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Inflação em queda permite ao Banco Central cortar Selic em 0,75 ponto percentual, afirma presidente da CNI
Ricardo Alban reitera que o atual nível da taxa de juros ainda é muito alto e precisa ser reduzido mais rapidamente, pois prejudica as empresas e derrubou os investimentos em 2023
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Ricardo Alban, afirma ser fundamental acelerar o ritmo de queda da taxa básica
de juros, a Selic, para no mínimo 0,75 ponto percentual, na reunião do Comitê
de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que encerra amanhã, 20 de
março. Para Alban, ampliar a redução da Selic é compatível com o atual cenário
de inflação sob controle e essencial para reduzir os custos de financiamento
para as empresas e para incentivar novos investimentos. A CNI avalia que a
inflação de fevereiro superou as expectativas devido a motivações pontuais, refletindo
a atividade escolar.
“Depois de o governo federal e a sociedade brasileira
empreenderem esforços para acelerar o crescimento econômico com o retorno da
política industrial, com base no programa Nova Indústria Brasil, o Banco
Central precisa juntar esforços dando sua contribuição. A situação da inflação
no Brasil já permite, há algum tempo, a redução mais relevante dos juros reais”,
explica o presidente da CNI.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu
de 5,6%, em fevereiro de 2023, para 4,5% em fevereiro de 2024, no acumulado de
12 meses, e está dentro do limite superior da meta de inflação para 2024
(4,5%). Os núcleos de inflação – que excluem preços sujeitos a choques
temporários – mostram um quadro mais positivo. No acumulado em 12 meses, até
fevereiro de 2024, a média de cinco núcleos de inflação foi de 3,88%, nível
significativamente abaixo do limite superior da meta de inflação para 2024.
Além da desaceleração da inflação corrente, as expectativas
também são positivas. Segundo o relatório Focus, do Banco Central, as
expectativas apontam inflação de 3,77%, no final de 2024, e de 3,5% no final de
2025. Em janeiro deste ano, as expectativas para 2024 eram de 3,9%. Na
avaliação da CNI, as expectativas estão em queda e sinalizam novamente para o
cumprimento da meta de inflação, mas em condição ainda melhor do que o
observado em 2023, pois, além de respeitar o limite superior, deve haver aproximação
do centro da meta, de 3%. “Adiar a aceleração no ritmo de queda da Selic certamente
penalizaria ainda mais a atividade econômica no Brasil”, defende Alban.
Taxas de juros reais elevadas têm provocado danos à
economia brasileira
Para a CNI, as taxas de juros reais elevadas provocam danos
à economia brasileira, principalmente para setor industrial, que possui cadeias
longas, gerando grande cumulatividade de juros na composição do preço final do
produto.
Mesmo com as cinco reduções da taxa Selic realizadas desde
agosto de 2023, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação
– ainda está em 7,2% ao ano, o que representam 2,7 pontos percentuais acima da
taxa de juros neutra, aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica.
A taxa de juros real se reflete no mercado de crédito, com
aumento no nível de inadimplência e redução nas concessões. A inadimplência da
carteira de crédito com recursos livres às empresas, que era 2,2% em janeiro de
2023, subiu para 3,4% em janeiro de 2024. Além disso, as concessões de crédito
com recursos livres às empresas recuaram 5,5%, em termos reais, no acumulado
dos últimos 12 meses até janeiro de 2024 em relação ao acumulado dos 12 meses
imediatamente anteriores.
“As condições adversas no mercado de crédito limitam o
consumo e afastam o investimento, punindo a atividade econômica do país. Não à
toa, o PIB ficou estagnado nos dois últimos trimestres de 2023, e o
investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), elemento essencial para o crescimento
econômico sustentável, recuou 3% na comparação de 2023 com 2022”, avalia o
presidente da CNI.
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