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CNI revisa para baixo PIB industrial em 2021
Nova previsão é de crescimento de 6,1% ante a expectativa de expansão de 6,9% em julho. A retomada corre riscos se a indústria não encontrar ambiente econômico favorável para reagir
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria para 2021. A nova previsão é de alta de 6,1% ante 6,9% feita em julho, de acordo com o Informe Conjuntural do 3º trimestre. O PIB brasileiro deve se expandir 4,9%. Nesse caso, não houve alteração devido as expectativas mais favoráveis do setor de serviços, com o bom desempenho de tecnologia da informação, logística e serviços técnico-profissionais e com a expectativa de recuperação dos serviços prestados às famílias.
De acordo com o
presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, conforme o dia a dia da economia se
reaproxima da normalidade, com o avanço da vacinação, fica evidente que o
Brasil terá que lidar com problemas que já atrapalhavam a economia antes da
pandemia e, ao mesmo tempo, lidar com os novos desafios trazidos pela pandemia.
“Brasil
realmente precisa das reformas tributária e administrativa e a manutenção do
compromisso fiscal para seguir o caminho do crescimento consistente, capaz de
aumentar o emprego e a renda das famílias. Além disso, à incerteza fiscal se
adiciona a política, acirrada com a proximidade do ano eleitoral, o que
prejudica a confiança dos agentes econômicos, dado que previsibilidade é
essencial para o investimento”, explica Robson Braga de Andrade.
A revisão para
baixo do PIB industrial ocorreu pelo desempenho negativo da indústria de
transformação no primeiro semestre. A previsão é de que esse segmento cresça
7,9%, um ponto percentual a menos que os 8,9% previstos na versão anterior do
Informe Conjuntural.
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aqui entrevista com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo
Na avaliação do
gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, no segundo semestre de
2021 a indústria continuará a ser impactada pela falta e encarecimento dos
insumos e pela elevação do custo da energia elétrica. Além disso, a elevação
dos juros para conter a inflação vai afetar de forma negativa os custos
financeiros e o financiamento das empresas industriais.
“O aumento
acumulado de custos compromete a competitividade dos produtos brasileiros e
prejudica, em especial, a indústria de transformação, que concorre com produtos
importados no mercado doméstico e enfrenta concorrência de outros países em
suas exportações”, explica.
Inflação é,
atualmente, o maior destaque entre os desafios imediatos da economia
A inflação é,
atualmente, o maior problema, surpreendendo negativamente mês após mês e
provocando elevação da taxa de juros. São vários os fatores afetando a
inflação: a desorganização das cadeias de suprimentos gera pressão sobre os
preços de bens industriais; a crise hídrica eleva os custos com energia; a alta
nos preços das commodities e a desvalorização da taxa de câmbio elevam os
preços de alimentos e combustíveis; e a progressiva normalização do consumo de
serviços pelas famílias eleva, aos poucos, os preços de serviços. Em suma,
todos os componentes do IPCA estão contribuindo pela alta da inflação, que
recentemente chegou a dois dígitos em 12 meses.
Assim, a
inflação deve manter-se em nível elevado até o final do ano e superar o teto da
meta para 2021. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2021
em 8,9%, acima do teto da meta de inflação para 2021 (5,25%).
Contas externas
contribuem positivamente para o PIB em 2021
A previsão é de
saldo comercial positivo em US$ 78,1 bilhões em 2021. Há uma tendência de
aumento no saldo da balança comercial em curso desde 2015. O saldo positivo da
balança comercial em 2021 é resultado de um crescimento expressivo das
exportações, que vai superar o registrado pelas importações.
As exportações
somaram US$189 bilhões, com crescimento de 37,4%, na comparação de janeiro a
agosto de 2021 com igual período de 2020. As importações somaram US$137
bilhões, com aumento de 34,4% na mesma base de comparação. Na comparação entre
os oito primeiros meses de 2020 e 2021, o superávit da balança comercial de
bens aumentou em US$16,4 bilhões.
O crescimento
do valor das exportações brasileiras pode ser explicado pela alta de preços das
commodities, que representam 51,1% da pauta exportada pelo Brasil; pelo câmbio
depreciado, que estimula as vendas externas ao reduzir o preço dos produtos
brasileiros em dólar; e pela recuperação da demanda global, consequência das
políticas de estímulo fiscal e monetário e do avanço do processo de vacinação,
principalmente dos principais parceiros comerciais do Brasil (China, Estados
Unidos e Argentina)
Recuperação de
serviços prestados às famílias e transporte aéreo devem aquecer o setor no
segundo semestre
O setor de
serviços vem se recuperando a uma taxa superior à esperada no Informe anterior
e já se encontra em patamar superior ao verificado antes da pandemia. Os dados
dessazonalizados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, mostram, em
julho de 2021, uma atividade 3,9% maior que a de fevereiro de 2020.
O desempenho
dos subsetores, no entanto, não é uniforme. Os serviços de tecnologia da
informação têm o melhor desempenho em relação a antes da pandemia, seguidos dos
serviços técnico-profissionais. Também se destacam positivamente o transporte
aquaviário e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio. Os
serviços de tecnologia da informação se beneficiaram com as mudanças
implementadas pelas famílias e pelos negócios em direção ao comércio online e
ao atendimento à distância.
Já o transporte
aquaviário tem se beneficiado pelo crescimento da cabotagem e pelo aumento na
movimentação nos portos. Por outro lado, ainda não se recuperaram da crise os
serviços prestados às famílias e o transporte aéreo. À medida que os efeitos da
vacinação se consolidam, com queda nas internações e nas mortes relacionadas à
covid-19, espera-se uma normalização gradual da economia, com retomada dos
serviços prestados às famílias, e do transporte aéreo.
Caso o nível de
atividade desses subsetores retorne ao nível anterior à pandemia, esse fator
implicará em um crescimento adicional de 2,7% no setor de serviços de forma
agregada e de 1,6% no PIB, dadas as suas participações na economia. Não está
claro se toda essa recuperação ocorrerá ainda em 2021 ou se estenderá para os
primeiros meses de 2022. Confira a nova edição do Informe Conjuntural.
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