Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Indústria brasileira apresenta propostas para negociações na Conferência do Clima
Documento
da CNI para a COP27 traz proposições para a implementação do mercado global de
carbono, mobilização de financiamento climático e agenda de adaptação à mudança
do clima
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) preparou propostas
para o governo brasileiro apresentar na Conferência das Partes sobre Mudanças
Climáticas (COP27), que ocorre de 6 a 18 de novembro, em Sharm El Sheikh, no
Egito. O documento reúne as principais ações que o setor industrial considera
necessárias para a continuidade do desenvolvimento da agenda climática e as
medidas mais relevantes para o país no processo de negociação.
As
recomendações priorizam três temas: estabelecimento e operacionalização do
mercado global de carbono, mobilização de recursos para assegurar o
financiamento climático e avanço da agenda de adaptação à mudança do clima.
Elas se encontram no documento Visão
da Indústria para a COP27, construído em diálogo e colaboração com
o Grupo de Trabalho (GT) sobre o Artigo 6 e validado pela Rede Clima da
Indústria Brasileira, composta por mais de 70 instituições, dentre federações
de indústrias, associações setoriais e empresas.
Confira a
íntegra do documento “Visão da Indústria para a COP27”
“A
expectativa mundial é que a COP27 seja marcada por negociações visando à
implementação dos compromissos assumidos na COP26, em Glasgow. É também
esperado um aumento nas ambições das metas dos países, já que os compromissos
apresentados até a COP26 se mostravam insuficientes para limitar o aquecimento
global a 1,5° C”, diz o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
“Para o
Brasil, é urgente a definição de uma estratégia nacional para o melhor
aproveitamento do novo mecanismo do mercado global de carbono. E tão crucial
quanto as negociações que ocorrerão em Sharm El Sheikh, será a capacidade do
país de se organizar internamente para definir um plano de implementação das
metas brasileiras e a definição de um arranjo institucional que viabilize esse
novo mecanismo. Também precisamos avançar nas negociações sobre o financiamento
climático, buscando a implementação dos compromissos já assumidos, e retomar o
desenvolvimento do Plano Nacional de Adaptação”, destaca.
Definições
para implementação do mercado global de carbono
Durante a
COP27, as negociações buscarão definir regras e procedimentos que possibilitem
a operacionalização do mercado global de carbono, mecanismo previsto no Artigo
6 do Acordo de Paris. A CNI recomenda ao governo brasileiro a definição de um
plano de implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla
em inglês) elaborado com a participação de todos os setores produtivos, e o
estabelecimento de um arranjo institucional robusto para a implementação do
Artigo 6, por meio de um colegiado que coordene os diferentes órgãos do governo
federal envolvidos.
A indústria
também faz recomendações específicas em relação ao Artigo 6.4, que permitirá ao
setor privado investir em projetos de redução de emissões de gases de efeito
estufa (GEE) e gerar créditos que podem ser comercializados no futuro mercado
de carbono global ou abater metas de redução de emissões estabelecidas por meio
das NDC. Há especial preocupação para que o tema seja regulamentado por meio de
lei, para conferir segurança jurídica e legitimidade a todo o processo, além
das definições dos critérios para realização de ajustes correspondentes.
Além disso,
a indústria defende a transição justa e com segurança dos projetos e
metodologias que vigoravam no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL),
instrumento vigente desde o Protocolo de Quioto e que será substituído pelo
novo mecanismo, o MDS – Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável.
A CNI
também propõe a definição de uma estratégia nacional de uso e implantação de
atividades no âmbito do Artigo 6.2, que permite que países troquem entre si as
reduções de emissões ou remoções. Assim, os resultados da mitigação das
emissões que ocorram em um país podem ser transferidos para outro, que poderá
contabilizar esses resultados na sua meta nacional.
Nova meta
coletiva de financiamento e agenda efetiva de adaptação
Em relação
ao financiamento climático, a indústria pleiteia maior esforço da presidência
da COP para garantir o compromisso financeiro dos países desenvolvidos para
apoiar países em desenvolvimento nas ações relacionadas ao clima. Na COP26,
essa meta não foi alcançada, e as Partes decidiram que, antes de 2025, a
Conferência estabelecerá uma nova meta coletiva de um piso de US$ 100 bilhões
levando em consideração as necessidades e prioridades desses países mais
vulneráveis.
Já na
agenda de adaptação, a CNI recomenda que seja tratada com equidade com a agenda
de mitigação. No Egito, o país deve acompanhar o aprofundamento das discussões
sobre a meta global de adaptação, respeitando as realidades de cada país. E, em
âmbito nacional, a Confederação defende o desenvolvimento do Plano Nacional de
Adaptação para subsidiar esse processo e definir as melhores estratégias de
enfrentamento para o país, além das necessidades de financiamento climático.
“É
importante que o Brasil participe ativamente das discussões para garantir que o
grupo de trabalho designado para aprofundar a meta global de adaptação
estabeleça medidas transparentes e concretas para aumentar e disponibilizar o
financiamento para ações de mitigação e adaptação”, destaca o gerente-executivo
de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.
PROPOSTAS
SUGERIDAS PELA CNI AO GOVERNO BRASILEIRO
Artigo 6
(Mercado de Carbono)
- Definição
de um plano de implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)
elaborado de forma transparente e com a participação de todos os setores;
- Definição
de arranjo institucional robusto, com uma estrutura de colegiado que possa
exercer coordenação entre os diferentes ministérios e os setores mais
envolvidos na implementação da NDC brasileira;
- Definição
uma estratégia nacional de uso e implantação de atividades no âmbito do Artigo
6.2, que inclui a demonstração de contabilidade que promova a realização de
ajuste correspondente, entre outras questões;
- Adoção de
um sistema de cap and trade
por meio do estabelecimento de metas e regras de mercado para os setores
regulados de acordo com uma estrutura clara de governança e transparência qual
deve contar com a participação do setor industrial;
-
Implementação de um registro nacional de emissões que atenda aos requisitos de
integração com a estrutura de registro internacional;
Financiamento
climático
- Maior
esforço por parte do Brasil para garantir medidas transparentes e concretas
para aumentar o financiamento em mitigação e adaptação;
- Maior
engajamento do Brasil com países desenvolvidos e com a presidência da COP para
garantir o compromisso financeiro de países desenvolvidos, por meio da contínua
mobilização das lideranças políticas;
Adaptação à
mudança climática
- Esforços
adicionais, por parte do Brasil, para garantir que a comunicação referente às
necessidades de adaptação seja condizente com a realidade nacional;
- Maior
engajamento do país com a presidência da COP para garantir medidas concretas
para aumentar o financiamento para adaptação para os países em desenvolvimento,
como prometido na COP26.
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