IMPRENSA
12 de March de 2025 - 08h04

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Indústria paga quase 10 por cento a mais do que outros setores, revela estudo inédito da CNI

Levantamento prova que remuneração dos trabalhadores empregados na indústria é superior à de trabalhadores com as mesmas características em serviços e na agropecuária

 

O rendimento dos trabalhadores da indústria foi, em média, 9,6% superior ao dos funcionários da agropecuária e dos serviços, no 4º trimestre de 2024. No setor de indústria extrativa, a diferença chega a 30%. É o que mostra uma nota econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta quarta-feira, 12. O levantamento tem como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNADCT), do IBGE.

A CNI comparou a remuneração de profissionais com mesma escolaridade, experiência, tempo de casa, sexo, região, raça/cor e formalidade. Superintendente de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles diz que três fatores explicam por que a indústria paga salários maiores do que os outros setores.

Fatores como produtividade maior, oferta de salários melhores para reter talentos e predominância de empresas de médio e grande portes, que valorizam profissionais com maior escolaridade, ajudam a compreender a diferença de remuneração.

“A produtividade do trabalho na indústria é maior do que na média da economia. A indústria é um setor mais complexo e moderno, por isso a rotatividade de mão-de-obra é mais prejudicial que em outros setores. Então, paga-se mais para reter os trabalhadores para evitar o custo de perder essas pessoas. O fato de a indústria ter muitas empresas grandes, que valorizam profissionais muito qualificados e com maior escolaridade, principalmente em setores tecnológicos, também contribui para salários mais altos”, avalia Telles.

Segundo a pesquisa, o diferencial de rendimento da indústria em relação aos demais setores não é sazonal. Pelo contrário, é algo que se mantém ao longo dos anos. Entre 2021 e 2024, oscilou entre um mínimo de 8,6%, no 3° trimestre de 2022, e um máximo de 10,5%, no 3° trimestre de 2021.

No recorte por setores industriais, a nota econômica mostra que um indivíduo empregado na indústria extrativa ganhava, no 4º trimestre de 2024, 30% a mais, em média, do que o restante do setor privado. Entre 2021 e 2024, esse diferencial oscilou entre um mínimo de 23,5% no 2º trimestre de 2022 e um máximo de 35,1% no 4º trimestre de 2023.

Na indústria de transformação, o diferencial de rendimento em relação aos outros setores da economia era de 7,8% no 4º trimestre de 2024. Entre 2021 e 2024, esse diferencial oscilou entre um mínimo de 6,6% no 4º trimestre de 2022 e um máximo de 9,7% no 3º trimestre de 2021.

Na indústria da construção, o diferencial de rendimento em relação aos outros setores da economia era de 11,5% no 4º trimestre de 2024. Entre 2021 e 2024, esse diferencial oscilou entre um mínimo de 7,9% no 1º trimestre de 2021 e um máximo de 13,1% no 4º trimestre de 2021.

No segmento de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos, a distância foi de 8,8% no 4º trimestre de 2024. Entre 2021 e 2024, esse diferencial oscilou entre um mínimo de 8,8% no 4º trimestre de 2024 e um máximo de 16,5% no 1º trimestre de 2021.

 

Sem isolar características favoráveis, indústria paga 15,8% a mais do que os outros setores

 

O principal objetivo da pesquisa era descobrir se a indústria paga melhores salários, de fato, ou se ela apenas concentra trabalhadores que, devido às suas características, como experiência, escolaridade, formalização e região de moradia, seriam sempre mais bem remunerados, independentemente do setor no qual estivessem alocados.

Sem isolar tais características, os trabalhadores da indústria receberam 15,8% a mais, em média, do que os demais funcionários do setor privado. Trata-se de um salário médio de R$ 3.022,87, enquanto os trabalhadores dos serviços têm rendimento médio de R$ 2.682,82, e os da agropecuária, de R$ 1.792,74.

Entre os segmentos industriais, o rendimento médio dos empregados na indústria extrativa alcançou R$ 4.631,70, no 4º trimestre do ano passado. No segmento de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos, o salário médio é de R$ 3.814,28 enquanto na indústria de transformação chega a R$ 3.098,37, e na indústria da construção, a R$ 2.483,93.

 

Indústria tem baixa informalidade

 

Segundo o levantamento, uma das características que ajuda a explicar o diferencial de rendimento dos trabalhadores da indústria é a menor proporção de informalidade do setor. Na indústria, o percentual de trabalhadores informais é de 23,7%, contra 31,9% nos serviços e 56,8% na agropecuária.

No recorte por segmentos industriais, a maior proporção de trabalhadores informais está na construção: 48,8% não têm carteira assinada. O número de informais é significativamente menor na indústria de transformação (15,2%), no segmento de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos (12%) e na indústria extrativa (também 12%).

 

Escolaridade e distribuição geográfica também contribuem para salários maiores

 

Outro aspecto por trás dos salários médios mais altos na indústria é a proporção de funcionários com alto nível de escolaridade. O percentual de indivíduos com ensino superior completo é de 2,7% entre os empregados da agropecuária, sobe para 15,4% entre os trabalhadores da indústria, e para 21,3% no setor de serviços.

A indústria extrativa concentra a maior proporção de trabalhadores qualificados, com 26,5% tendo concluído o ensino superior, número que cai para 24,1% no segmento de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos; para 16,7% na indústria de transformação; e para 9% na indústria da construção.

Segundo a CNI, a distribuição geográfica também contribui para que o rendimento médio dos trabalhadores da indústria seja maior que o dos funcionários dos demais setores. Isso se deve à concentração dos postos de trabalho industriais em áreas urbanas, a maioria deles localizados na região Sudeste que, tipicamente, conta com salários mais elevados, em média, em relação às outras regiões.

Ao todo, 47,1% dos trabalhadores da indústria estão no Sudeste. No setor de serviços, a proporção chega a 48,6%. Já na agropecuária cai para 31,6%. Além disso, 93,7% dos trabalhadores da indústria residem em áreas urbanas, contra 95,9% do setor de serviços e 49,1% da agropecuária.

A pesquisa também revela o rendimento médio dos trabalhadores dos três setores por Unidade da Federação (UF).

 

•          Os maiores rendimentos médios da indústria se encontravam em São Paulo (R$ 3.862,31), no Rio de Janeiro (R$ 3.613,63), no Distrito Federal (R$ 3.386,31) e no Paraná (R$ 3.305,76);

•          Os maiores salários médios da agropecuária estavam no Mato Grosso (R$ 3.002,69), Mato Grosso do Sul (R$ 2.630,69), São Paulo (R$ 2.475,45) e Distrito Federal (R$ 2.438,82);

•          No setor de serviços, os maiores rendimentos médios estavam em São Paulo (R$ 3.461,91), no Distrito Federal (R$ 3.239,61) e em Santa Catarina (R$ 2,999,03).


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