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26 de April de 2022 - 08h43

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Indústria 4.0: 69 por cento das indústrias brasileiras fazem uso de tecnologia digital no Brasil

Pesquisa realizada pela CNI mostra que as empresas do setor estão mais digitais do que há cinco anos e têm aderido a novas tecnologias para tornar processos e serviços mais digitais

 

A indústria brasileira está mais digital do que há cinco anos. Se em 2016, menos da metade (48%) fazia uso de alguma das tecnologias digitais analisadas, em 2021 esse percentual foi de 69%, como mostra a Sondagem Especial Indústria 4.0, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Realizada com mais de mil empresas, a pesquisa buscou investigar o avanço do uso das tecnologias da chamada indústria 4.0, que prevê a digitalização da produção industrial para integrar as diferentes etapas da cadeia de valor, desde o desenvolvimento do produto até o uso final.

 

Acesse a íntegra da Sondagem Especial Indústria 4.0

 

A Sondagem Especial Indústria 4.0 identificou a adoção de 18 tipos de tecnologias digitais pelas empresas e seu uso em diferentes estágios da cadeia industrial (em 2016 eram 10 tecnologias listadas). Entre os principais benefícios reconhecidos pela indústria da adoção das tecnologias digitais, está o aumento de produtividade, a melhora da qualidade dos produtos e a diminuição dos custos de produção.

 

Confira entrevista com a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha, sobre a sondagem.

 

Falta de conhecimento ainda é barreira para adoção de tecnologias digitais

 

Apesar do alto nível de adoção de pelo menos uma tecnologia digital, a maioria das empresas utiliza uma baixa variedade, indicando que se encontram em uma fase inicial do processo de digitalização. Ao todo, 31% ainda não adotaram qualquer tecnologia digital, 26% utilizam de uma a três das 18 listadas, e apenas 7% adotaram 10 ou mais delas.

 

Para Samantha Cunha, a falta de conhecimento das tecnologias pelas empresas ainda é um desafio que precisa ser solucionado e o baixo nível de variedades de tecnologias digitais reforça a necessidade de não apenas continuar avançando a adoção, mas também aumentar a integração das tecnologias para que os benefícios permitidos pela indústria 4.0 sejam ainda mais significativos.

 

“A adoção das tecnologias digitais avançou nos últimos cinco anos. As empresas estão buscando novos métodos produtivos. Porém, para alcançar os maiores benefícios que a indústria 4.0 permite alcançar, é necessário aumentar a variedade de tecnologias digitais adotadas, pois são tecnologias complementares. A integração no uso é importante para aumentar a produtividade das empresas”, pondera.

 

Custo de implementação é considerado principal entrave

 

Entre os entraves apontados pela indústria para investir em tecnologias digitais está o alto custo de implementação, apontado como principal barreira interna à adoção por 66% das empresas. Em seguida, vêm empatados a falta de conhecimento, a clareza sobre os retornos das tecnologias adotadas e a estrutura e cultura da empresa, apontados por 25% das empresas.

 

Apesar de as empresas industriais apontarem o alto custo de implantação como a maior barreira interna, a ausência de linhas de financiamento apropriadas aparece apenas em quarto lugar entre as barreiras externas. Cerca de 2 a cada 10 empresas (20%) apontaram esse entrave entre as três principais barreiras externas que dificultam a adoção de tecnologias digitais.

 

“Há uma percepção comum de que é caro investir nessas tecnologias, o que, em certa medida, está relacionado à falta de conhecimento, à dificuldade de saber como e por onde começar. Por isso, não basta oferecer linhas de financiamento apropriadas, é necessário também levar o conhecimento sobre as tecnologias às empresas”, ressalta Samantha.

 

Outro desafio é a falta de mão de obra qualificada. Para 37% das empresas, a falta de profissionais qualificados é uma barreira externa para adoção de tecnologias digitais. Em segundo lugar, aparece a barreira “Dificuldade para identificar tecnologias e parceiros”, assinalada por 33% das empresas. Já 29% das empresas consideram como um desafio o fato de o mercado não estar preparado (clientes e fornecedores).

 

Busca por maior customização do produto cresce com a digitalização

 

O uso da digitalização continua focado na melhoria de processos industriais. A automação digital com sensores para controle de processos se manteve a principal tecnologia em uso na indústria brasileira: 46% das empresas a utilizam, contra 27% em 2016. Considerando as 10 tecnologias mais utilizadas, sete são voltadas para o processo produtivo.

 

Os diferentes tipos de automação digital (sem sensores, com sensores e com identificação de produtos e condições operacionais) se destacam entre as tecnologias de processo produtivo mais utilizadas. A utilização da automação digital com sensores para identificação de produtos e condições operacionais/linhas flexíveis mais do que triplicou desde 2016, passando de 8% para 27% em 2021.

 

Esse aumento deve abrir caminho para o maior desenvolvimento de produtos customizáveis, onde as linhas flexíveis são essenciais. Além disso, a utilização da prototipagem rápida, impressão 3D e similares, outra tecnologia importante para customização, teve aumento em sua utilização. Em 2016, até 5% das empresas utilizavam essa tecnologia, hoje são 16%.

 

A complexidade das tecnologias digitais tem efeito em sua adoção. Por exemplo, as tecnologias com uso de inteligência artificial, como design assistido por inteligência artificial (4%) e aplicações de inteligência artificial para soluções na fábrica (9%), estão entre as menos adotadas, independentemente do porte de empresa.

 

Setor automotivo é o que adota maior variedade de tecnologias digitais

 

A pesquisa revela que em 2021 69% das empresas utilizaram pelo menos uma tecnologia digital. O setor de equipamentos de informática e eletrônicos se destaca com 88% das empresas utilizando pelo menos uma tecnologia, entre as 18 tecnologias digitais avaliadas. Em seguida vem o setor de biocombustíveis (81%) e sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (HPPC), com 80%.

 

“Apesar da diferença nas tecnologias listadas em 2016 e 2021, conseguimos afirmar que a adoção das tecnologias aumentou de cinco anos para cá. Isso fica evidente ao se analisar os resultados produzidos a partir de uma subamostra formada pelas mesmas empresas respondentes em 2016 e 2021. Nesse grupo, a maioria que respondeu que não adotava, ou não sabia se adotava alguma tecnologia digital, passou a adotar pelo menos uma tecnologia digital em 2021”, explica Edson Velloso, gerente de Estatística da CNI.

 

Contudo, os setores que aparecem no topo do ranking não necessariamente são os que utilizam as tecnologias digitais mais intensamente. Ou seja, 35% das empresas do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias utilizam pelo menos sete tecnologias digitais, enquanto no setor HPPC esse percentual cai para 8%. O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias se destaca como o que utiliza o maior número de tecnologias digitais. Aproximadamente 8% das empresas do setor utilizam 16 tecnologias ou mais, enquanto no setor de Químicos (exceto HPPC), que fica em segundo lugar, esse percentual é de 3%.

 

Entre os setores que menos utilizam pelo menos uma tecnologia digital, se encontram os de impressão e reprodução de gravações (46%), couros e artefatos de couro (45%) e produtos de minerais não metálicos (44%).

 

Aumento da produtividade é o benefício mais reconhecido

 

Quando perguntados sobre os benefícios que as empresas esperam conseguir com a adoção de tecnologias digitais, a maior parte dos empresários consultados na pesquisa respondeu aumento da produtividade (72%), seguido da melhoria da qualidade dos produtos ou serviços e da redução dos custos operacionais (60%). Enquanto melhorias no processo de tomada de decisão foram apontados por 49% dos entrevistados. Em quarto lugar tem o reconhecimento do aumento da segurança do trabalhador (38%).

 

Os benefícios obtidos também mostram que as tecnologias digitais conseguem trazer soluções específicas para cada setor. Por exemplo, o desenvolvimento de produtos ou serviços mais customizados foi indicado principalmente em setores onde as características dos produtos permitem maior customização, como máquinas, aparelhos e materiais elétricos (30%), calçados e suas partes (29%), veículos automotores, reboques e carrocerias (29%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e outros (24%) entre outros.


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