Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Brasil avança três posições e chega ao 54º lugar no Índice Global de Inovação
Apesar da
melhora, país não está bem na agenda de inovação. Investimentos na área têm
caído. Ranking com 132 países é divulgado pela Organização Mundial de
Propriedade Intelectual em parceria com a CNI
O Brasil
ganhou três posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com 2021
e agora está no 54º lugar no ranking que abrange 132 países. A melhora da
colocação, no entanto, não significa que o país esteja bem na agenda de
inovação, uma vez que os investimentos na área têm caído a cada ano e a posição
brasileira está sete casas abaixo da melhor marca atingida – o 47º lugar em
2011.
Os dez
países mais bem colocados no índice são: Suíça, Estados Unidos, Suécia, Reino
Unido, Holanda, Coreia do Sul, Singapura, Alemanha, Finlândia e Dinamarca. A
classificação é divulgada anualmente, desde 2007, pela Organização Mundial da
Propriedade Intelectual (OMPI - WIPO, na sigla em inglês), em parceria com o Instituto
Portulans e o apoio de parceiros internacionais – no caso do Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), é parceira na
produção e divulgação do IGI desde 2017.
Desde sua
criação, em 2007, o IGI tornou-se uma referência na avaliação da inovação e um
pilar na formulação de políticas econômicas, levando um número cada vez maior
de governos a realizar análises sistemáticas de seus resultados anuais em
matéria de inovação e elaborar políticas voltadas para melhorar seu desempenho
no Índice. O ranking também obteve o reconhecimento do Conselho Econômico e
Social das Nações Unidas, que em sua resolução de 2019 sobre ciência,
tecnologia e inovação para o desenvolvimento o define como um instrumento de
referência para avaliar a inovação em relação aos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
O tema do
IGI em 2022 é o futuro da inovação: estagnação ou recuperação da produtividade.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que esse enfoque é
extremamente relevante para o Brasil, considerando-se os desafios que o país
vem enfrentando para aumentar sua produtividade – que está em declínio há 40
anos. “A publicação ajudará a orientar as ações dos setores público e privado
voltadas para um crescimento impulsionado pela inovação, promovendo e apoiando
políticas científicas, tecnológicas e de inovação em nosso país”, destaca
Robson Andrade.
O IGI 2022
é calculado a partir da média de dois subíndices. O subíndice Insumos de
inovação avalia os elementos da economia que viabilizam e facilitam o
desenvolvimento de atividades inovadoras, agrupados em cinco pilares: (1)
Instituições; (2) Capital humano e pesquisa; (3) Infraestrutura; (4)
Sofisticação do mercado; e (5) Sofisticação empresarial. Já o subíndice
Produtos de inovação capta o resultado efetivo das atividades inovadoras no
interior da economia e se divide em dois pilares: (6) Produtos de conhecimento
e tecnologia e (7) Produtos criativos.
Análise da
posição brasileira
Na
avaliação da CNI, embora o Brasil tenha caído no ranking de “insumos de
inovação”, tendo piorado duas posições (de 56º, em 2021, para 58º em 2022), o
país subiu seis posições no ranking de resultados de inovação (59º para 53º), o
que explica a melhora no ranking geral. “Isso quer dizer que, em relação aos
investimentos em inovação, o Brasil piorou. Entretanto, é como se os agentes do
ecossistema brasileiro tivessem feito mais com menos e obtido melhores
resultados em inovação, apesar da queda nos insumos/investimento”, compara a
diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio.
Segundo
ela, essa melhora demonstra que, apesar das dificuldades estruturais do
ecossistema de inovação no Brasil, as empresas têm se saído melhor do que o
esperado. “Isso atesta as capacidades das empresas brasileiras. Se houvesse
investimentos perenes em inovação, o que não acontece, o Brasil poderia ser uma
potência em inovação”, alerta a diretora de Inovação da CNI.
Os
resultados demonstram a resiliência do setor empresarial brasileiro.
Atualmente, o Brasil tem a 35ª economia com negócios mais sofisticados do
mundo, apesar de as empresas brasileiras terem que conviver com instituições
muito mal posicionadas no ranking, e com infraestrutura que figura apenas em
65º lugar.
Na
avaliação da CNI, a falta de uma política pública consolidada para a inovação
gera insegurança e atrasos ao setor. Um dos exemplos é a edição da Medida
Provisória nº 1.136, de 29 de agosto de 2022, que limita o uso de recursos do
Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal
fonte de financiamento à inovação do país. A MP fixa que o FNDCT poderá
aplicar somente R$ 5,555 bilhões em 2022, ou seja, cerca de R$3,5 bilhões a
menos do inicialmente previsto.
A CNI
alerta para os danos que a medida provisória, se aprovada pelo Congresso
Nacional, causará para a ciência, tecnologia e inovação do país. A partir do
ano que vem, a medida estabelece uma porcentagem de aplicação que chegará em
100% dos recursos apenas em 2027. Em 2023, por exemplo o limite será de somente
58% da receita anual prevista. Sendo 68% em 2024, 78% em 2025 e 88% em 2026.
Outra
preocupação para a indústria é que, apesar de a Lei Complementar nº 177/2021
proibir o contingenciamento de valores do fundo, os recursos vêm sendo
constantemente bloqueados pelo poder público. Para o orçamento de 2022, o
governo já havia travado R$ 2,5 bilhões dos R$ 4,5 bilhões de recursos não
reembolsáveis do FNDCT.
Brasil é o
segundo colocado entre os países da América Latina e Caribe
Os dados
divulgados nesta quinta-feira mostram que o Brasil ocupa a 2ª posição entre os
países da América Latina no IGI, ficando atrás do Chile (50ª colocado). No ano
passado, o Brasil era o quarto entre ao latino-americanos, mas agora passou o
México (58º) e Costa Rica (68º) – veja no infográfico a comparação entre Brasil
e os países mais bem colocados da América do Sul e América Central.
De acordo
com o coeditor do IGI e diretor da Saïd Business School, da Universidade de
Oxford, Soumitra Dutta, Brasil, Peru e Jamaica apresentaram desempenho superior
ao esperado para o seu nível de desenvolvimento econômico. “Em termos
relativos, líderes regionais, como Chile e Brasil, na América Latina, e África
do Sul e Botsuana, na África Subsaariana, apresentaram melhoras em seu
desempenho em inovação”, pontuou.
CNI realiza
live para debater a posição do Brasil no ranking
Na
quinta-feira (30), às 10h (horário de Brasília), a CNI vai promover live no Youtube para debater a posição do Brasil no IGI. O
evento, transmitido em inglês, será mediado pelo presidente do Conselho de
Administração da Ultrapar e membro do Conselho Consultivo do IGI, Pedro
Wongtschowski.
O encontro
online contará com a participação do reitor da Saïd Business School da
Universidade de Oxford, Soumitra Dutta; do diretor-geral da Organização Mundial
da Propriedade Intelectual (WIPO), Daren Tang; do coeditor do Global Innovation
Index, Sacha Wunsch-Vincent; do diretor de administração da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep), André Godoy; do ministro da Ciência, Tecnologia e
Inovações, Paulo Alvim; e do CEO da TOTVS, Dennis Herszkowicz.
A indústria
brasileira na inovação
A fim de
contribuir para o avanço da agenda de CT&I no país, a CNI tem realizado nos
últimos anos diversas parcerias com órgãos públicos e centros de pesquisa. A
principal iniciativa nesse sentido é coordenar a MEI, que tem como objetivo
principal incentivar as empresas a colocarem a inovação no centro de suas
estratégicas de negócios.
A MEI tem
desempenhado papel fundamental na integração dos setores públicos e privado e
das universidades em torno de uma agenda consistente de inovação, que contemple
o aprimoramento do marco regulatório da inovação, a modernização do sistema de
financiamento e a reestruturação dos currículos de engenharia, entre outras
prioridades. A CNI mantém também uma importante rede de institutos de inovação
e tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que ajudam
indústrias de todo o Brasil a inovarem, e centros de inovação do Serviço Social
da Indústria (SESI).
Outra importante iniciativa
em prol da inovação foi a parceria firmada no ano passado pela CNI com o SOSA –
plataforma israelense que tem atuação global em inovação aberta. O acordo
oferece a empresas brasileiras de médio e grande porte a facilitação de acesso
a tecnologias disponíveis em mais de uma dezena de hubs de inovação. Além
disso, também promove startups brasileiras com maior nível de maturidade em
mercados internacionais, por meio de programas de residência nos ecossistemas
de Nova York e Tel Aviv.
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