Momento exige negociação e não retaliação, avalia CNI sobre decreto de tarifas de 50 por cento dos EUA
Compras até 50 dólares não beneficiam quem ganha menos e são esses mesmos que correm mais risco de perder emprego, diz CNI
Pesquisa inédita ouviu 2 mil pessoas em todo país e mostra que 18% de quem tem renda até 2 salários mínimos fazem compras internacionais com o incentivo fiscal
Pesquisa inédita da
Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Instituto de
Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI), da FSB Holding, revela que apenas 18% da
população com renda de até dois salários mínimos fizeram compras onlines
internacionais de produtos com isenção de até US$ 50. Na faixa da população com
renda acima de cinco salários mínimos, esse percentual sobe para 41%. Os dados
mostram que quem mais se beneficia da vantagem tributária concedida às
importações de até US$ 50 são as pessoas com renda mais alta.
A pesquisa ouviu duas mil
pessoas em todo o país entre 17 e 20 de maio. Do total de pessoas
entrevistadas, 24% disseram ter realizado compras internacionais, em sites ou
aplicativos, de produtos que vieram de outros países em 2023 e 73% disseram que
não realizaram.
Em nota conjunta, CNI, a
Confederação Nacional do Comércio Bens, Serviços e Turismo (CNC), a
Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Nova Central, Força Sindical,
IndustriAll Brasil, Confederação Nacional de Trabalhadores no Comércio e
Serviços (Contracs), Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos
(CNMT), Central dos Sindicados Brasileiros (CSB) e União Geral dos
Trabalhadores (UGT) afirmam que: ”o impacto no emprego hoje é mais severo em
setores da indústria e do comércio cujos produtos são mais comprados nas importações
de até 50 dólares”.
Atualmente, ao perder vendas
para essas importações menos tributadas, a indústria e o comércio nacionais
deixam de empregar 226 mil pessoas. A desigualdade na tributação entre a
produção nacional e as importações de até US$ 50, por meio de plataformas de
comércio eletrônico, destrói empregos no Brasil.
“Está claro que a isenção de
tributos em compras de até US$ 50 não beneficiam as pessoas que ganham menos e,
por consequência, sofrerão mais com desemprego e a falta de oportunidades com
as perdas dos negócios no Brasil”, afirma o presidente da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), Ricardo Alban.
Mulheres são as mais afetadas
com o desemprego
O impacto no emprego hoje é
mais severo em setores da indústria e do comércio cujos produtos são mais
comprados nas importações até US$ 50 dólares. Estes setores incluem a
fabricação de produtos têxteis, confecção de artefatos do vestuário e
acessórios, fabricação de calçados e de artefatos de couro, fabricação de
produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, e fabricação de
móveis e produtos de indústrias diversas.
E quem mais perde com a
redução dos empregos nesses setores são as pessoas que ganham menos e, principalmente,
as mulheres. Mais de 80% das pessoas empregadas nos setores mais afetados pela
isenção da tributação recebem até dois salários mínimos. As mulheres respondem
por 65% do emprego nesses setores, ante a média nacional de 40%.
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