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CNI recebe com total indignação alta de 0,25 p.p. da Selic
Taxa
básica de juros da economia vai a 10,75% ao ano, o que mantém o Brasil em 3º
lugar entre os maiores juros do mundo
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) recebe com total indignação a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Para a CNI, o nível da Selic antes da reunião desta quarta-feira (18) era mais do que suficiente para manter a inflação sob controle. A entidade afirma que a alta dos juros vai prejudicar a criação de emprego e renda para a população.
Segundo o presidente da CNI,
Ricardo Alban, a alta da Selic não apenas impõe custos desnecessários sobre a
economia, como coloca o Brasil na contramão do que a maioria dos países,
desenvolvidos ou em desenvolvimento vêm fazendo.
“É emblemático que no mesmo
dia em que os Estados Unidos decidem baixar a taxa básica após meses, o Brasil
resolva o contrário, elevar a Selic. Torna a nossa diferença de juros reais
ainda mais grave e cria condições desfavoráveis ao investimento no país. Até
que ponto a especulação do mercado futuro de juros influencia as narrativas da
expectativa de inflação futura?”, questiona Alban.
O cenário internacional é de
tendência de flexibilização do aperto monetário, lembra a CNI. Mais cedo, o
Banco Central dos EUA (FED) deu início a um ciclo de cortes da taxa de juros
norte-americana. Na última semana, o Banco Central Europeu (BCE), por sua vez,
já havia promovido o segundo corte consecutivo de juros, de 0,25 p.p.,
reduzindo a taxa para 3,5% a.a.
Política monetária bastante
contracionista
A CNI lembra que a inflação de
agosto, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu
0,02%, ficando abaixo das expectativas capturadas pelo Relatório Focus do Banco
Central, que apontavam alta de 0,02%. No acumulado em 12 meses até agosto, a
inflação foi de 4,24%, 0,26 p.p. menor que a de julho (4,50%). De acordo com a
CNI, isso é importante porque, além de apontar desaceleração, mostra que a
inflação acumulada em 12 meses voltou a ficar abaixo do teto da meta, que é de
4,5%.
A CNI ressalta que a
expectativa de inflação no horizonte relevante, aquele intervalo de 18 meses à
frente, no qual o Banco Central se baseia para definir o nível da Selic,
estaria em 3,2% ao final desse período – considerando a Selic fixa em 10,5%
a.a. Ou seja, apenas 0,2 p.p. acima da meta definida pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN), de 3%.
Esses números reforçam que a
taxa de juros do Brasil já era suficiente para a convergência à meta de
inflação. Para a CNI, não poderia ser diferente, pois há 31 meses a taxa de
juros real do Brasil está acima da taxa de juros neutra – aquela que não
estimula nem desestimula a atividade econômica –, estimada pelo próprio Banco
Central, marcando uma política monetária bastante contracionista.
Considerando o aumento recente
da Selic, que passou para 10,75% a.a., e a expectativa de inflação de 4,08%
para os próximos 12 meses, a taxa de juros real subiu para 6,41 a.a., ficando
1,66 p.p. acima da taxa de juros neutra.
A CNI destaca que a alta da
Selic mantém o Brasil em 3º lugar entre as maiores taxas de juros reais do mundo,
atrás apenas de Turquia e Rússia. Juntamente com o nosso problema de elevado
spread bancário – também o 3º maior do mundo –, esse fator empurra o país para
fora da disputa mundial pela produção.
A entidade pontua, também, que
esse aumento na taxa de juros “joga contra” a recuperação da indústria de
transformação e do investimento, que começou a ganhar tração recentemente,
depois de terem registrado queda em 2023.
“Por tudo isso, fica claro que
subir a Selic foi uma decisão totalmente equivocada do BCB. Nesse contexto, é
fundamental que o BCB retome os cortes na taxa de juros o quanto antes. Apenas
com um ambiente de menor custo de financiamento é que as empresas conseguirão
viabilizar projetos de investimento que são essenciais para o aumento da produtividade
e da capacidade produtiva, com ganhos para o crescimento da economia”, conclui
Alban.
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