Levantamento feito pela CNI mostra impactos do tarifaço sobre economia brasileira e global
Para CNI, não há fato econômico que justifique tarifas de 50 por cento e é preciso preservar relação comercial com os EUA
Confederação
Nacional da Indústria defende intensificar negociação diante de tarifas de 50%
impostas pelos Estados Unidos ao Brasil
A imposição de 50% de tarifas sobre o produto brasileiro por parte dos Estados Unidos foi recebida com preocupação e surpresa pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para a instituição, a prioridade deve ser intensificar a negociação com o governo de Donald Trump para preservar a relação comercial histórica e complementar entre os países.
“Não existe qualquer fato
econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o
Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a
nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma
quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o
setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo
para reverter essa decisão”, avalia Ricardo Alban, presidente da CNI.
Brasil e Estados Unidos
sustentam uma relação econômica robusta, estratégica e mutuamente benéfica
alicerçada em 200 anos de parceria. Os EUA são o 3° principal parceiro
comercial do Brasil e o principal destino das exportações da indústria de
transformação brasileira. O aumento da tarifa para 50% terá impacto
significativo na competitividade de cerca de 10 mil empresas que exportam para
os Estados Unidos.
Resultados preliminares de
consulta realizada pela CNI indicaram que um terço das empresas respondentes
que exportam bens e/ou serviços aos EUA tiveram impactos negativos nos seus
negócios. O levantamento foi realizado nos meses de junho e julho, ainda no
contexto da tarifa básica de 10% e demais medidas comerciais setoriais.
A CNI reforça a importância de
intensificar uma comunicação construtiva e contínua entre os dois governos.
“Sempre defendemos o diálogo como o caminho mais eficaz para resolver
divergências e buscar soluções que favoreçam ambos os países. É por meio da
cooperação que construiremos uma relação comercial mais equilibrada,
complementar e benéfica entre o Brasil e os Estados Unidos” destaca Ricardo
Alban.
Ao contrário da afirmação do
governo dos Estados Unidos, o país norte-americano mantém superávit com o
Brasil há mais de 15 anos. Somente na última década, o superávit
norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. Incluindo o
comércio de serviços, o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões. Entre as
principais economias do mundo, o Brasil é um dos poucos países com superávit a
favor dos EUA.
A CNI aponta que a entrada de
produtos norte-americanos no Brasil estava sujeita a uma tarifa real de
importação de 2,7% em 2023, o que diverge da declaração da Casa Branca. A
tarifa efetiva aplicada pelo Brasil aos Estados Unidos foi quatro vezes menor
do que a tarifa nominal de 11,2% assumida no âmbito da Organização Mundial do
Comércio (OMC).
A tarifa afeta a economia
americana. O relacionamento bilateral é marcado por complementariedade, isto é,
o comércio bilateral é composto por fluxos intensos de insumos produtivos. Na
última década, esses bens representaram, em média, 61,4% das exportações e
56,5% das importações brasileiras.
A forte integração econômica
entre os dois países é evidenciada pelas 3.662 empresas americanas com
investimentos no Brasil e pelas 2.962 empresas brasileiras com presença nos
Estados Unidos. Os Estados Unidos foram o principal destino dos anúncios de
investimentos greenfield brasileiro no mundo entre 2013 e 2023, concentrando
142 projetos de implantação produtiva.
As exportações brasileiras
para os EUA têm grande relevância para a economia nacional. Em 2024, a cada R$
1 bilhão exportado ao mercado americano foram criados 24,3 mil empregos, R$
531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil.
Portanto, o aumento da tarifa de importação americana para 50% impacta
diretamente a economia brasileira e abala a cooperação com os EUA.
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