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Encontro de Bolsonaro com presidente do Peru em Porto Velho é mais um passo para consolidar integração iniciada pela Fiero há 30 anos
A reunião de trabalho entre o presidente da República, Jair
Bolsonaro, e o presidente do Peru, José Pedro Castillo, nesta quinta-feira, 3,
em Porto Velho é mais um passo rumo à consolidação de uma iniciativa da
Federação das Indústria de Rondônia (Fiero), logo na sua segunda presidência,
na década de 1990.
A Fiero defende luta pela integração comercial e turística
entre Rondônia e Peru há mais de 30 anos, quando o visionário engenheiro Miguel
de Souza e o jornalista e empresário Luiz Malheiros Tourinho, lideraram a
primeira caravana de rondoniense rumo ao país andino. O que a Fiero já
deslumbrava naquele tempo era o fortalecimento das relações comerciais entre
empresas e empresários rondonienses com os peruanos.
O presidente da Fiero, Marcelo Thomé destaca a importância
do encontro do presidente Bolsonaro com o presidente do Peru Pedro Castillo
para o desenvolvimento regional de Rondônia e fortalecimento das relações
comerciais entre os dois países.
Thomé lembra da relevância histórica da Fiero na defesa dos
interesses da indústria rondoniense e o efetivo trabalho realizado para o
fortalecimento das exportações dos produtos de Rondônia. O líder empresarial
também reitera o pioneirismo da Fiero, assim como a marca indelével deixada
pela iniciativa do engenheiro Miguel de Souza, presidente da entidade no
período de 1990 a 1998.
O Peru tem se destacado em crescimento na América Latina
desde 2009. A mineração no país andino é o seu pilar principal da economia, em
que o coloca como um dos maiores produtores de ouro, cobre e prata, com forte
atuação empresarial brasileira como Votorantim, Gerdau, dentre outras.
Marcelo Thomé, em nome da indústria, reforça a necessidade
das medidas por parte do governo brasileiro junto ao peruano para incremento do
comércio bilateral. As relações com Peru passam por um excelente momento dentro
do novo contexto político de ambos países, com claros sinais de desenvolvimento
fronteiriço através de iniciativas públicas permitindo melhores condições para
os cidadãos e uma interligação cada vez mais fortalecida.
A balança comercial em 2021, registrou a cifra de USD 4,2
bilhões, sendo superavitária para o Brasil em USD 3,07, no mesmo eixo, o
crescimento das exportações através da fronteira de Assis Brasil/AC alcançou
USD 179 milhões em vendas. Esta rota vem se firmando a cada ano, no entanto,
obstáculos das gestões passadas ainda são preponderantes e precisam receber
total atenção do poder público.
Há a necessidade de ações urgentes do governo federal do
Brasil e da República do Peru, os macros eixos de melhoria em matéria de:
infraestrutura, logística, comércio e indústria, cooperação técnica e
sustentável pela Amazônia e Turismo. São evidentes as diversas oportunidades
que transitam pela estrada transoceânica rumo ao Oceano Pacífico e aos países
andinos, o estado de Rondônia é, pela sua localização e diversa matriz
econômica, o mais importante elo articulador que alavancará o crescimento da
região norte com o país do Peru.
“Miguel de Souza, em sua gestão, foi um visionário. “Em
2012, graças a esse primeiro grande passo dado por ele, a Fiero, na gestão do
então presidente Denis Baú, de 2009 a 2015, foi empreendida a missão
empresarial “Fronteiras do Progresso”, ao Peru, realizada pela entidade em
parceria com o governo de Rondônia. Houve a participação de 40 empresários
rondonienses. Foi realmente um marco histórico”, afirma Thomé.
Marcelo Thomé pontua que “a iniciativa fosse apenas o
governo, seria apenas o lado político sem o lado dos negócios. Se a Federação
fosse sozinha teríamos apenas o contato com os empresários, e certamente a
missão não teria o mesmo clima e a empolgação favorável quando unimos a classe
política e a empresarial. Este projeto de integração Brasil, Rondônia, Peru,
certamente rendeu frutos e abriu portas para o mercado andino, uma oportunidade
de intercâmbio comercial com o povo peruano e expandindo a nossa produção e
contribuindo ainda mais para o desenvolvimento do estado”.
Via de mão dupla
Outro ponto destacado pelo presidente da Fiero, a
inauguração da Ponte do Abunã, conhecida como a rota do pacífico, uma bandeira
defendida pela entidade, é uma estrada binacional que liga o noroeste do Brasil
ao litoral sul do Peru, através do estado brasileiro do Acre. Além de favorecer
a integração sul-americana na circulação de pessoas, o turismo e o comércio
bilateral entre o Brasil e o Peru, a estrada garante o acesso dos produtos
peruanos ao oceano Atlântico e o acesso dos produtos brasileiros ao Pacífico.
A ponte de Abunã integra a chamada “Rota Interoceânica” ou
“Estrada do Pacífico”, um caminho pavimentado de quase 2.400 km, que interliga
Porto Velho (Rondônia) e San Juan de Marcona, na costa do Peru, dando acesso
aos portos de Matarani e Ilo.
Conforme o líder empresarial, a Federação tem inúmeras
prioridades, e uma delas é empreender e garantir novos negócios e para isso o
intercâmbio econômico e cultural entre o Brasil via região, e o Peru, é
fundamental, pois a população do Peru atinge mais 32 milhões de habitantes
enquanto a Bolívia possui uma população de 11,51 milhões de habitantes,
certamente um grande mercado em potencial”, finalizou.
Geografia favorável
A situação geográfica de Rondônia em relação aos países
vizinhos do norte da América do Sul coloca o Estado em posição estratégica, o
que facilita a conquista de novos mercados. “Apenas como ilustração, faremos
uma comparação de distâncias, tendo Porto Velho como referência: de Porto Velho
a Santos, são 3 mil e 300 quilômetros, enquanto que, de Porto Velho a La Paz,
na Bolívia, são 1 mil e 300 quilômetros. Quer dizer, com exceção de Rio Branco
e Manaus, La Paz está muito mais perto de Porto Velho do que de qualquer outra
Capital brasileira. Cuiabá está a 1 mil e 500 quilômetros e Brasília, a 2 mil e
586 quilômetros. Em direção ao Nordeste, Recife está a 5 mil quilômetros”,
explica Thomé.
Liderança Peruana
O chefe de Estado, Pedro Castillo, anunciou que pedirá ao
seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, a criação de um Gabinete Binacional
para "promover o desenvolvimento das cidades fronteiriças"
compartilhadas pelos dois países. “Existem demandas comuns na maior fronteira
que o país tem e eu vou sentar e conversar para atender a população, e que eles
não sejam mal interpretados e digam que estamos indo contra a soberania”, disse
o presidente de Caballococha, em Loreto. Somos verdadeiramente peruanos, nos
sentimos e vivemos como peruanos", acrescenta Castillo Terrones.
De acordo com os dados do Ministério da Indústria e
Comércio, neste primeiro trimestre, o mercado peruano comprou mais de 1,6
milhão de dólares em carne bovina congelada, fresca ou resfriada.
Miguel de Souza faz história
Miguel de Souza levantou a bandeira da integração com os
países andinos em 1990, quando promoveu o seminário “A saída para o Pacífico”.
A ideia era mobilizar e viabilizar a construção da rodovia que ligará o Norte
do Brasil aos portos do Oceano Pacífico, buscando concretizar a integração
econômica e cultural dos países limítrofes de nossa região. Em 1992, liderou a
Caravana da Integração, realizando uma viagem pioneira entre Porto Velho e os
Portos IIo e Matarani, no Peru, provando assim a viabilidade do projeto.
Os resultados dessa viagem estão narrados no seu livro “A
Saída para o Pacífico, publicado pela Edições Sebrae — Série Ideias e
Pensamentos”, no qual relaciona não só as possíveis variantes para essa
integração, como as diversas fontes de aproveitamento em termos de
desenvolvimento local e regional. Promoveu o 2º Encontro Internacional de
Integração Brasil/Peru/Bolívia, tendo como tema central exatamente a saída para
o Pacífico.
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