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Indústria 4.0: 69 por cento das indústrias brasileiras fazem uso de tecnologia digital no Brasil
Pesquisa realizada pela CNI mostra que as empresas do setor estão mais digitais do que há cinco anos e têm aderido a novas tecnologias para tornar processos e serviços mais digitais
A indústria
brasileira está mais digital do que há cinco anos. Se em 2016, menos da metade
(48%) fazia uso de alguma das tecnologias digitais analisadas, em 2021 esse
percentual foi de 69%, como mostra a Sondagem
Especial Indústria 4.0, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Realizada com
mais de mil empresas, a pesquisa buscou investigar o avanço do uso das
tecnologias da chamada indústria 4.0, que prevê a digitalização da produção
industrial para integrar as diferentes etapas da cadeia de valor, desde o
desenvolvimento do produto até o uso final.
Acesse a
íntegra da Sondagem Especial Indústria 4.0
A Sondagem Especial Indústria 4.0
identificou a adoção de 18 tipos de tecnologias digitais pelas empresas e seu
uso em diferentes estágios da cadeia industrial (em 2016 eram 10 tecnologias
listadas). Entre os principais benefícios reconhecidos pela indústria da adoção
das tecnologias digitais, está o aumento de produtividade, a melhora da
qualidade dos produtos e a diminuição dos custos de produção.
Confira
entrevista com a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha, sobre a
sondagem.
Falta de
conhecimento ainda é barreira para adoção de tecnologias digitais
Apesar do
alto nível de adoção de pelo menos uma tecnologia digital, a maioria das
empresas utiliza uma baixa variedade, indicando que se encontram em uma fase
inicial do processo de digitalização. Ao todo, 31% ainda não adotaram qualquer
tecnologia digital, 26% utilizam de uma a três das 18 listadas, e apenas 7%
adotaram 10 ou mais delas.
Para
Samantha Cunha, a falta de conhecimento das tecnologias pelas empresas ainda é
um desafio que precisa ser solucionado e o baixo nível de variedades de
tecnologias digitais reforça a necessidade de não apenas continuar avançando a
adoção, mas também aumentar a integração das tecnologias para que os benefícios
permitidos pela indústria 4.0 sejam ainda mais significativos.
“A adoção
das tecnologias digitais avançou nos últimos cinco anos. As empresas estão
buscando novos métodos produtivos. Porém, para alcançar os maiores benefícios
que a indústria 4.0 permite alcançar, é necessário aumentar a variedade de
tecnologias digitais adotadas, pois são tecnologias complementares. A
integração no uso é importante para aumentar a produtividade das empresas”,
pondera.
Custo de
implementação é considerado principal entrave
Entre os
entraves apontados pela indústria para investir em tecnologias digitais está o
alto custo de implementação, apontado como principal barreira interna à adoção
por 66% das empresas. Em seguida, vêm empatados a falta de conhecimento, a
clareza sobre os retornos das tecnologias adotadas e a estrutura e cultura da
empresa, apontados por 25% das empresas.
Apesar de
as empresas industriais apontarem o alto custo de implantação como a maior
barreira interna, a ausência de linhas de financiamento apropriadas aparece
apenas em quarto lugar entre as barreiras externas. Cerca de 2 a cada 10
empresas (20%) apontaram esse entrave entre as três principais barreiras
externas que dificultam a adoção de tecnologias digitais.
“Há uma
percepção comum de que é caro investir nessas tecnologias, o que, em certa
medida, está relacionado à falta de conhecimento, à dificuldade de saber como e
por onde começar. Por isso, não basta oferecer linhas de financiamento
apropriadas, é necessário também levar o conhecimento sobre as tecnologias às
empresas”, ressalta Samantha.
Outro
desafio é a falta de mão de obra qualificada. Para 37% das empresas, a falta de
profissionais qualificados é uma barreira externa para adoção de tecnologias
digitais. Em segundo lugar, aparece a barreira “Dificuldade para identificar
tecnologias e parceiros”, assinalada por 33% das empresas. Já 29% das empresas
consideram como um desafio o fato de o mercado não estar preparado (clientes e
fornecedores).
Busca por
maior customização do produto cresce com a digitalização
O uso da
digitalização continua focado na melhoria de processos industriais. A automação
digital com sensores para controle de processos se manteve a principal
tecnologia em uso na indústria brasileira: 46% das empresas a utilizam, contra
27% em 2016. Considerando as 10 tecnologias mais utilizadas, sete são voltadas
para o processo produtivo.
Os
diferentes tipos de automação digital (sem sensores, com sensores e com
identificação de produtos e condições operacionais) se destacam entre as
tecnologias de processo produtivo mais utilizadas. A utilização da automação
digital com sensores para identificação de produtos e condições
operacionais/linhas flexíveis mais do que triplicou desde 2016, passando de 8%
para 27% em 2021.
Esse
aumento deve abrir caminho para o maior desenvolvimento de produtos
customizáveis, onde as linhas flexíveis são essenciais. Além disso, a
utilização da prototipagem rápida, impressão 3D e similares, outra tecnologia
importante para customização, teve aumento em sua utilização. Em 2016, até 5%
das empresas utilizavam essa tecnologia, hoje são 16%.
A complexidade
das tecnologias digitais tem efeito em sua adoção. Por exemplo, as tecnologias
com uso de inteligência artificial, como design assistido por inteligência
artificial (4%) e aplicações de inteligência artificial para soluções na
fábrica (9%), estão entre as menos adotadas, independentemente do porte de
empresa.
Setor
automotivo é o que adota maior variedade de tecnologias digitais
A pesquisa
revela que em 2021 69% das empresas utilizaram pelo menos uma tecnologia
digital. O setor de equipamentos de informática e eletrônicos se destaca com
88% das empresas utilizando pelo menos uma tecnologia, entre as 18 tecnologias
digitais avaliadas. Em seguida vem o setor de biocombustíveis (81%) e sabões,
detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de
higiene pessoal (HPPC), com 80%.
“Apesar da
diferença nas tecnologias listadas em 2016 e 2021, conseguimos afirmar que a
adoção das tecnologias aumentou de cinco anos para cá. Isso fica evidente ao se
analisar os resultados produzidos a partir de uma subamostra formada pelas
mesmas empresas respondentes em 2016 e 2021. Nesse grupo, a maioria que
respondeu que não adotava, ou não sabia se adotava alguma tecnologia digital,
passou a adotar pelo menos uma tecnologia digital em 2021”, explica Edson
Velloso, gerente de Estatística da CNI.
Contudo, os
setores que aparecem no topo do ranking não necessariamente são os que utilizam
as tecnologias digitais mais intensamente. Ou seja, 35% das empresas do setor
de veículos automotores, reboques e carrocerias utilizam pelo menos sete
tecnologias digitais, enquanto no setor HPPC esse percentual cai para
8%. O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias se destaca
como o que utiliza o maior número de tecnologias digitais. Aproximadamente 8%
das empresas do setor utilizam 16 tecnologias ou mais, enquanto no setor de
Químicos (exceto HPPC), que fica em segundo lugar, esse percentual é de 3%.
Entre os
setores que menos utilizam pelo menos uma tecnologia digital, se encontram os
de impressão e reprodução de gravações (46%), couros e artefatos de couro (45%)
e produtos de minerais não metálicos (44%).
Aumento da
produtividade é o benefício mais reconhecido
Quando
perguntados sobre os benefícios que as empresas esperam conseguir com a adoção
de tecnologias digitais, a maior parte dos empresários consultados na pesquisa
respondeu aumento da produtividade (72%), seguido da melhoria da qualidade dos
produtos ou serviços e da redução dos custos operacionais (60%). Enquanto
melhorias no processo de tomada de decisão foram apontados por 49% dos
entrevistados. Em quarto lugar tem o reconhecimento do aumento da segurança do
trabalhador (38%).
Os benefícios obtidos
também mostram que as tecnologias digitais conseguem trazer soluções
específicas para cada setor. Por exemplo, o desenvolvimento de produtos ou
serviços mais customizados foi indicado principalmente em setores onde as
características dos produtos permitem maior customização, como máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (30%), calçados e suas partes (29%), veículos
automotores, reboques e carrocerias (29%), equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e outros (24%) entre outros.
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