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CNI apresenta ao governo federal proposta para o mercado regulado de carbono
Indústria estruturou proposta de arquitetura e governança de modelo regulado de precificação de emissões de gases de efeito estufa, que pode movimentar até R$ 128 bilhões em receitas
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai apresentar ao
governo federal, na terça-feira (20), sua proposta para a implementação de um
sistema regulado de comércio de emissões de carbono no Brasil. O instrumento é
uma importante medida para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e tem
potencial de movimentar até R$ 128 bilhões em receitas, segundo estimativas do
projeto Partnership for Market
Readiness (PMR).
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Confira sonora com Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e
Sustentabilidade da CNI.
Após
avaliar os modelos praticados por Estados Unidos, União Europeia, México, Japão
e Coreia do Sul, em um estudo lançado em 2021, a CNI coordenou as discussões
com a base industrial e esboçou a arquitetura detalhada de um modelo de
precificação sob a ótica do cap
and trade – modalidade vista como a melhor para o Brasil – que
apresenta também aspectos relativos à governança do sistema.
O documento
será divulgado no evento Diálogo:
Mercado Regulado de Carbono e a Competitividade Industrial, que
contará com a participação do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, do
vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio
e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, além de representantes do Congresso
Nacional. Veja aqui a programação.
Os sistemas
de precificação de carbono se impõem de forma crescente no mundo, em particular
pelo grande volume de receitas movimentadas, em torno US$ 95 bilhões no ano de
2022, de acordo com estimativas do Banco Mundial.
Por isso,
para a CNI, o país precisa se posicionar de forma proativa nessa agenda.
Regularizar o mercado de carbono é uma das propostas da indústria para uma
agenda de baixo carbono e integra a missão “Descarbonização”, um dos quatro
pilares de política industrial propostos pela CNI no Plano de Retomada da Indústria e
já inserido entre as missões que serão debatidas pelo Conselho Nacional de
Política Industrial (CNDI), coordenado pelo MDIC.
Entenda a
proposta
Entre os
anos de 2016 e 2020, a CNI, federações de indústrias, associações setoriais e
empresas participaram do projeto Partnership
for Market Readiness (PMR Brasil). A iniciativa, coordenada pelo
governo brasileiro em parceria com o Banco Mundial, estudou os impactos da
implementação de sistemas de precificação de carbono no Brasil, mostrando
expectativa de crescimento do PIB, redução do desemprego e potencial de
movimentar receitas de até R$ 128 bilhões.
O projeto
PMR Brasil finalizou em dezembro de 2020, e os resultados sugeriram algumas
linhas de ação para o sucesso do estabelecimento do mercado regulado de
carbono. São elas:
- implementação
gradual, com o primeiro período de conformidade (de 2 a 5 anos), com
ambição modesta e foco no aprendizado;
- adoção
de um valor mínimo de emissão anual de 25 mil toneladas de CO2 para
selecionar os setores que serão regulados;
- regulação
com abrangência nacional para evitar a sobreposição de regulações
estaduais;
- e
mecanismos de estabilização de preços para evitar flutuações muito amplas.
As
experiências internacionais trouxeram também uma questão chave para o mercado
de carbono: a implementação de uma estrutura
de mensuração, relato e verificação (MRV) – obrigatória, em
escala nacional, antes do início da operação do mercado.
A
contabilização, quantificação e divulgação das informações dessas emissões de
forma acurada, padronizada, verificada e transparente são vitais para o
custo-efetividade do sistema. Isso porque os dados servem de insumo para
estabelecer e acompanhar metas setoriais e nacionais, bem como subsidiar a
gestão do desafio de combate às mudanças climáticas.
Além da
estrutura de MRV, é necessário desenvolver o Sistema de Registro Nacional de Emissões,
infraestrutura essencial para a operação do mercado e que exige um arcabouço
tecnológico avançado com medidas de segurança e de transparência.
Como
signatário da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Acordo
de Paris), o Brasil tem o compromisso de relatar seus inventários nacionais de
emissões e remoções de GEE.
A
divulgação desses inventários, hoje, é realizada pelo Sistema de Registro
Nacional de Emissões (SIRENE), instituído pelo decreto nº 9.172, de 17 de
outubro de 2017. O SIRENE apresenta os resultados de emissões no Brasil de
todos os gases de efeito estufa para os setores de resíduos, agropecuária, uso
da terra, energia e indústria.
A
ferramenta dá suporte à tomada de decisão no âmbito de políticas, planos,
programas e projetos na área de mudança do clima – no que diz respeito ao
desenvolvimento de conhecimento científico e adoção de medidas de mitigação.
Público e
privado: modelo de governança participativo
Para que o
mercado regulado de carbono seja efetivo, é fundamental que exista um alto
nível de governança por parte do governo federal, para planejar e implementar
um sistema adaptado ao contexto nacional. O setor industrial defende que essa
governança seja participativa e envolva o setor privado em instância
deliberativa, de forma que o mercado regulado de carbono garanta a
competitividade das empresas brasileiras no exterior e contemple todos os
setores emissores de gases de efeito estufa.
Assim, a
proposta da CNI para o sistema de comércio de emissões é detalhada numa
estrutura de governança que contempla três componentes: Plano Nacional de
Alocação, Programa de Monitoramento de Emissões de GEE e Mercado Regulado de
Emissões.
O Plano
Nacional de Alocação é composto um órgão colegiado, câmaras temáticas e
setoriais e autoridade competente (órgão regulador e coordenador, cuja
responsabilidade fica a cargo da administração pública). No caso do órgão
colegiado e das câmaras temáticas e setoriais, a CNI defende participação do
governo e de representantes do setor privado, este último com atribuição
deliberativa, não apenas consultiva.
Já para o
Programa de MRV, a CNI propõe que:
- O
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) fique responsável pela
coordenação de um programa para monitorar os inventários e as atividades
de mitigação de emissões; pela articulação entre os diferentes entes
públicos e privados que executarão as funções de MRV; e pela gestão do
Registro Nacional de Emissões de Carbono;
- O
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
coordene a acreditação de organismos verificadores;
- E
o setor privado se responsabilize pela publicação e verificação dos
relatos de emissões.
E para o
Mercado Regulado de Emissões, a entidade sugere um regulador, responsável pela
regulação e fiscalização do mercado de permissões e RVEs, um ente responsável
pela escrituração de permissões e RVEs e um ente responsável pela
operacionalização de leilões e do marketplace para mercado secundário.
Em termos
de funções regulatórias, o modelo usado em todo o mundo é sustentado por dois
pilares: uma autoridade competente e outro regulador do mercado de títulos. A
autoridade competente é um braço do poder público que faz a supervisão do
mercado e que pode, também, em certos casos, executar a operacionalização do
sistema. Por exemplo, no caso do sistema elétrico brasileiro, isso corresponde
à supervisão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por parte da
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e do Ministério de Minas e
Energia.
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