Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
CNI projeta crescimento de 2,1 por cento do PIB em 2023
Confederação
mostra que a expansão não é maior porque a indústria e o serviços perderam
fôlego. Para ter desenvolvimento sustentado, Brasil precisa de política
industrial, reforma tributária e juros baixos
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que, neste
ano, a economia brasileira vai crescer 2,1% em relação ao ano passado e o
Produto Interno Bruto (PIB) da indústria será de 0,6%, com queda de 0,9% na
indústria de transformação. Os dados são do Informe Conjuntural – 2º trimestre de 2023, divulgado nesta
quinta-feira (13), e mostram uma desaceleração em relação a 2022, com um quadro
particularmente desafiador para a indústria e para as atividades do varejo mais
sensíveis ao crédito.
“O Brasil
tem dificuldades de crescimento porque, apesar de termos uma superprodução de
produtos agrícolas, falta competitividade à indústria nacional, principalmente
pela complexidade do sistema tributário. Os juros são exorbitantes, tornam o
crédito mais escasso e prejudicam a indústria e os consumidores. Mas as
expectativas são positivas, com o avanço da reforma tributária no Congresso e a
queda da inflação, que permitirá ao Banco Central iniciar a redução dos juros.
Além disso, o governo precisa acelerar a implementação de uma política
industrial, para que o país tenha uma maior inserção nas cadeias globais de
produção, de forma inovadora e sustentável”, afirma o presidente da CNI, Robson
Braga de Andrade.
De acordo
com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, é preciso ter
cautela ao analisar a crescimento do PIB do Brasil em 2,1%. Esse percentual
reflete a expectativa de aumento de 13,2% do PIB da agropecuária neste ano, no
entanto, a indústria e o serviços desaceleraram, o que mostra uma economia
menos saudável do que a desejada.
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Confira entrevista com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo,
sobre o informe.
“A expansão
de 2,1% é relevante, mas se isolarmos o resultado da agropecuária, , o ritmo de
crescimento do Brasil desacelerou. A indústria enfrenta os efeitos dos juros
altos, com restrição no crédito bancário, o que vemos penalizar tanto
empresários quanto consumidores. Além disso, o setor de serviços, que acumulou
avanços expressivos desde 2020, também agora se encontra em movimento de
desaceleração”, explica Marcelo Azevedo.
VEJA AS
PRINCIPAIS PROJEÇÕES PARA 2023
Indústria
da construção deve crescer 1,5%
O PIB da
Construção cresceu 10%, em 2021, e 6,9%, em 2022. No entanto, o forte aumento
dos custos da construção e o ambiente de juros altos contribuíram para a perda
de dinamismo em 2023. As alterações feitas ao programa Minha Casa Minha Vida
anunciadas em junho deste ano devem ter efeitos em 2024.
Consumo das
famílias será 1,8% maior em 2023 ante 2022
O consumo
das famílias deverá ser sustentado pelo aumento de 6,8% na massa de rendimento
real em 2023, pois a concessão de crédito à pessoa física tem caído desde
setembro de 2022, com avanço apenas em março de 2023. Estímulos fiscais, como
as mudanças no Bolsa Família
em janeiro de 2023, também deverão contribuir com o avanço do consumo em
segmentos como mercados e farmácias.
Mercado de
trabalho segue com baixa taxa de desemprego
O mercado
de trabalho tende a manter baixa taxa de desemprego. A estimativa da CNI é de
expansão de 2% do número de pessoas ocupadas no quarto trimestre de 2023 ante o
quarto trimestre de 2022. O crescimento das ocupações deve contribuir para o
recuo de 1 ponto percentual na taxa de desemprego média de 2023 ante 2022. A
previsão é de taxa de desemprego de 8,3%.
Inflação
desacelera, IPCA deve encerrar o ano em 4,9% e Selic em 12%.
Entre os
grupos que compõem o IPCA, os preços dos grupos industriais e alimentos são os
que mais têm contribuído para a desaceleração da inflação. Os alimentos estão
em desaceleração desde dezembro de 2022, em função: da estabilização dos preços
em reais das commodities
agrícolas, embora ainda em patamares elevados; da menor pressão sobre os preços
dos insumos agropecuários, por conta da redução dos impactos da guerra da
Ucrânia; e da valorização da moeda nacional. Dos preços industriais, a
desaceleração deve ser mantida ao longo de 2023 e o os preços desse grupo
encerram este ano com alta de 2,4%.
Mercado de
crédito terá retração de 3,6% em termos reais
A queda no
crédito é explicada sobretudo: pelas elevadas taxas de juros; pelo aumento da
inadimplência de empresas e consumidores; pelo elevado nível de endividamento e
de comprometimento de renda das famílias; e pelo aumento das provisões bancárias
(por conta de eventos adversos relacionados a grandes empresas varejistas no
Brasil).
Contas do
governo federal começam a dar primeiros sinais de piora em 2023
O setor
público consolidado – que engloba governos federal e regionais (estados e
municípios) e suas estatais – deve encerrar 2023 com déficit primário de 1,1%
do PIB, contra superávit de 1,3% do PIB em 2022. Dívida pública volta a crescer
em 2023, após dois anos de queda.
Setor
externo aponta para resultados positivos
Este ano será favorável às
vendas externas, especificamente de produtos agrícolas e agroindustriais
brasileiros. A previsão das exportações é de US$ 330,8 bilhões no encerramento
do ano. As importações atingirão US$ 268,4 bilhões. Confirmando-se essas
projeções, a CNI espera um saldo na balança comercial no valor de US$ 62,4
bilhões para 2023.
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