Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
6 em cada 10 indústrias possuem área dedicada à sustentabilidade
Pesquisa da
CNI aponta ainda maior preocupação com a cadeia produtiva: 45% cobram
certificados ambientais de fornecedores. Para empresários, o que pesa na hora
de investir é a redução de custos
A
sustentabilidade é cada vez mais parte da estrutura organizacional da indústria
brasileira. Seis em cada 10 empresas possuem uma área dedicada ao tema, segundo
uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com executivos do
setor. Representa um salto em relação ao ano passado, quando 34% dos
entrevistados afirmaram ter no seu organograma área para lidar com o assunto.
Os dados serão divulgados durante a COP 27, a Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas, que está sendo realizada no Egito até 18 de
novembro.
Segundo a pesquisa, não foi só dentro das empresas que a sustentabilidade ganhou espaço. Também aumentou a preocupação dos empresários com o impacto na cadeia produtiva: 45% disseram exigir certificados ambientais de seus fornecedores e parceiros na hora de fechar um contrato. Em outubro do ano passado, o percentual foi de 26%. A maioria (52%) das indústrias, de acordo com os entrevistados, também já tiveram de comprovar ações ambientalmente sustentáveis na hora de serem contratadas contra 40% em 2021.
Outro
termômetro para medir a relevância do tema para o setor industrial é a visão
dos executivos sobre os consumidores. Em um ano, passou de 20% para 35% o
número de empresários que consideram alto ou muito alto o peso dos critérios
ambientais sobre a decisão de compra de seus consumidores. Mas, na prática,
apenas uma em cada 10 empresas, segundo os entrevistados, deixaram de vender
algum produto por não ter certificação ou seguir algum requisito ambiental.
“A indústria
brasileira assumiu a responsabilidade com a agenda ambiental e tem trabalhado
para se tornar referência no uso sustentável dos recursos naturais e
aproveitamento das oportunidades associadas à economia de baixo carbono. A
sustentabilidade está no nosso DNA, tanto na busca por eficiência quanto na
economia de recursos para ser mais competitivo e atender às exigências do
mercado internacional. O mundo cobra do Brasil responsabilidade ambiental, e o
setor privado tem interesse em se manter alinhado com os acordos
internacionais”, destacou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
>>
Saiba mais sobre a participação da indústria na COP 27.
A Pesquisa Sustentabilidade e Liderança Industrial da CNI, encomendada à FSB Pesquisa, entrevistou, por telefone, executivos de 1.004 empresas industriais de pequeno, médio e grande porte de todos os estados brasileiros. Dentro de cada região, a amostra foi controlada pelo porte das empresas e setor de atividade, além da proporcionalidade em relação ao quantitativo nos estados. As entrevistas foram realizadas entre os dias 6 e 21 de outubro de 2022.
Sete em
cada 10 indústrias vão ampliar investimentos em sustentabilidade. Redução de
custos é o fator que mais pesa nessa decisão
Em relação
aos investimentos em sustentabilidade, o cenário é de crescimento. Metade das
indústrias (50%) aumentou os recursos alocados em sustentabilidade nos últimos
12 meses, segundo os executivos. E um percentual ainda maior, equivalente a 69%
dos entrevistados, disse que os recursos financeiros para implementar ações de
sustentabilidade na sua indústria vão aumentar nos próximos dois anos. Esse
percentual foi de 63% no ano passado. Também cresceu de 30% para 47%, em um
ano, o número de executivos que enxergam a agenda de sustentabilidade como só
oportunidades ou mais oportunidades do que riscos.
Na opinião
dos empresários, o fator que mais pesa na decisão de investir em
sustentabilidade é a redução de custos, citado por 41% como primeiro e segundo
principal motivo. Em seguida, estão o aumento da competitividade e o
atendimento às exigências regulatórias, cada um desses tópicos foi citado por
30% dos entrevistados. Com percentual próximo também foram elencados como
motivos para alocar recursos nesta área o uso sustentável dos recursos naturais
(28%) e a reputação junto à sociedade e consumidores (26%). Nesta pergunta,
como os empresários tiveram de apontar dois principais fatores, o percentual é
a soma do primeiro e segundo motivo.
Já sobre os
obstáculos para a implementação de ações, 50% dos entrevistados apontaram a
falta de incentivos do governo como principal barreira. Do total, 37% citaram a
falta de cultura de sustentabilidade no mercado consumidor e, para 34%, o fato
de a sustentabilidade representar custos adicionais é o principal desafio para
a mudança no processo produtivo. Também nessa pergunta cada entrevistado
escolheu duas opções e os percentuais representam a soma da primeira e segunda.
Maioria dos
executivos dizem ter dificuldade em acessar crédito para ações sustentáveis
Na hora de
investir, as empresas recorrem pouco a incentivos externos, ou seja, fora do
orçamento da indústria, e costumam bater mais à porta do setor privado. A
maioria dos executivos (55%) considera difícil ou muito difícil o acesso ao
crédito para adoção de ações sustentáveis na produção. Do total das indústrias
pesquisadas, 23% buscaram por créditos privados nos últimos dois anos, sendo
que 15% obtiveram o financiamento. Dentre os que recorreram a recursos públicos
nos últimos dois anos, 16% tentaram crédito e 6% chegaram a receber o
benefício.
Considerando
o grupo de empresas que teve acesso a crédito público e/ou privado, o uso de
fontes renováveis aparece como principal finalidade: 47% utilizaram o recurso
para buscar fonte de energia limpa. Percentual muito acima dos demais objetivos
citados, como aprimoração de processos (16%), modernização de máquinas (14%) e
ações para reduzir resíduos sólidos (6%).
“A
indústria é uma grande aliada no desafio de promover investimentos verdes e se
apresenta como parte da solução nas questões climáticas. Para a CNI, a
consolidação de uma economia de baixo carbono dinâmica e próspera, capaz de
fazer o Brasil avançar em direção às metas estabelecidas no Acordo de Paris,
deve se basear em quatro pilares: transição energética, mercado de carbono,
economia circular e conservação das florestas”, destaca o gerente-executivo de
Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.
91% das
indústrias adotam ações para reduzir geração de resíduos sólidos. Já o uso de
fontes renováveis de energia é o principal foco de investimento
Sobre a
adoção de iniciativas sustentáveis, a pesquisa mostra que 84% das indústrias
realizam pelo menos cinco medidas dentre as nove incluídas no questionário. No
topo da lista, estão ações para reduzir a geração de resíduos sólidos na
produção, em que 91% dos executivos disseram já adotar a prática. Também
tiveram percentuais altos, 80% ou mais, ações relacionadas a melhoria de
processos, otimização do consumo de energia e do uso da água. Em último lugar
está o uso de fontes renováveis de energia, em que 48% das indústrias disseram
adotar.
Mas o uso de fontes renováveis de energia foi apontado como principal foco de investimento em sustentabilidade das indústrias nos próximos dois anos: 37% dos entrevistados disseram ser essa a primeira ou a segunda prioridade na alocação de recursos. Em seguida estão a modernização de máquinas, citada por 35% dos executivos, e ações para reduzir a geração de resíduos sólidos, com 32%. Como cada um dos entrevistados citou dois principais focos para os investimentos até 2024, os percentuais são a soma da primeira e segunda prioridade apontadas.
Mais notícias
SENAI de Ji-Paraná realiza ações práticas para turma de Técnico em Edificações
Selic está em patamar excessivo e incompatível, afirma CNI
Banco Central não deve insistir em aumento da Selic, defende CNI