Presidente da FIERO participa do Fórum Empresarial Brasil-Colômbia em Bogotá
Exportadores brasileiros relatam impactos do novo sistema argentino de importação
Consulta
realizada pela CNI mostra que 7 em cada 10 empresas ouvidas foram negativamente
afetadas por medidas do país vizinho que restringem a entrada de produtos e
controlam a saída de divisas
As recentes
medidas adotadas pela Argentina nas operações de importação provocaram forte
impacto nas vendas brasileiras para o país. Como tentativa de implementar um
sistema de maior controle da cadeia de abastecimento e monitoramento das
operações de comércio exterior, o governo argentino adotou o Sistema de Importações
da República da Argentina (SIRA), em vigor desde outubro de 2022. O novo modelo
restringiu a concessão de licenças não automáticas (LNAs) e o acesso ao mercado
de câmbio.
A licença
não automática é um instrumento utilizado por países para controlar a entrada
de produtos em seu território. Em linhas gerais, significa que o exportador
brasileiro só poderá embarcar seu produto quando receber a licença do governo
argentino. Em consulta realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 252
exportadoras brasileiras, 77% das empresas indicaram que tiveram impacto
negativo nas exportações após a criação do SIRA - e destas, 84% apontaram que
houve redução no valor exportado para a Argentina.
A consulta empresarial foi feita pela CNI em abril deste ano
para analisar os primeiros seis meses do SIRA (outubro de 2022 a março de 2023)
e os efeitos de sua implementação sobre o embarque de bens para a Argentina.
Dos exportadores que indicaram queda no valor exportado após a implementação do
novo sistema, 49% apontaram que a redução nas vendas para a Argentina no
período foi acima de 41%.
“Os
resultados da consulta confirmam os desafios enfrentados pelas empresas
brasileiras e, ao mesmo tempo, a necessidade de se achar soluções para
facilitar e aprofundar as relações econômicas e comerciais com um parceiro tão
relevante para a indústria brasileira. As exportações e os investimentos entre
Brasil e Argentina são fundamentais para expandir a capacidade produtiva,
fomentar a inovação, criar empregos de melhor qualidade e estimular o
crescimento econômico em ambos os países”, avalia a gerente de Comércio e
Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.
>>
Confira aqui a análise completa da especialista.
Com novas
medidas, lista de produtos sujeitos às licenças não automáticas aumentou
Com a
entrada em vigor do novo sistema, a lista de mercadorias sujeitas às licenças
não automáticas saltou de 1.474, no início de 2020, para 4.193, no final de
2022 – e 99% dos produtos são da indústria de transformação. Considerando os
dados de comércio do ano passado, 59% do valor total das exportações
brasileiras à Argentina foram expostos a essa medida.
Questionados
sobre o principal problema relacionado às licenças não automáticas, 82% dos
exportadores consultados que tiveram impacto negativo nas operações indicaram a
demora na aprovação. O segundo problema, apontado por 55% das empresas, foi a
falta de transparência e critérios para aprovação. Em terceiro lugar foi
listado o problema de excesso de burocracia, com solicitação de informações,
documentos e formulários adicionais - assinalado por 44% dos exportadores.
Das
empresas que informaram ter sofrido impacto negativo nas operações de
exportação, 51% indicaram que o tempo médio para a aprovação das licenças não
automáticas supera os 60 dias. Somente 14% das empresas apontaram um tempo
médio de até 30 dias.
Prazo para
pagamento de importações é um dos principais problemas nas operações
As novas
restrições para importação na Argentina incluem também a aprovação do Banco
Central da República da Argentina (BCRA) para pagamento dos produtos que entram
no país. Em relação a esse processo, os três principais problemas apontados
pelos exportadores consultados são os prazos para pagamento muito longos (79%),
a burocracia para a liberação de divisas, mesmo após cumprimento do prazo
estabelecido (55%), e a alteração e extensão de prazos após aprovação do SIRA
(42%).
Além disso,
68% das empresas consultadas indicaram dificuldade no pagamento,
independentemente da modalidade usada nas operações.
Imprevisibilidade
no fechamento de negócios foi apontado como problema mais crítico
A consulta com empresários
avaliou também o impacto das mudanças do SIRA nos negócios dos exportadores
brasileiros. Em relação a este fator, o principal problema apontado pelos consultados
no período de seis meses foi a imprevisibilidade no fechamento de negócios
(86%), seguido pela perda de oportunidades, com clientes que deixam de comprar
(81%), e pela perda de oportunidades, com clientes que cancelam pedidos (47%).
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