IMPRENSA
02 de February de 2022 - 16h51

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Encontro de Bolsonaro com presidente do Peru em Porto Velho é mais um passo para consolidar integração iniciada pela Fiero há 30 anos

A reunião de trabalho entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente do Peru, José Pedro Castillo, nesta quinta-feira, 3, em Porto Velho é mais um passo rumo à consolidação de uma iniciativa da Federação das Indústria de Rondônia (Fiero), logo na sua segunda presidência, na década de 1990.

A Fiero defende luta pela integração comercial e turística entre Rondônia e Peru há mais de 30 anos, quando o visionário engenheiro Miguel de Souza e o jornalista e empresário Luiz Malheiros Tourinho, lideraram a primeira caravana de rondoniense rumo ao país andino. O que a Fiero já deslumbrava naquele tempo era o fortalecimento das relações comerciais entre empresas e empresários rondonienses com os peruanos.

O presidente da Fiero, Marcelo Thomé destaca a importância do encontro do presidente Bolsonaro com o presidente do Peru Pedro Castillo para o desenvolvimento regional de Rondônia e fortalecimento das relações comerciais entre os dois países.

Thomé lembra da relevância histórica da Fiero na defesa dos interesses da indústria rondoniense e o efetivo trabalho realizado para o fortalecimento das exportações dos produtos de Rondônia. O líder empresarial também reitera o pioneirismo da Fiero, assim como a marca indelével deixada pela iniciativa do engenheiro Miguel de Souza, presidente da entidade no período de 1990 a 1998.

O Peru tem se destacado em crescimento na América Latina desde 2009. A mineração no país andino é o seu pilar principal da economia, em que o coloca como um dos maiores produtores de ouro, cobre e prata, com forte atuação empresarial brasileira como Votorantim, Gerdau, dentre outras.

Marcelo Thomé, em nome da indústria, reforça a necessidade das medidas por parte do governo brasileiro junto ao peruano para incremento do comércio bilateral. As relações com Peru passam por um excelente momento dentro do novo contexto político de ambos países, com claros sinais de desenvolvimento fronteiriço através de iniciativas públicas permitindo melhores condições para os cidadãos e uma interligação cada vez mais fortalecida.

A balança comercial em 2021, registrou a cifra de USD 4,2 bilhões, sendo superavitária para o Brasil em USD 3,07, no mesmo eixo, o crescimento das exportações através da fronteira de Assis Brasil/AC alcançou USD 179 milhões em vendas. Esta rota vem se firmando a cada ano, no entanto, obstáculos das gestões passadas ainda são preponderantes e precisam receber total atenção do poder público.

Há a necessidade de ações urgentes do governo federal do Brasil e da República do Peru, os macros eixos de melhoria em matéria de: infraestrutura, logística, comércio e indústria, cooperação técnica e sustentável pela Amazônia e Turismo. São evidentes as diversas oportunidades que transitam pela estrada transoceânica rumo ao Oceano Pacífico e aos países andinos, o estado de Rondônia é, pela sua localização e diversa matriz econômica, o mais importante elo articulador que alavancará o crescimento da região norte com o país do Peru.

“Miguel de Souza, em sua gestão, foi um visionário. “Em 2012, graças a esse primeiro grande passo dado por ele, a Fiero, na gestão do então presidente Denis Baú, de 2009 a 2015, foi empreendida a missão empresarial “Fronteiras do Progresso”, ao Peru, realizada pela entidade em parceria com o governo de Rondônia. Houve a participação de 40 empresários rondonienses. Foi realmente um marco histórico”, afirma Thomé.

Marcelo Thomé pontua que “a iniciativa fosse apenas o governo, seria apenas o lado político sem o lado dos negócios. Se a Federação fosse sozinha teríamos apenas o contato com os empresários, e certamente a missão não teria o mesmo clima e a empolgação favorável quando unimos a classe política e a empresarial. Este projeto de integração Brasil, Rondônia, Peru, certamente rendeu frutos e abriu portas para o mercado andino, uma oportunidade de intercâmbio comercial com o povo peruano e expandindo a nossa produção e contribuindo ainda mais para o desenvolvimento do estado”.

 

Via de mão dupla

Outro ponto destacado pelo presidente da Fiero, a inauguração da Ponte do Abunã, conhecida como a rota do pacífico, uma bandeira defendida pela entidade, é uma estrada binacional que liga o noroeste do Brasil ao litoral sul do Peru, através do estado brasileiro do Acre. Além de favorecer a integração sul-americana na circulação de pessoas, o turismo e o comércio bilateral entre o Brasil e o Peru, a estrada garante o acesso dos produtos peruanos ao oceano Atlântico e o acesso dos produtos brasileiros ao Pacífico.

A ponte de Abunã integra a chamada “Rota Interoceânica” ou “Estrada do Pacífico”, um caminho pavimentado de quase 2.400 km, que interliga Porto Velho (Rondônia) e San Juan de Marcona, na costa do Peru, dando acesso aos portos de Matarani e Ilo.

Conforme o líder empresarial, a Federação tem inúmeras prioridades, e uma delas é empreender e garantir novos negócios e para isso o intercâmbio econômico e cultural entre o Brasil via região, e o Peru, é fundamental, pois a população do Peru atinge mais 32 milhões de habitantes enquanto a Bolívia possui uma população de 11,51 milhões de habitantes, certamente um grande mercado em potencial”, finalizou.

 

Geografia favorável

A situação geográfica de Rondônia em relação aos países vizinhos do norte da América do Sul coloca o Estado em posição estratégica, o que facilita a conquista de novos mercados. “Apenas como ilustração, faremos uma comparação de distâncias, tendo Porto Velho como referência: de Porto Velho a Santos, são 3 mil e 300 quilômetros, enquanto que, de Porto Velho a La Paz, na Bolívia, são 1 mil e 300 quilômetros. Quer dizer, com exceção de Rio Branco e Manaus, La Paz está muito mais perto de Porto Velho do que de qualquer outra Capital brasileira. Cuiabá está a 1 mil e 500 quilômetros e Brasília, a 2 mil e 586 quilômetros. Em direção ao Nordeste, Recife está a 5 mil quilômetros”, explica Thomé.

 

Liderança Peruana

O chefe de Estado, Pedro Castillo, anunciou que pedirá ao seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, a criação de um Gabinete Binacional para "promover o desenvolvimento das cidades fronteiriças" compartilhadas pelos dois países. “Existem demandas comuns na maior fronteira que o país tem e eu vou sentar e conversar para atender a população, e que eles não sejam mal interpretados e digam que estamos indo contra a soberania”, disse o presidente de Caballococha, em Loreto. Somos verdadeiramente peruanos, nos sentimos e vivemos como peruanos", acrescenta Castillo Terrones.

De acordo com os dados do Ministério da Indústria e Comércio, neste primeiro trimestre, o mercado peruano comprou mais de 1,6 milhão de dólares em carne bovina congelada, fresca ou resfriada.

 

Miguel de Souza faz história

Miguel de Souza levantou a bandeira da integração com os países andinos em 1990, quando promoveu o seminário “A saída para o Pacífico”. A ideia era mobilizar e viabilizar a construção da rodovia que ligará o Norte do Brasil aos portos do Oceano Pacífico, buscando concretizar a integração econômica e cultural dos países limítrofes de nossa região. Em 1992, liderou a Caravana da Integração, realizando uma viagem pioneira entre Porto Velho e os Portos IIo e Matarani, no Peru, provando assim a viabilidade do projeto.

Os resultados dessa viagem estão narrados no seu livro “A Saída para o Pacífico, publicado pela Edições Sebrae — Série Ideias e Pensamentos”, no qual relaciona não só as possíveis variantes para essa integração, como as diversas fontes de aproveitamento em termos de desenvolvimento local e regional. Promoveu o 2º Encontro Internacional de Integração Brasil/Peru/Bolívia, tendo como tema central exatamente a saída para o Pacífico.


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