Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
38 por cento das indústrias mudariam operação de rodovia para outro modal
Pesquisa da
CNI mostra que 28, 5 por cento das empresas optariam por transferir operação para
ferrovias se houvesse condições de infraestrutura adequadas para o escoamento
de produtos
Trinta e
oito por cento das indústrias trocariam o frete rodoviário por outro tipo de
transporte, caso houvesse iguais condições estruturais entre os modais.
Pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre
infraestrutura mostra, ainda, que as ferrovias seriam a primeira alternativa
para 28,5% dos industriais brasileiros para transferir suas operações de
escoamento de produtos. Só não o fazem porque avaliam que hoje o setor
ferroviário apresenta as piores condições entre os tipos de transportes – 31%
consideram esse modal ruim ou péssimo.
Atualmente,
somente 8% das indústrias usam as ferrovias para transportar sua produção.
Desses, 63% classificam o serviço prestado pelos trens como regulares, ruins ou
péssimos, enquanto 31% dizem ser bom ou ótimo. A pesquisa revela que 99% das
empresas utilizam os caminhões; 46% usam em algum momento o transporte aéreo; e
45%, o portuário. Na sequência, aparecem a cabotagem (13%) e hidrovias (12%).
As
principais razões apontadas pelos 2.500 executivos entrevistados para mudar a
operação para outro modal são a perspectiva de redução de custos (64%) e a
maior agilidade para a entrega do produto (16%). Para 46% dos empresários, o
custo é o principal problema na logística e operação das empresas. Segundo 84%
dos entrevistados, o custo do transporte e da logística na indústria é alto ou
muito alto – 79% indicam o frete como o principal custo logístico. Outros
problemas relatados são o roubo de cargas (22%), má condição dos modais (20%) e
má qualidade da frota (7%).
O
presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirma que os aumentos dos
investimentos em infraestrutura e a diversificação dos modais de transportes
são imprescindíveis para reduzir os custos dos serviços e de produção. “Essa
pesquisa mostra que há um enorme déficit na oferta de opções de transportes no
Brasil. O custo logístico das empresas e consequentemente dos produtos para o
consumidor só serão menores quando tivermos uma infraestrutura adequada”, diz
Robson Andrade.
Condições
de infraestrutura para as indústrias
Apesar de
terem apontado problemas especialmente relacionados aos transportes como
obstáculos no dia a dia das empresas, 56% dos empresários industriais ouvidos
pela pesquisa classificaram as condições de infraestrutura para as indústrias
como boas ou ótimas, embora três das quatro mais bem avaliadas não estejam no
setor de transporte de cargas.
Na
avaliação deles, as áreas que estão em melhores condições são a de energia (65%
ótimo ou bom), as de telecomunicações (60% ótimo ou bom); a de transporte aéreo
(56% ótimo ou bom); e de saneamento básico (48% ótimo ou bom). O transporte por
rodovias é classificado como bom ou ótimo por 46%. Na sequência, aparecem
portos, com 39%; e por último transporte por hidrovias (16%) e por ferrovias
(16%).
O gerente
de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI, Matheus de Castro, alerta que, mesmo
diante da extrema dependência dos caminhões para o transporte de cargas no
país, há um déficit enorme na oferta de serviços de transporte rodoviário, bem
como nos modais ferroviário e hidroviário. “Se tivéssemos mais oferta na parte
da logística, o custo total do transporte para a indústria seria muito
inferior. Isso vai muito além da disponibilidade de caminhões ou trens, é tudo
que envolve e contribui para a maior eficiência da movimentação de cargas no
país”, avalia.
>> Confira
aqui entrevista com gerente de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI, Matheus
de Castro.
“O Brasil tem
potencial para o transporte de cabotagem, hidroviário e ferroviário,
especialmente depois da criação do Programa BR do Mar e da aprovação do novo
marco legal de ferrovias. Temos um grande potencial para equilibrar melhor a
nossa matriz de transportes”, destaca. “Nenhum outro país continental como o
Brasil utiliza tanto o transporte rodoviário como a forma principal da
movimentação de cargas e de pessoas. Não faz sentido o modal rodoviário ser tão
utilizado em distâncias longas”, acrescenta Matheus de Castro.
Modal
rodoviário não é o indicado para longas distâncias
Embora o
modal rodoviário seja indicado apenas para pequenas e médias distâncias,
somente 48% dos industriais apontam trajetos com média inferior a 500
quilômetros para transportar suas mercadorias. Como sugere a pesquisa, existem
situações no país em que ocorre o embarque de cargas industriais em São Paulo
com destino à Belém, ou o envio de produtos da indústria alimentícia de Porto
Alegre para Teresina, com percursos de cerca de 2,9 mil km e 3,7 mil km,
respectivamente.
A CNI
alerta que a utilização do modal rodoviário nesses tipos de despacho gera
perdas econômicas com um maior custo logístico associado ao consumo de
combustível, níveis de acidentes, engarrafamentos, emissões de poluentes e
deterioração dos veículos e vias. Como consequência, o setor produtivo nacional
perde competitividade em relação a outros mercados.
Distância rodoviária média entre local de produção e destino de
venda dos produtos
36% - 101 a 500 km
22% - 501 a 1.000 km
12% - Até 100 km
11% - NS/NR
8% - Mais de 2 mil km
6% - 1.001 a 1.500 km
5% - 1.501
a 2.000 km
Brasil
precisa ampliar em três vezes investimentos em infraestrutura
A CNI
produziu dois estudos sobre infraestrutura que foram entregues aos principais
candidatos à Presidência da República. Os trabalhos têm foco em transportes e energia. O Brasil precisa aumentar os investimentos em
transportes em, pelo menos, três vezes para eliminar os gargalos que impedem o
país de ser competitivo e tornar sua logística adequada para o escoamento
interno de cargas, bem como para as exportações e importações.
Atualmente,
o país investe em infraestrutura de transportes apenas 0,65% do Produto Interno
Bruto (PIB). O patamar ideal para modernizar a logística de transporte do país
seria de 2% do PIB.
Principal gargalo para a indústria
73% - Transporte
13% - Energia
6% - Saneamento
5% - Telecomunicações
Principal
gargalo de transporte
67% -
Infraestrutura das rodovias
34% -
Infraestrutura de ferrovias
10% -
ampliação/duplicação de rodovias
9% - Custo
do combustível
9% - Acesso
aos portos
Duas principais obras para melhorar o contexto da indústria
36% - Melhorar a infraestrutura das estradas
31% - Ampliação/duplicação de rodovias
19% - Ampliação da malha ferroviária
Metodologia
A pesquisa encomendada pela
CNI foi realizada pelo Instituto FSB Pesquisa, que entrevistou 2.500 executivos
de grandes e médias empresas industriais, nas 27 unidades da Federação, sendo
500 em cada região. O campo foi feito entre os dias 23 de junho e 9 de agosto.
A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com
intervalo de confiança de 95%.
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