CNI aumenta de 2,4 por cento para 3,4 por cento a projeção de crescimento do PIB de 2024
Reforma tributária ampla une indústria, membros dos Fiscos, Estados, especialistas e sociedade civil
Por um país mais justo, entidades defendem reforma dos tributos sobre o consumo, que inclua os tributos federais (PIS, Cofins e IPI), estadual (ICMS) e municipal (ISS)
A Entidades da indústria, dos secretários de Fazenda dos
Estados, do Fisco, organizações da sociedade civil e movimentos sociais
divulgaram, nesta quarta-feira (11), o Manifesto em Defesa de uma Reforma
Tributária Ampla e Justa, em que pedem uma reforma completa dos tributos sobre
o consumo de bens e serviços. O documento cita as distorções que tornam o
modelo tributário brasileiro ineficiente e destaca a urgência da reforma
completa, incluindo os tributos federais (PIS, Cofins e IPI), estadual (ICMS) e
municipal (ISS).
“É um debate maduro e com um nível de consenso histórico,
que reafirma não apenas a urgência da reforma tributária, mas a importância de
uma reforma ampla dos tributos sobre o consumo. Uma reforma que torne o país
mais justo e favoreça os investimentos e o crescimento econômico”, diz o
documento.
Assinam o manifesto a Confederação Nacional da Indústria(CNI), o Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do DistritoFederal (Comsefaz), o Sindifisco Nacional, a Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), a Federação Nacional dos Auditores e Fiscais de Tributos Municipais (Fenafim), o Centro de CidadaniaFiscal (CCiF), o Destrava Brasil, o movimento Pra Ser Justo e o Centro deLiderança Pública (CLP).
As instituições afirmam que só será possível reduzir a
ineficiência e a complexidade do sistema atual com uma reforma que envolva
todos os tributos sobre o consumo. “Defendemos uma reforma tributária ampla,
que trate da tributação do consumo na sua totalidade”, segue o documento. Para
as entidades signatárias, a reforma deve ser realizada sob as seguintes
premissas:
- simplificação legal e operacional;
- base de incidência ampla de bens e serviços;
- homogeneidade das regras;
- não cumulatividade plena;
- incidência sobre o preçolíquido de tributos;
- crédito financeiro e ressarcimento ágil de créditos
acumulados;
- adoção do princípio de destino;
- redução da regressividade;
- fim da guerra fiscal;
- preservação do Simples Nacional;
- manutenção da carga tributária global;
- e o fortalecimento institucional da Administração
Tributária, estimulando uma relação respeitosa e construtiva entre o fisco e os
contribuintes e garantindo um ambiente concorrencial saudável e o efetivo
combate à sonegação e à corrupção.
Incidência sobre base ampla modernizará sistema brasileira
De acordo com o Manifesto, a incidência sobre uma base
ampla é fundamental para reduzir a cumulatividade e para acompanhar a inovação
tecnológica, “eliminando a discussão estéril sobre a fronteira entre bens e
serviços, que é cada vez menos clara. Na contramão das nações mais modernas, o
Brasil é o único país economicamente relevante que ainda tributa bens e
serviços de forma separada”, diz o manifesto.
A adoção do princípio de destino colocará fim à guerra
fiscal entre os estados, que se tornou um modelo disfuncional de
desenvolvimento, distorceu o ambiente concorrencial, fragmentou a federação e
resultou na corrosão das receitas estaduais. “A superação das desigualdades socioeconômicas
regionais deve ser feita através da alocação de recursos na expansão de
investimentos públicos em infraestrutura, na qualificação de trabalhadores e no
fomento a atividades produtivas nas regiões menos desenvolvidas”, defendem as
instituições na nota.
O documento explica que, sendo o Brasil um dos países mais
desiguais do mundo, a reforma também deve enfrentar o problema da
regressividade. Uma menor diferenciação na tributação entre bens e serviços
contribuirá para amenizar distorções distributivas. Além disso, para que a
tributação do consumo se torne mais progressiva, as entidades defendem a
devolução parcial do imposto pago pelas famílias mais pobres, que é uma forma
justa e eficiente de mitigar a regressividade.
“O sistema tributário brasileiro é excessivamente baseado
em tributos sobre o consumo e sobre a folha de salários, e subutiliza a
tributação direta sobre a renda e o patrimônio. A correção dessas distorções
deve ser o foco de uma agenda mais abrangente de reforma do sistema tributário
nacional”, continua o documento.
Debate está maduro para tratar tributos de todas esferas da Federação
As instituições afirmam que o tema da reforma dos tributos
sobre o consumo está maduro e que a única forma de avançar é por meio de uma
reforma ampla, que trate conjuntamente dos tributos federais, estaduais e
municipais. As entidades admitem a implementação em ritmos diferentes dos
tributos que venham a ser criados, tendo como objetivo chegar, no futuro, a uma
unificação completa. “É insuficiente uma mudança focada apenas nos tributos
federais – que não apenas será um desperdício do consenso político construído
nos últimos anos, como pode até mesmo dificultar uma reforma mais ampla no
futuro”, avaliam no manifesto.
“Uma reforma nos moldes propostos resultará num sistema
mais justo, solidário, transparente e eficiente. Mais justo, porque favorecerá
sobretudo os mais pobres. Mais transparente, porque os consumidores saberão
qual o valor do imposto incidente em suas compras. Mais solidário, porque contribuirá
para alinhar os interesses dos entes da federação. Mais eficiente, porque
resolverá todos os problemas do atual modelo de tributação do consumo. No
final, todos serão beneficiados”, concluem as entidades signatárias.
Confira aqui a íntegra do manifesto em defesa da reformaampla!
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