Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Falta ou alto custo de insumos afeta 22 de 25 setores industriais analisados, diz CNI
Pandemia, guerra e lockdowns na China têm mantido a dificuldade no acesso a matérias-primas, no topo do ranking dos principais problemas da indústria de transformação, há oito trimestres seguidos
A indústria
de transformação registra, há oito trimestres seguidos, a falta ou o alto custo
de insumos e matérias-primas como principal problema. Entre abril e junho deste
ano, o cenário se repetiu e voltou a interferir na produção de 22 de 25 setores
industriais pesquisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), de acordo com a Nota Econômica 23, documento
que explora os principais problemas enfrentados pela indústria, com o
desdobramento setorial.
No segundo
trimestre deste ano, 71,7% das indústrias no setor de Impressão e Reprodução
alegaram que a dificuldade com insumos foi o principal problema. No setor de
Produtos de Limpeza, Perfumaria e Higiene Pessoal, 70% colocaram a falta ou o
alto custo dos insumos em primeiro lugar na lista. Essa dificuldade prejudicou
69,8% das indústrias de Veículos automotores, 68,3% dos Calçados e suas partes,
66% das indústrias de Bebidas, 63,3% de Produtos de borracha e 62,5% dos
Farmoquímicos e farmacêuticos.
A
economista da CNI Paula Verlangeiro explica que, aproximadamente, metade da
produção industrial é consumida como insumo pela própria indústria, assim, a
falta ou alto custo de insumos se dissemina por toda a cadeia de produção, seja
com aumento de preços ou redução da produção, até chegar ao consumidor.
>> Sonora
sobre os principais resultados da pesquisa com a economista Paula Verlangeiro.
As causas
são, explica Paula Verlangeiro, a crise provocada pela pandemia do Covid-19, a
guerra entre Rússia e Ucrânia e os severos lockdowns na China. Os dois últimos
fatores atrasaram a normalização das cadeias de insumos globais, que ainda não
haviam se recuperado totalmente dos choques causados pela pandemia. Assim, além
dificultarem a recuperação da produção industrial, também contribuíram para
pressionar mais os preços e aumentar a inflação global. A expectativa, segundo
pesquisa da CNI com empresários, é de normalização apenas em 2023.
“Diante
disso, as principais consequências são dificuldades em recuperar – ou manter -
a produção, o aumento dos preços de insumos e dos custos nas cadeias de
produção, além dos aumentos nos preços dos bens de consumo e a maior pressão
sobre a inflação”, explica a economista.
Madeira,
Farmoquímicos, Têxteis e Calçados registram as maiores altas entre o 1º e 2º
tri
Na comparação entre o primeiro e o segundo trimestre de 2022, os setores que registraram maiores altas na preocupação com a falta ou alto preço da matéria-prima foram: Madeira (8p.p.), Farmoquímicos e farmacêuticos (7,5 p.p.), Têxteis (6,0 p.p.) e Calçados e suas partes (5,8 p.p.). Para esses setores, há maior dificuldade no rearranjo dos insumos.
Alta da
SELIC: 16 dos 25 dos setores analisados consideram a alta dos juros um dos
cinco principais problemas
No cenário
de inflação elevada, o principal remédio do Bando Central é elevar a taxa
básica de juros, Selic, com impacto em todas as taxas de juros do país, como as
cobradas nos empréstimos, nos financiamentos e em aplicações financeiras. Em
menos de um ano e meio, a Selic passou de 2,00% para 13,25%, alta considerada
excessiva pelo setor industrial, que pode provocar efeitos negativos sobre a
produção, o consumo e o emprego.
Esse aumento explica o
porquê de a preocupação com a taxa de juros estar ganhando relevância há cinco
trimestres e voltar ao topo dos problemas depois de mais de seis anos sendo
pouco assinalada pelos empresários industriais. No ranking dos setores, 16 dos
25 setores industriais situam os juros entre os cinco principais problemas enfrentados.
Os setores Produtos diversos e Veículos automotores elencaram essa questão na
segunda posição do ranking. Os setores de Alimentos, Madeira, Máquinas e
equipamentos, Máquina e materiais elétricos, Metalurgia, Têxteis e Vestuário e
acessórios consideraram que esse item ocupa o terceiro lugar.
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