Menos juros, mais crescimento, defende CNI
CNI apresenta Agenda Legislativa 2022 com reforma tributária como prioridade
PEC 110/2019 está entre os 12 projetos mais urgentes da indústria em discussão no Congresso Nacional. Documento será entregue nesta terça-feira (29) aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresenta nesta
terça-feira (29), em Brasília, a edição de 2022 da Agenda Legislativa da Indústria. Foram
selecionadas 151 propostas para compor o documento pela sua importância para a
melhoria do ambiente de negócios do país e retomada do crescimento econômico.
Neste conjunto, 12 compõem a Pauta Mínima, que representam as proposições em
discussão no Congresso Nacional com maior impacto para o setor produtivo, com
destaque para a Reforma Tributária.
Definida
por 529 representantes de 118 entidades empresariais do país, a Agenda Legislativa 2022
coloca a PEC 110/2019 como principal prioridade do ano. O sistema tributário
brasileiro, complexo e burocrático, é o principal limitador da competitividade
das empresas e decisivo para o Brasil voltar a crescer. Na avaliação da CNI, a
proposta moderniza e simplifica a tributação sobre consumo, coloca fim às
distorções do atual modelo e promove a desoneração das exportações e dos
investimentos. Os aperfeiçoamentos recentes no texto, para a instituição, deram
mais segurança às empresas e aos governos estaduais, ampliando a base de apoio
à matéria.
A
expectativa é que o tema vá a Plenário ainda no primeiro semestre deste ano. “A
aprovação da PEC 110 é fundamental para acelerar o ritmo de crescimento da
economia brasileira. Não podemos mais manter um sistema tributário que inibe a
produção de todos os setores econômicos e dificulta a geração de emprego e de
renda para os brasileiros. A reforma tributária é importante demais para ser
adiada em nome de segmentos que quere manter os privilégios ou conquistas novas
vantagens sobre os concorrentes”, destaca o presidente da CNI, Robson Braga de
Andrade.
A Pauta
Mínima da indústria
Entre as 12
propostas prioritárias que compõe a Pauta Mínima da Agenda Legislativa, a reabertura do Programa
Especial de Regularização Tributária (PERT), que visa a regularização fiscal
das empresas, é a principal pauta remanescente do impacto econômica da crise
sanitária. Apesar do recuo nos números da pandemia de Covid-19, as empresas
ainda sofrem o seu impacto financeiro. “É fundamental para que as empresas
afetadas pelos efeitos da pandemia se mantenham em dia com suas obrigações
fiscais”, pontua Andrade.
Na área de
infraestrutura, a Modernização do Setor Elétrico (PL 414/2021), voltada à
expansão do mercado livre de energia elétrica e reestruturação da concessão de
subsídios, traz mudanças relevantes sobre um dos principais insumos da
indústria brasileira e cuja disponibilidade e custo são determinantes para a
competitividade do produto nacional.
O setor
consome 35% do total de energia produzido no país e, quando comparado com
países como França, Canadá, México e Estados Unidos, o Brasil possui uma das
tarifas mais caras de energia elétrica.
Mercado
doméstico de carbono
Com foco no
desenvolvimento sustentável, a CNI alerta para a importância da Regulamentação
do Mercado de Carbono (PL 528/2021), que prevê a integração do mercado regulado
e o voluntário de emissões e reduções de carbono, o que permite a integração
econômica internacional e investimentos em tecnologia e conservação importantes
para o país cumprir seus compromissos internacionais com vistas à economia de
baixo carbono.
Para o
presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, com uma legislação adequada, esse
setor vai estimular o desenvolvimento de tecnologias verdes e a conservação do
meio ambiente. Estudo do Banco Mundial State
and Trends of Carbon Pricing 2021 apontou que a precificação de
carbono aumentou a produtividade e inovação em países desenvolvidos.
Outro
projeto prioritário é o que trata das Debêntures de Infraestrutura (PL
2646/2020). Segundo a CNI, a proposta incentiva maior participação dos
investidores em projetos nesta área e oferece solução objetiva para combater os
problemas estruturais da carência de investimento no setor, agravados pela
pandemia.
Avanços em
2021
Esta é a
27º edição da Agenda,
consolidada como uma ferramenta eficaz e transparente de defesa de interesses
do setor industrial brasileiro. Um total de 15 proposições priorizadas pela
indústria ano passado tiveram sua tramitação concluída e foram convertidas em
lei, como a nova Lei do Gás, a renegociação das dívidas dos Fundos
Constitucionais de Financiamento, o Marco Legal das Startups, a BR do Mar, o
Marco Legal das Ferrovias e o Marco Legal da Geração Distribuída, que muda as
regras para a geração própria de energia elétrica. Outros importantes temas
avançaram em tramitação, por exemplo, o Mercado de Crédito de Carbono e o
Licenciamento Ambiental.
“A Agenda
Legislativa da Indústria é resultado do debate amplo e permanente dos diversos
segmentos industriais, de todas as regiões do país, em torno das proposições
legislativas que têm forte impacto sobre as empresas e a economia nacional”,
reforça Robson Braga de Andrade.
As 12
propostas prioritárias da Agenda Legislativa da Indústria 2022
REFORMA TRIBUTÁRIA
PEC 110/2019, do Senador Davi Alcolumbre (União/AP)
Proposta para a modernização e simplificação da tributação sobre o
consumo no Brasil. Fundamental para promover a competitividade das empresas e
atrair investimento.
PROGRAMA ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO TRIBUTÁRIA (PERT)
PL 4728/2020, do senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG)
Prevê o parcelamento especial de dívidas com a União com base na
redução de faturamento da empresa na pandemia. Importante para a manutenção de
empregos e retomada econômica.
TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS (TBU)
PL 2502/2021, da Senadora Kátia Abreu (PP/TO)
Modifica o regime de tributação de lucros das multinacionais
brasileiras. As regras atuais oneram as operações das empresas que atuam fora
do país e reduzem a sua competitividade.
PRORROGAÇÃO DE INCENTIVOS DE IRPJ E REINVESTIMENTO NAS ÁREAS DA
SUDAM E SUDENE
PL 4416/2021, do Deputado Júlio Cesar (PSD/PI)
Amplia de 2023 para 2028 o prazo para aprovação de projetos
beneficiários de incentivos fiscais nas áreas das superintendências da Amazônia
e do Nordeste favorecendo o desenvolvimento regional.
MODERNIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO
PL 414/2021, do Senador Cássio Cunha Lima (PSDB/PB)
Proposta de reestruturação do modelo de regulação do setor
elétrico para expansão do mercado livre de energia no Brasil. A disponibilidade
e o custo da energia são determinantes na competitividade da indústria.
DEBÊNTURES DE INFRAESTRUTURA
PL 2646/2020, do Deputado João Maia (PL/RN)
Cria as debêntures de infraestrutura para financiamento de
projetos na área ou de produção econômica intensiva em pesquisa,
desenvolvimento e inovação como forma de atrair investimentos.
REGULAMENTAÇÃO DO MERCADO DE CARBONO
PL 528/2021, do Deputado Marcelo Ramos (PSD/AM)
Regulamenta a compra e venda de créditos de carbono no país. O
modelo proposto está alinhado às boas práticas internacionais, fomenta um
mercado de redução das emissões e gera recursos para alavancar avanços
tecnológicos rumo a uma economia de baixo carbono.
ALTERAÇÕES AO MARCO LEGAL DAS STARTUPS
PLP 2/2022, do Senador Izalci Lucas (PSDB/DF)
Promove mudanças sobre o enquadramento das startups adequando as
regras vigentes aos diferentes modelos de negócios dessas empresas. Em
especial, amplia os instrumentos de fomento à inovação e regulamenta mecanismos
de incentivo à performance.
DESOBRIGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL PARA APOSENTADORIA ESPECIAL
QUANDO HOUVER REDUÇÃO DO GRAU DE EXPOSIÇÃO
PL 1363, do Senador Luis Carlos Heinze (PP/ES)
Dispensa o empregador de recolher a contribuição social adicional
quando são adotadas medidas que neutralizam ou reduzem o grau de exposição dos
trabalhadores à agentes nocivos a níveis legais de tolerância. A medida dá
maior segurança jurídica ao tema.
REGULAMENTAÇÃO DO “LIMBO PREVIDENCIÁRIO”
PL 3236/2020, do Deputado Lucio Mosquini (MDB/RO)
Permite que o empregador apresente recursos ao Conselho de
Recursos da Previdência Social e ação judicial contra decisões do INSS que
indefiram a concessão ou prorrogação do auxílio-doença a seus empregados.
PERMISSÃO PARA O TRABALHO MULTIFUNÇÃO
PL 5670/2019, do Deputado Glaustin Fokus (PSC/GO)
A proposta moderniza as relações de trabalho ao permitir que o
contrato individual de trabalho seja por especificidade ou predominância de
função, ou por multifuncionalidade.
MARCO LEGAL DO REEMPRENDEDORISMO – RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE MPES
PLP 33/2020, do Senador Angelo Coronel (PSD/BA)
Disciplina a renegociação extrajudicial e judicial simplificada e
a liquidação sumária dos bens do microempreendedor individual, da microempresa
e empresa de pequeno porte.
Confira
a Pauta Mínima da Agenda Legislativa da Indústria na íntegra.
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