescimento
econômico do país associado a menores níveis de emissão de gases de efeito
estufa. A infraestrutura de transporte e armazenamento do hidrogênio é outro
fator importante, pois envolve questões de segurança na manipulação que
requerem protocolos, normas e formação de recursos humanos, e representam um
desafio nesse processo produtivo.
“O foco é a
construção de marcos regulatórios que tragam segurança aos investimentos,
incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias, adoção das melhores
práticas internacionais e promoção de estudos que dimensionem adequadamente o
potencial do segmento”, resume o presidente da CNI.
Oportunidades
para o hidrogênio sustentável no setor industrial
O estudo da
CNI identifica duas modalidades, ou rotas tecnológicas, como são chamadas as
diferentes tecnologias de produção do hidrogênio sustentável mais adequadas
para uso no setor industrial e para consolidação desse mercado. O hidrogênio
verde, que é produzido a partir de fontes renováveis, como energia solar e
eólica, sem emissão de gases de efeito estufa; e, o hidrogênio azul, obtido a
partir do gás natural e com emissões reduzidas por meio da tecnologia de
captura e armazenamento de carbono. O hidrogênio verde é uma alternativa
especialmente relevante para o Brasil, onde 95% do hidrogênio utilizado são
produzidos a partir de fontes fósseis (gás natural, por exemplo).
Para ajudar
o país a estruturar e consolidar esse mercado, a CNI está propondo a criação do
Observatório da Indústria para o Hidrogênio Sustentável, plataforma para
divulgação de informações e análises sobre tecnologias, projetos e políticas
públicas voltadas à indústria nacional. Além do monitoramento dos avanços da
cadeia do hidrogênio sustentável no Brasil, o Observatório pretende contribuir
para a avaliação da competitividade econômica e ambiental do hidrogênio
sustentável nacional e produtos industriais derivados de seu uso.
Segundo o
estudo, os setores industriais de refino e fertilizantes, grandes consumidores
de hidrogênio, têm potencial de uso imediato do hidrogênio sustentável como
estratégia de descarbonização. Já siderurgia, metalurgia, cerâmica, vidro e
cimento são os que apresentam o maior potencial para adoção do hidrogênio
sustentável no curto e médio prazo (3 a 5 anos).
* Amônia e fertilizantes verdes:
a produção de amônia a partir de hidrogênio verde em localidades perto do
agronegócio representa uma oportunidade de grande potencial. Já existe demanda
para amônia verde no mercado internacional e este é considerado um dos
combustíveis marítimos alternativos mais promissores para reduzir as emissões
de gases de efeito estufa na indústria naval.
*
Siderurgia: o hidrogênio verde pode substituir o coque (subproduto do carvão
mineral) que é adicionado ao minério de ferro e reage para produzir
ferro-esponja, com emissão de dióxido de carbono. Com o uso de hidrogênio
verde, a reação não libera dióxido de carbono – o único subproduto é a água – e
já existe demanda internacional para aço verde.
* Metanol
para as indústrias química e petroquímica: a grande
vantagem de converter hidrogênio de baixo carbono em metanol é que o processo
não exige o desenvolvimento de uma infraestrutura nova e extremamente cara e
não comprovada, nem sofre as grandes dificuldades de segurança, como com o uso
direto de hidrogênio.
Brasil tem
três hubs de hidrogênio em implementação
O setor de
energia e logística brasileiro estão à frente nos preparativos para aproveitar
as oportunidades de negócios envolvendo a oferta de hidrogênio. Alguns governos
estaduais, em parceria com complexos industriais e empresas de energia
começaram a desenvolver projetos de hubs
de hidrogênio verde – estratégia que busca contemplar modelos de negócio na
cadeia de valor do hidrogênio: da produção, armazenamento e uso à distribuição.
As iniciativas pioneiras são a do Porto do Pecém, no Ceará, de Suape, em
Pernambuco e a do Porto do Açu, no Rio de Janeiro.
Além da
oportunidade de descarbonizar a indústria brasileira, o hidrogênio verde tem
potencial para ser exportado, principalmente para a Europa. Entre os
países-alvo está a Alemanha, que tem feito parcerias com diversos países,
incluindo o Brasil, com o objetivo de comprar hidrogênio verde para uso final
e, em contrapartida, vender ou transferir tecnologia de produção alemã.
Recomendações
da CNI para consolidação do mercado de hidrogênio sustentável
*
Elaboração de metas e estratégias como desdobramento do Programa Nacional do
Hidrogênio.
*
Elaboração de estudos relacionados à demanda e à oferta (existente e
potencial).
*
Elaboração de uma política industrial para estruturação da cadeia de
fornecedores de hidrogênio no país, com seleção de setores e segmentos
potencialmente competitivos.
*
Implementação do mercado de crédito de carbono como pilar para incentivar a
descarbonização de segmentos da indústria.
*
Capacitação de pessoas para trabalhar na cadeia do hidrogênio.
*
Elaboração de um Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em Hidrogênio
Sustentável.
*
Elaboração de uma política nacional para produção de fertilizantes
descarbonizados a partir do hidrogênio sustentável.
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