Presidente da FIERO participa da COP29 e defende o protagonismo da indústria Amazônica
Equipes de robótica do Pará dão show de cultura e tecnologia em torneio regional
Produtos típicos, como o açaí e a farinha, se juntam às festas populares e tradições ribeirinhas para provar que a robótica vai muito além de construir robôs
O açaí é
o petróleo do Pará. O estado é o maior produtor e
exportador do fruto, que, diferentemente do combustível fóssil, é roxo e dá em
cima da terra, mais especificamente, em uma palmeira amazônica. E,
se estamos no Pará e energia é o tema da temporada de robótica da FIRST LEGO League Challenge
(FLL), o açaí é um ativo precioso.
A
competição regional de FLL acontece nesta quinta (9) e sexta-feira (10) em
Ananindeua, região metropolitana da capital do estado, Belém. São 36 equipes e
mais de 200 alunos, que trazem em seus adereços, projetos de inovação e nomes
dos times o que a região Norte e o estado
têm de mais rico: suas tradições, cultura, cores e sabores.
O elenco
é de peso e tem, além do mundialmente famoso açaí, a farinha de Bragança,
patrimônio cultural de natureza material do Estado do Pará, cuja produção tem o
registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de
Procedência.
O
arrastão da pavulagem, festa popular que ocorre no meio do ano em Belém, também
marca presença; junto com as garças que são a representação animal de um dos
pontos turísticos mais famosos da cidade, o mercado Ver o Peso. E como a
robótica é festa, mas também é coisa séria, os alunos se debruçam sobre os
problemas de comunidades carentes, trazendo ideias e protótipos inovadores
que podem melhorar a vida de milhares de pessoas.
Um futuro
na TI, na capital mundial do açaí
Igarapé e
Miri são, respectivamente, um curso d’água estreito e uma planta
nativa, ambos bem comuns na região amazônica. Juntas, elas viraram o nome
da cidade que leva o título de capital mundial de açaí. Para se ter uma ideia,
só em 2020, o fruto movimentou mais de R$ 1,57 bilhão na economia local, com
mais de 420 mil toneladas produzidas – ¼ da produção nacional.
Representando o
município, está a equipe Miri Girls, que, claro, trouxe bastante açaí na mala.
A técnica Rosana dos Santos explica que a participação das seis estudantes na
competição foi possível graças ao projeto EstroGênias, que contempla ao todo 35
meninas.
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SAIBA MAIS: Positivo
lança edital para incentivar a participação feminina na robótica
“Ainda
temos dificuldades para financiamento, conseguimos o transporte com a
prefeitura e a gasolina com um vereador. Mas as mães acreditaram na gente e eu
já vejo uma grande diferença de quando foi implementado o projeto, há dois
anos. As notas eram péssimas, 3, 4, 5. Agora é 8, 9 e 10. Umas já querem ser
programadoras, outras querem fazer curso de TI”, comemora Rosana.
Agatha
Martins é uma das alunas com bastante interesse e potencial. Dá para ver na
empolgação ao descrever o projeto: “Tem pessoas, especialmente na Amazônia
e aqui no Pará, que em pleno século XXI vivem sem energia. Nosso município
é cercado por rios, então pensamos em fazer energia ser gerada por água. A
correnteza da água move a ventoinha e gera energia para as casas ou
baterias”.
Farinha e
açaí, o combo paraense perfeito
E se o
açaí virar fonte de energia? A equipe Tubatronics é da escola SENAI de
Bragança, cidade que teve a produção de farinha de mandioca reconhecida, com a
IG de Procedência. Mas, apesar de exibirem a tão famosa farinha no pit, foi no
açaí que eles encontraram a solução para o projeto de inovação. “Colocamos
os caroços de açaí em biodiogestores, onde eles passam por decomposição e,
nesse processo, ele vira adubo e libera gás metano para gerar energia”, detalha
a competidora Nicolle Costa.
Equipes da
ilha de Marajó estreiam em um torneio de robótica
Chibé é
uma mistura de farinha de mandioca e água. Quem se alimenta dessa mistura
é papa chibé, que também é uma forma de chamar quem nasce no Pará. Foi daí que
os alunos da escola municipal Pedro Nogueira, na zona rural do município de São
Sebastião da Boa Vista, no arquipélago do Marajó, deram o nome
à equipe.
A Papa
Chibé é uma das três equipes de escolas públicas do Marajó que disputam pela
primeira vez um regional de robótica. O grupo, que inclui as equipes Veneza Bot
e Robô das Águas, chegou na quarta-feira (8), depois de uma viagem de barco de
10 horas. São ao todo 14 integrantes, mais os técnicos.
O Marajó
tem 16 municípios e os piores índices de desenvolvimento humano do Brasil. É
para tentar mudar a realidade e trazer melhores perspectivas para as novas
gerações daquela localidade que o SESI do estado firmou parceria com a
prefeitura e entregou os kits de robótica. Além de montar e programar o robô,
eles desenvolvem habilidades de pesquisa para inovar.
Andrey
Anderson, capitão e programador da Robô das Águas, explica que sua equipe quis
resolver o problema enfrentado pelos ribeirinhos, de alto custo do combustível
para os geradores que garantem a energia elétrica nas casas. “A nossa proposta
é trazer o gerador para dentro das embarcações, trocando o motor que usa
combustível fóssil por uma bateria com inversor que está ligado à hélice do
barco”, resume.
Festa
com garças
De Belém e
região metropolitana, as equipes Garça de Botas, do SESI Ananindeua, e
Pavulagem, que reúne estudantes de três escolas públicas, já chamam atenção
pelos nomes e chapéus que exibem. São homenagens às garças que todo dia batem
ponto em frente ao mercado do Ver o Peso e ao Arraial da Pavulagem, que há 35
anos ocorre nos domingos de junho e já é patrimônio cultural do estado.
“Esse é o nosso terceiro
ano. Quando criamos a equipe, pensamos em um nome que carregasse a cultura do
Pará. Aqui todo mundo já conhece a festa e o chapéu, nem é tão curioso, mas em
outros estados, não”, lembra Karen Santos, hoje mentora da Pavulagem. Foi
sonhando alto, mas com os pés na terrinha da qual tanto se orgulham, que eles
chegaram ao nacional nos dois anos que competiram.
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