60 por cento das indústrias apontam carga tributária como fator de maior impacto na conta de luz, diz CNI
Só 15 por cento dos brasileiros com mais de 16 anos estudam atualmente
Pesquisa do
SESI/SENAI com a população revela que apenas 38% dos que não estudam alcançaram
a escolaridade que gostariam. Entre jovens de 16 a 24 anos, 18% abandonaram por
gravidez/filho
Destaques
da pesquisa
- Só 15% dos brasileiros com mais de 16
anos afirmam que estudam atualmente (ensino fundamental, ensino médio, técnico,
superior ou pós-graduação) – 53% na faixa etária e 16 a 24 anos;
- A necessidade de trabalhar é o
principal motivo (47%) para interrupção dos estudos;
- Entre os jovens de 16 a 24 anos, 18%
interromperam os estudos por gravidez/filho;
- Entre as etapas de formação, a
alfabetização aparece em 1º lugar (23%) na lista do que deve ser prioridade
para o governo, seguida pelas creches (16%) e ensino médio (15%);
- A alfabetização tem a pior avaliação de
qualidade e o ensino técnico é o mais bem avaliado;
- A educação pública é vista como boa ou
ótima por 30% da população, índice que sobe para 50% para a educação privada.
- Entre os fatores de qualidade, aumentar
o salário dos professores, melhorar a capacitação dos professores e melhorar as
condições das escolas são as prioridades.
A frase
“Concluí os estudos” será cada vez mais rara de ouvir. As tecnologias têm
provocado uma verdadeira revolução, com impactos diretos no mercado de
trabalho. O mundo todo discute sobre aprendizado ao longo da vida, para
requalificar e realocar os trabalhadores, mas o Brasil tem desafios precedentes:
os altos índices de evasão e a baixa escolaridade da população.
Pesquisa de
opinião do SESI e do SENAI mostra a dimensão do problema. Só 15% dos
brasileiros com mais de 16 anos afirmam que estão matriculados em alguma
instituição de ensino, com diferenças consideráveis por região, faixa etária e
renda. A pesquisa ouviu 2 mil pessoas com mais de 16 anos nas 27 Unidades
da Federação, tendo uma amostra representativa da população brasileira.
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Estuda atualmente?
- 15% dos
brasileiros com mais de 16 anos estão matriculados em alguma instituição de
ensino (ensino fundamental, ensino médio, técnico, superior e pós-graduação) -
53% entre os jovens de 16 a 24 anos;
- Índice de
quem está estudando é maior no Nordeste (18%) e menor no Sul (10%);
- Índice
maior na capital (17%) e menor em região metropolitana (9%);
- Índice
maior entre quem tem renda familiar acima de 5 SM (24%) e menor na de 1 até 2
SM (9%);
- Entre os
que estudam, só 16% estão no Ensino a Distância (EaD), índice que chega a 35%
entre 41 e 59 anos. O EaD também está mais presente no Sul (24%) que no
Nordeste (13%).
Entre os
que não estudam atualmente, apenas 38% alcançaram a escolaridade que desejavam
e 57% não tiveram condições de continuar os estudos por diferentes motivos,
sendo o principal deles precisar trabalhar para manter a família (47%).
Para 18%
dos jovens de 16 a 24 anos, a razão para deixarem de estudar é a gravidez ou
nascimento de uma criança. A evasão escolar por gravidez/filho é maior também
entre mulheres (13%), moradores do Nordeste (14%) e das capitais (14%) – o
dobro da média nacional, de 7%.
“Não
podemos ter um projeto de país, para o desenvolvimento social e econômico, sem
considerar a educação. Conhecer os motivos e o perfil dos jovens e adultos que
interromperam os estudos, e consequentemente sua evolução profissional, é
indispensável para criar oportunidades e reduzir desigualdades”, alerta o
diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi.
Ruptura na
trajetória estudantil começa no ensino médio
O ensino
médio, que deveria ser a ponte entre a educação básica e o início da trajetória
profissional, é, provavelmente, a etapa mais emblemática. Cerca de 1 em cada 10
alunos reprova (4,7%) ou abandona (4,2%) a escola no 1º ano. O índice de
reprovação cai para 3% no 3º ano, mas o de abandono sobe para 4,7%. Os dados
são referentes ao Censo Escolar 2021.
Em um país
com 66,4 milhões de brasileiros com mais de 18 anos que não têm o ensino médio
completo e não frequentam a escola, é contraproducente fechar os olhos para
essas taxas, afirma Lucchesi. Até porque não demora para aparecerem os reflexos
da formação incompleta: 25,8% dos jovens de 18 a 24 anos nem estudam nem
trabalham (PNAD Contínua do 4º trimestre de 2022).
É um
problema crônico, que deixa o Brasil na lanterna, como aponta a última edição
do Education at a Glance, da OCDE: os nem-nem eram 35,9% dessa parcela da
população em 2020, o que colocava o país como 2º com a maior proporção de jovens
fora da sala de aula e do mercado de trabalho. A média dos países da OCDE era
de 16,6%.
Confira recorte da
pesquisa sobre Novo Ensino Médio.
Brasileiro
lista prioridades para o governo
A população
reconhece que há uma lacuna no início da escolarização. A alfabetização tem a
pior avaliação de qualidade: 47% dos entrevistados a consideram boa ou ótima e
20% ruim ou péssima – enquanto o ensino técnico, etapa mais bem avaliada, tem
58% de bom ou ótimo e só 8% de ruim ou péssimo.
Brasileiros
defendem educação profissional, mas acesso é para poucos.
A etapa de
desenvolvimento da competência da leitura e escrita deve ocorrer entre o 1ª e o
2º ano do Ensino Fundamental, por volta dos 6 anos de idade. As dificuldades
enfrentadas pelas famílias e pelos docentes para garantir que as crianças
fossem alfabetizadas durante a pandemia pode ter contribuído para a avaliação
negativa.
Tanto que a
alfabetização aparece em primeiro lugar na lista das etapas que devem ser
prioridade para o governo, apontada por quase um quarto (23%) dos brasileiros.
As creches aparecem em 2º lugar nas prioridades, com 16%; o ensino médio em 3º,
com 15%; e o ensino superior somente em 6º, com 6%. As entrevistas,
realizadas pelo Instituto FSB Pesquisa, ocorreram em dezembro.
Avaliação
da qualidade e prioridades variam de acordo com perfil
No geral, 23%
avaliam a educação pública como ruim ou péssima e só 30% avaliam como ótima ou
boa. Já a educação privada é avaliada como boa ou ótima por 50% dos
entrevistados. Quanto maior a renda e maior o nível de escolaridade, pior a
avaliação da rede pública. Além disso, brasileiros com ensino superior dão nota
mais alta para a importância do investimento em educação pelo poder público: 9
versus 8,4 na média nacional.
Para quem
tem entre 16 e 24 anos, a prioridade do governo deve ser o ensino médio (25%);
para os analfabetos/quem sabe ler e escrever são as creches (26%) e para quem
tem ensino superior é a alfabetização (33%).
“A
população tem uma clara percepção que nós temos deficiência nos anos iniciais,
a alfabetização e as creches, que ainda têm problema de abrangência. O Brasil
não conseguiu cumprir a agenda da educação no século XX como outros países.
Deveríamos estar discutindo inovação no século XXI, mas carregamos problemas
estruturais, de qualidade e na matriz educacional, que travam nosso desenvolvimento.
Precisamos melhorar a qualidade e ampliar a oferta da educação profissional”,
conclui Lucchesi.
Confira imagens de cobertura do Banco de Mídia da Indústria e sonora
completa do diretor Rafael Lucchesi:
- Quais os
destaques da pesquisa?
- O que os
dados nos indicam sobre os desafios que o país tem na educação?
- Qual a
visão da população sobre a educação infantil?
- Como está
a avaliação e qual a relevância da educação profissional para os brasileiros?
- Por que a
educação é um pilar importante para o desenvolvimento do Brasil?
- Como
tornar a escola mais atrativa para a juventude e conectada ao mundo do
trabalho?
Questionados sobre os
fatores que contribuem para melhorar a qualidade do ensino, os brasileiros
listam como prioridade: aumentar salário dos professores (23%), melhorar a
capacitação dos professores (20%) e melhorar as condições das escolas
(17%).
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