CNI aumenta de 2,4 por cento para 3,4 por cento a projeção de crescimento do PIB de 2024
B20 Brasil entrega ao presidente Lula propostas para influenciar o G20
Pela 1ª vez, recomendações do setor privado são apresentadas antecipadamente à liderança do grupo. O documento será entregue ao presidente da República nesta quarta (28)
A liderança do B20 Brasil se
reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (28), no
Palácio do Planalto, para entregar as recomendações de políticas públicas que
devem influenciar as decisões do G20. Em 2024, o grupo econômico mundial é
liderado pelo governo brasileiro. Já o fórum de engajamento empresarial,
Business 20 (B20), é coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Esta é a primeira vez que o B20 entrega as propostas do setor privado ao G20
antecipadamente.
O objetivo é garantir mais
tempo para análise das 24 recomendações listadas pelo setor privado, antes da
reunião final do G20 marcada para novembro. O documento, conhecido como
communiqué, será entregue pelo chair do B20 Brasil, Dan Ioschpe, e pelo presidente
do Conselho Consultivo do fórum e presidente da CNI, Ricardo Alban.
As recomendações foram
construídas ao longo dos últimos meses pelas sete forças-tarefas temáticas e
pelo conselho de ação do B20 Brasil, que contam com mais de mil membros,
representantes de mais de 40 países. Para Dan Ioschpe, a entrega das
recomendações fortalece a participação do fórum empresarial durante a
presidência brasileira do G20, ao disseminar as propostas elaboradas e
contribuir para promover diálogo e formular políticas públicas.
“O trabalho do B20 Brasil foi
orientado por cinco pilares estratégicos que estão conectados às três grandes
prioridades do G20 e nos ajudaram a elaborar as recomendações necessárias, para
avançarmos em temas relevantes, além de propor soluções para grandes desafios
globais, como a transição energética e o processo de descarbonização, a
transformação digital, o combate à fome, pobreza e as desigualdades, entre
outros”, afirma Dan. “As propostas do B20 devem influenciar o debate do mais
importante fórum de cooperação econômica internacional, que é o G20”, finaliza.
B20 Brasil foca em eixos
prioritários
O presidente da CNI, Ricardo
Alban, reforça a importância do protagonismo da indústria brasileira nas
discussões em 2024 e destaca um dos pilares do legado da gestão atual, com
recomendações específicas para o setor privado do Brasil. "Estamos
convencidos de que as recomendações do B20 Brasil poderão contribuir com um
novo ciclo de crescimento do país. A expectativa é que as propostas sejam colocadas
em prática. Por isso, o B20 priorizou sugestões de alto impacto e que possam de
fato ser executadas", afirma Alban.
Conheça as principais
propostas do B20
>> Finanças e
Infraestrutura: acelerar a implantação de capital privado para facilitar a
transição para uma economia sustentável de baixo carbono.
Medidas prioritárias:
- Revisar o papel do financiamento do setor
público para melhorar a eficiência de alocação de capital em prol do
financiamento climático, com objetivo principal de mobilizar capital privado
para destravar investimentos do setor em escala;
- Debater as políticas de
capital regulatório e das agências classificadoras de risco para o
financiamento climático, para ter condições de aumentar a mobilização dos
fluxos de capital do setor privado para investimentos climáticos.
Motivação:
- De acordo com a COP28 e o
Climate Policy Initiative, para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) sejam atingidos em relação a metas
climáticas, será necessário um investimento anual de 5 a 8,5 bilhões de
dólares, até 2030.
>> Transição Energética
e Clima: acelerar o desenvolvimento e o uso de um portfólio de soluções de
energia renovável e sustentável para impulsionar a descarbonização no curto
(2030) e no longo prazo (2050), garantindo segurança energética.
Medidas prioritárias:
- Elaborar políticas,
regulações e incentivos para triplicar a capacidade energética renovável até
2030, expandir a infraestrutura das redes e acelerar a ampla eletrificação;
- Estabelecer mecanismos e
iniciativas para explorar o potencial sustentável e a prontidão de bioenergia e
biocombustíveis para descarbonização, para atingir o net zero e garantir a
segurança alimentar;
- Expandir outras soluções de
transição para o net zero, como captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS),
hidrogênio limpo e energia nuclear.
Motivação: De acordo com o
Fórum Econômico Mundial, as alterações climáticas poderão provocar a morte de
14,5 milhões de pessoas no mundo e resultar em perdas econômicas de US$ 12,5
trilhões até 2050.
>> Sistemas Alimentares
Sustentáveis e Agricultura: criar modelos inovadores de financiamento e
colaboração para apoiar a transição dos agricultores para sistemas alimentares
resilientes e sustentáveis.
Medidas prioritárias:
- Os membros do G20 devem usar
mecanismos de financiamento combinados, melhorar as capacidades e ofertas
financeiras – reduzindo riscos e incentivando investimentos – e redirecionar o
apoio agrícola para acelerar a transição para sistemas alimentares mais
resilientes, sustentáveis e equitativos;
- Esses países também devem
desenvolver uma estrutura regulatória que acelere o desenvolvimento de créditos
interoperáveis e de alta integridade para serviços como captura de carbono, e
redução do uso de água doce.
Motivação:
- Alcançar a transformação
necessária nos sistemas alimentares e obter os benefícios dessa mudança exige
um volume de financiamento significativamente maior do que os atuais. O
relatório Growing Better, da The Food and Land Use Coalition (FOLU), estima que
serão necessários de US$ 300 a 350 bilhões por ano até 2030 para apoiar essa
transformação.
>> Comércio e
Investimento: promover comércio e investimentos sustentáveis e resilientes.
Medidas prioritárias:
- Promover metodologias
aceitas internacionalmente para cálculo e prestação de contas sobre a pegada de
carbono de produtos, além de viabilizar boas práticas regulatórias e taxonomias
para instituições que queiram promover a sustentabilidade ambiental;
- Iniciar a revisão de
políticas comerciais restritivas unilaterais dos países do G20 nos últimos três
anos.
Motivação:
- As regulações governamentais
sobre as mudanças climáticas, em meio às crescentes demandas de consumidores e
investidores pela transição empresarial para net-zero, têm feito as
organizações acelerarem as mudanças nas cadeias de suprimentos. Até 2022, mais
de mil leis climáticas foram aprovadas desde a adoção do Acordo de Paris;
- As restrições comerciais
criam distorções no comércio, limitam as cadeias de valor globais das empresas
e, consequentemente, comprometem sua resiliência. Em outubro de 2023, cerca de
11,8% das importações do G20, o equivalente a US$ 2,287 bilhões, ainda estavam sujeitas
a medidas restritivas.
>> Mulheres, Diversidade
e Inclusão: promover um ambiente inclusivo para o futuro do mercado de trabalho.
Medidas prioritárias:
- Garantir orçamento público
para dar suporte abrangente e acesso equitativo à educação para estudantes de
baixa renda, com deficiência e demais grupos sociais relacionados, desde a
primeira infância até a capacitação e requalificação;
- Assegurar a implementação
responsável de IA sem vieses, por meio de comitês e alianças entre empresas dos
setores público e privado, com incentivo quando houver promoção de diversidade
e inclusão para o desenvolvimento desses profissionais.
Motivação:
- Um relatório feito pela
McKinsey estima que a IA generativa (GenAI) crie cerca de US$ 7 trilhões anuais
de riqueza global. No entanto, sem corrigir padrões antigos, a GenAI tem o
potencial de aumentar e perpetuar a atual desigualdade. Em 2022, de acordo com
o relatório Global Gender Gap do Fórum Econômico Mundial, as mulheres
representavam, em média, apenas 30% dos talentos na área de IA.
>> Emprego e Educação:
preparar uma força de trabalho resiliente e produtiva para o futuro do
trabalho.
Medidas prioritárias:
- Requalificar e melhorar
competências para diminuir a escassez de talentos, especialmente em
proficiência digital e sustentabilidade, por meio de incentivos financeiros
para implantar soluções de aprendizagem integradas no trabalho e para facilitar
o reconhecimento de competências;
- Aumentar a relevância e a
qualidade da educação básica e da educação profissional e tecnológica (EPT)
para a força de trabalho desenvolver habilidades essenciais para emprego e
negócios do futuro.
Motivação:
- Segundo a OCDE, 58% dos
empregos exigem pelo menos um nível básico de proficiência digital. Por outro
lado, um relatório da UNESCO mostra que 63% dos professores em países de baixa
renda eram mal qualificados para empregar ferramentas digitais no ensino;
- Em 2024, 75% dos
empregadores do mundo relatam dificuldades de encontrar o talento que precisam,
de acordo com levantamento do ManpowerGroup. É provável que essa situação
piore, principalmente devido a funções de manufatura que exigem habilidades da
Indústria 4.0.
>> Transformação
Digital: atingir conectividade universal de indivíduos e empresas, promovendo a
confiança digital e a cibersegurança, estabelecendo as bases para uma abordagem
responsável e pró-inovação para novas tecnologias, como a IA.
Medidas prioritárias:
- Acelerar a expansão e o uso
da infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação por meio de
modernização regulatória e parcerias público-privadas (PPPs) que incentivem
investimento, colaboração e competição justa;
- Fomentar cooperação
multilateral para melhoria da ação cibernética internacional;
- Fortalecer a colaboração
internacional e escalar frameworks pró-inovação baseados em gestão de risco
para o desenvolvimento, implementação e governança responsáveis da IA.
Motivação:
- Segundo a ONU, pelo menos
67% da população mundial, o equivalente a 5,4 bilhões de pessoas, estão on-line
em comparação com os 35% registrados em 2013.
>> Integridade e
Conformidade: promover a liderança ética para fomentar o crescimento inclusivo.
Medidas prioritárias:
- Aprimorar a transparência e
a comunicação em sistemas de inteligência artificial (IA) com a criação de
códigos de conduta, a adoção de frameworks globais sobre o desenvolvimento, e a
implementação e uso da IA de forma consciente e ética;
- Estimular os setores público
e privado a promoverem um local de trabalho justo e seguro, com medidas para
prevenir e combater o assédio.
Motivação:
- De acordo com a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), 22,8% dos empregados já sofreram assédio no
trabalho, e 79% disseram ter sido assediadas nos últimos cinco anos. Cerca de
12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por ano devido à depressão e
ansiedade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com um custo
expressivo de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade;
- O aumento dos investimentos
e adoção da IA em 2023, previsto para se aproximar de US$ 200 bilhões até 2025,
torna o desenvolvimento e uso ético e responsável da IA um tema urgente.
As 24 recomendações do B20
Brasil estarão disponíveis em breve, na íntegra, no site oficial do fórum:
https://b20brasil.org. As propostas serão debatidas durante o B20 Summit
Brasil, nos dias 24 e 25 de outubro, em São Paulo. A expectativa de público é
de mais de mil pessoas, entre convidados brasileiros e de países-membros do
G20. As inscrições para o evento estão abertas e são limitadas. Para se inscrever,
basta clicar aqui.
B20 é o grupo de engajamento
mais influente do G20
Além do chair Dan Ioschpe, a
estrutura do B20 Brasil é composta pela sherpa Constanza Negri e pelos CEOs
brasileiros que lideram as forças-tarefas: de Transição Energética e Clima,
Ricardo Mussa (Raízen); de Comércio e Investimento, Francisco Gomes Neto
(Embraer); de Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura, Gilberto
Tomazoni (JBS); do conselho de ação de Mulheres, Diversidade e Inclusão, Paula
Bellizia (Ebanx); de Finanças e Infraestrutura, Luciana Ribeiro (eB, Capital);
de Emprego e Educação, Walter Schalka (Suzano); de Transformação Digital,
Fernando de Rizzo (Tupy); e de Integridade e Compliance, Claudia Sender.
O B20 Brasil conta, ainda, com
cerca de 1.200 membros e dois conselhos consultivos, um nacional e um
internacional. Presidido por Ricardo Alban, o conselho nacional tem 15 líderes
empresariais brasileiros – de diferentes setores – que auxiliam a liderança do
B20 no aconselhamento estratégico e defesa junto a autoridades.
O fórum empresarial é um dos
13 grupos de engajamento sociais do G20. O objetivo é produzir, debater,
consolidar e apresentar recomendações aos líderes do G20, influenciando temas
como o combate à fome, às desigualdades sociais, a transição energética e a
transformação digital.
Em 2024, além dos 19
países-membros (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália,
Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia,
Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais
(União Africana e a União Europeia), a presidência brasileira convidou oito
países para participar do debate: Portugal, Noruega, Singapura, Espanha,
Nigéria, Egito, Angola e Emirados Árabes Unidos.
G20 e a economia mundial
O G20 tem uma liderança global
significativa. Nas últimas duas décadas, o bloco desempenhou um papel crucial
na coordenação de respostas a crises globais, como a estabilização dos mercados
financeiros e o lançamento de um estímulo econômico global para enfrentar a
crise financeira de 2008. Além disso, assumiu a liderança na luta global contra
a pandemia, com um estímulo fiscal de mais de US$ 5 trilhões para minimizar as
perdas de emprego e renda resultantes da pandemia de coronavírus.
Os membros do G20
representaram 88,2% do PIB mundial e mais de 75% do comércio internacional de
bens e de serviços em 2022, englobando 78,6% da população mundial. O grupo
também exerce forte influência no setor industrial brasileiro: no comércio de
bens industriais, em 2023, o G20 representou 71,8% das exportações brasileiras
(US$ 127,3 bi) e 85,8% das importações (US$ 187,4 bi) de bens da indústria de
transformação.
Além disso, ao G20 foi
responsável por 91% dos investimentos diretos recebidos pelo Brasil em 2021,
totalizando US$ 562,1 bilhões. Em contrapartida, o G20 foi destino de 92,1% dos
investimentos brasileiros diretos no exterior no mesmo período, um total de US$
200,7 bi.
Mais notícias
FIERO e TCE-RO dialogam sobre estratégias colaborativas de combate às queimadas
Temas de interesse da indústria rondoniense fazem parte do diálogo com o vice-presidente da República
Compras até 50 dólares não beneficiam quem ganha menos e são esses mesmos que correm mais risco de perder emprego, diz CNI